Capítulo 3

2.3K 130 36
                                    

(Foto de Andrei Dorian acima)
------------------------****------------------------------

Seiji Matsuno.

Faz uma noite bonita e fria nas ruas de Yokohama, apesar de não gostar de usar ternos, me obriguei por ser uma reunião de negócios. Chegamos ao restaurante onde fora marcado o encontro.

Nara, perfeitamente vestida em um tecido fino preto com detalhe de furos que mostram sua pele fazendo um desenho, e um salto extremamente alto, com os longos cabelos lisos e soltos, está ao meu lado como a perfeita dama que ela é.

Em cima do horario marcado demos entrada no local, um restaurante fino e elegante do jeito que eu gosto.

Mandei meus homens se espalharem por todo o lugar, e dois deles permaneceram na entrada de olho em cada movimento estranho. Caminhei de mãos dadas com ela ao sair do carro, e educadamente a deixei entrar primeiro.

Dei o nome da reserva a recepcionista, e ela nos levou até uma mesa posicionada no canto perto da janela, onde um homem aparentemente de meia idade, porém vestido elegantemente estava sentado.

- Boa Noite. - Cumprimentei o cavalheiro que bebia um "Château d'Yquem 1811" cuja a garrafa custa 113 mil Dólares.

Ele se levantou ajeitando o paletó.

- É uma honra senhor Matsuno. - Ele respondeu em ingles, estendeu a mão para mim, que educadamente devolvi com um aperto firme. - E senhora? - Dirige-se a Nara.

- Nara Ichiro. - Ela estende a mão com suas unhas grandes, e o cavalheiro beija seu dorso.

- Muito prazer, me chamo Andrei Dorian, Sentem-se por favor. - Ele apontou para as cadeiras a sua frente.

Puxei uma para Nara, e me sentei ao seu lado. O garçon apareceu com duas taças, e nos serviu o vinho, que estava em um balde com gelo.

- Então senhor Andrei, qual o motivo do seu contato? - Encarei o homem a minha frente.

- Bem, como eu disse no telefone, quero contratar seus serviços, e pago muito bem. - O cara exalava auto-confiança.

- Desculpe, mas não sei do que o senhor está falando, deve ter me confundido com outra pessoa. - Dei um sorriso sem humor, e tomei um gole.

Ele afastou uma aba do paletó, pegou um pacote e colocou sobre a mesa.

- Tenho certeza de que você pode me ajudar. - Ele empurrou o pacote na minha direção.

Olhei dele para a embalagem a minha frente.

- Oh não se preocupe isso é apenas a metade do pagamento. - Sorriu de lado.

Ajeitei minha postura, coloquei os braços por cima da mesa e curvei o corpo para frente, me aproximando dele.

- Eu nem disse o valor. - Sussurrei discretamente. - Não sei o que o senhor sabe a meu respeito, mas não necessito de caridade, então se o senhor acha que pode vir aqui e me ofender desse jeito está muito enganado. - Cerrei o punho.

- Imagina. - Ele balançou o líquido dentro da taça. - Essa nunca foi a minha intenção, eu realmente necessito dos seus serviços, pago o que for. - O homem parecia confiante.

Olhei para Nara já sentindo-me irritado, ela me olhou, sorriu e alisou meu braço como quem diz me apoiar na decisão tomada.

- Então vamos aos detalhes, o preço vem depois, quero todos as informações, e se eu ver que está ao meu alcance, fechamos o acordo.

- Claro, o serviço é um assassinato. - Falou baixo. - Me indicaram você porquê me garantiram que é o melhor naquilo que faz, sou dono de uma enorme rede de risorts de luxo, espalhados em diversos paises, então o preço não será um problema.

- Hum, você é um cara confiante, gostei. - Elogiei balançando a cabeça. - E onde seria essa missão?

- Rio Grande do Sul, Brasil. - Levantei uma sobrancelha. - Tenho um sócio que só me causa prejuizos, e não posso simplesmente desfazer o contrato com ele ou sairei perdendo, você também tem seus negocios, deve saber do que estou falando. - Ele olha para Nara, e isso me irrita.

- Infelizmente eu sei como é. - Digo grosso, e ele entende a indireta e desvia o olhar de volta para mim. - Mas vemos alguns detalhes importantes sim? É Brasil, do outro lado do mundo, uma viagem mesmo com o meu jatinho, duraria mais de 36 horas, isso sem falar que é necessário um abastecimento na França.

- Olha só, alguem aqui era muito fã de geografia na época da escola. - Ele ri, e cerro a mandíbula.

Quem ele pensa que é?

- Não sou motivo de escárnio, e não tenho a minima paciência para essa palhaçada, não se esqueça que está no meu território, se quer atingir seu objetivo vai custar caro, e só pela sua audácia o preço acabou de subir. - Cerrei os olhos.

- Não tem problema, diga seu preço e vamos fechar um acordo. - Ele disse calmamente.

- Sendo assim, custará 30 milhões. - Ele sorri. - De Euros. - Esperei uma reação que não veio.

- Eu aceito, posso transferir para a sua conta. Então temos um acordo? - Ele levantou a sobrancelha em desafio. E estendeu a mão.

- Vou precisar de todas as informações sobre o indivíduo que irei executar.

- Não se preocupe, dentro de 2 dias lhe enviarei um dossiê via E-mail.

Saimos do restaurante. Apertei sua mão fechando o acordo. O homem se despediu e foi embora, em um Rolls-Royce Ghost branco.

Voltamos para casa, Nara queria a qualquer custo chamar minha atenção, mas o pensamento da viagem não permitia que eu me concentrasse em mais nada naquela hora.

Tentei dispensa-la sem ser grosso, odeio ver ela chorar, e apesar de algumas discussões fora do expediente, é muito raro nós dois brigar.

- Vou sair e fazer algo que distraia a minha mente, por favor tome um banho e vá dormir. - Falei assim que entrei na minha suíte.

- Como assim vai sair? - Falou indignada. - Pensei que quisesse companhia essa noite.

- Não precisa, não tenho hora para voltar, e Nara. - Ela me encarou com raiva. - Vá dormir no seu quarto, não quero ver você aqui quando eu chegar.

Nara apertou a mandíbula e ergueu a cabeça.

- Sim chefe. - Ela saiu emburrada, e fechou a porta.

Retirei meu terno azul escuro, vesti uma calça jeans, e uma jaqueta de couro. Fui a garagem e peguei meu Bugatti Divo preto, e sai nas ruas.

Seiji Matsuno. A Paixão Do Mafioso[1]Onde histórias criam vida. Descubra agora