Capítulo 44

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Seiji Matsuno.

Aisha vestiu uma calça jogger marrom claro, e um cropped com mangas e ombros caídos na cor preta, um Mizuno Wave Creation preto e branco nos pés, prendeu os cabelos em um rabo de cavalo alto e preparou uma mochila com algumas coisas.

A ideia é explorar a ilha até o por do sol que acontecerá daqui 3 horas, pois ela quer o assistir do lugar mais alto que encontrar-mos. Por sorte conheço esse lugar como a palma da minha mão, e sei exatamente onde leva-la.

Depois de um tempo andando por uma parte dos quase 300 quilometros quadrados da ilha, chegamos ao topo da montanha onde tinhamos a vista perfeita do céu.

- Qual a origem do seu nome? - Pergunto puxando assunto.

- Meu pai é descendente árabe, Aisha foi ele quem escolheu significa "Viva" - Sorri.

Peguei um tapete na mochila e o forrei na parte plana perto da beirada, a alguns passos atrás de nós haviam algumas arvores, o tempo abafado e uma brisa gostosa batia em nossos rostos, Aisha estava relaxada e eu tranquilo.

- Me conta mais sobre você.

- Bem minha vida não tem muitos detalhes, minha mãe morreu em um latrocínio quando eu tinha 17 anos, foi quando papai achou melhor me mandar estudar na Flórida.

- Deve ter sido difícil para você não é?

- No começo sim, eu não entendia o porquê de me afastar no momento qual eu mais precisava dele, mas descobri que ele também estava sofrendo, e não fez isso pela dor mas sim porque me queria segura.

Aisha tem firmeza nas palavras, e uma imensa tranquilidade na voz, algo que para mim é admirável.

- Cada um age de uma maneira. - Respondi em condolências.

- Eu sou a minha mãe inteira tanto na aparência quanto no jeito, provavelmente não era fácil para ele, no começo eu chorava por pensar que o fazia sofrer, mas não era nada disso. - Ela abaixa a cabeça, cruza as pernas e passa a alisar as unhas com a ponta do dedo. - Meu pai a amava tanto, ele largou seu país e a vida que tinha para se mudar para o Brasil com ela, esse sentimento triplicou quando nasci, mas quando mamãe se foi tudo o que restou nele foi medo de me perder também. - Ela se vira para mim. - Beatriz foi ela quem escolheu, e assim ficou "Aisha Beatriz".

E nesse momento me dou conta do grande erro que cometi, julgando Zayn apenas pelas informações que eu tinha, pensei completamente errado.

- Por ter sido rico a vida toda meu pai sempre foi exagerado, mas minha mãe não ligava para o dinheiro, ela viajava o mundo ajudando os mais necessitados, abrindo mão dela mesma para o bem dos outros, dormindo em condições péssimas e correndo altos riscos apenas para fazer o que amava, e uma vez quando perguntei o porquê, ela respondeu que só pelo sorriso sincero das crianças que a agradecia, qualquer risco valia a pena.

- Aisha nem sei o que dizer, sua mãe era uma heroína.

- Sim. - Ela sorri, e vejo uma lágrima solitaria escorrer pela sua bochecha. - Por isso ela era a cara metade do meu pai, eram totalmente o oposto um do outro. - Ela passa o dedão abaixo dos olhos. - Mas e você Matsuno, também quero saber de você.

Seu ar muda e o sorriso cresce nos seus lábios novamente, me fazendo sorrir.

- O que quer saber?

- Tudo. - Diz convicta. - Quero saber tudo de você. - Seu olhar brilhava em expectativa e ansiedade.

Nunca falei da minha vida a ninguém mas quero falar para ela, pois confiou em mim e abriu seu coração.

- Meu pai nunca escondeu minha história, fui abandonado na frente dos portões recém nascido, minha mãe era uma prostituta.

Seiji Matsuno. A Paixão Do Mafioso[1]Onde histórias criam vida. Descubra agora