25.

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DEAN

Não sei como me enfiei nessa situação, mas estou na sala de jantar junto com uma mulher bonitona — que ao observar as falas entre ela e David, deve ser no mínimo uma namorada — e Lizzie calada, não dá uma palavra. Quando a mulher faz algumas perguntas, ela responde com um falso sorriso e volta a mexer o garfo no prato. Ela sequer está tocando na comida, não colocou nada na boca. Bem que ela falou que era um péssimo momento, mas eu achei que ela estava mentindo e estava tentando me evitar de novo. Tentei falar com ela todos os dias nessa última semana, e ela inventava que tava estudando, ou ensaiando, sendo que ela sempre continuava falando comigo mesmo tendo um milhão de coisas para fazer. Vim aqui para isso, e não vou embora sem resolvermos isso, mesmo que eu tenha que enfrentar esse climão de jantar.

— Dean, quando é o seu próximo jogo? — Aaron me pergunta.

— Amanhã! Jogaremos fora de casa.

— Você pode ir se quiser, filho. Hoje você trabalhou demais hoje, então amanhã à noite você pode sair mais cedo e ir para o jogo com a Lizzie.

Olho para Lizzie, que permanece calada e olhando para o prato. Ela parece estar em qualquer lugar, menos aqui. Não sei se ela vai para o jogo amanhã, já que está toda estranha comigo. Só de pensar no jogo, minhas mãos começam a suar. Amanhã jogamos contra o nosso maior inimigo, e eu me sinto na obrigação de ganhar. Sempre dá alguma briga quando jogamos com eles, eles são muito imbecis e nos provocam para perdemos a consciência e sermos expulsos do jogo.

— Então você vai se apresentar na Broadway, Lizzie? Que legal! — a mulher novamente tenta fazer com que Lizzie entre em uma conversa com ela, o que me faz sentir pena porque Lizzie apenas afirma com a cabeça.

— Vou pegar a sobremesa. — David anuncia, mas antes de sair, Lizzie pergunta:

— Eu posso ir para o quarto? Estou cansada.

Aaron a encara com repreensão, mas ela não liga. David olha para mim, depois para Aaron e por fim para Samanta, que fez de tudo para tentar agradar Lizzie nesse jantar. Acredito que o problema não seja ela, Lizzie sempre disse que queria que David encontrasse uma pessoa que o ame, então não estou entendendo o comportamento dela. Será que é por minha causa?

— Não vai querer a sobremesa? É a sua preferida.

— Não, estou sem fome.

— Mas você nem tocou no jantar, Lizzie.

— Por favor, pai. — em seu olhar está claro que ela está suplicando para que ele a libere e ela volte a se trancar no quarto. David respira fundo e diz um "tudo bem" antes de ela se levantar, nos dar boa noite e praticamente correr para o quarto.

— Desculpe por isso, Samanta. Eu vou conversar com ela e...

— Não se preocupe, querido. É coisa de adolescente.

— Vou tentar falar com ela, com licença. — dou um sorriso para o casal e vou andando entre corredor até chegar na porta de Lizzie. Bato na porta duas vezes e, mais rápido do que eu imaginava, ela abre a porta já de pijama. Ela abre espaço para eu entrar e fecha porta.

— Você está bem?

— Estou. — ela começa a arrumar a cama, desesperadamente.

— Seu pai tá namorando?

— Sim. — ela continua sem olhar para mim e entretida em arrumar os lençóis. Me encosto na porta e cruzo os braços.

— Você pode conversar comigo direito?

— Você quer mesmo ter essa conversa agora? — ela finalmente me olha. — eu estou exausta!

— Sim, quero ter essa conversa agora porque eu não aguento mais ter você me evitando. Isso tá me irritando.

— Eu sou estou confusa, tá legal? Minha mente virou uma bagunça e o uma pessoa acabou de entrar na minha vida! — ela indica a mão para a porta. — Sabe-se lá o que eles dois escondem de mim! Uma vez é minha mãe, outra vez é uma madrastra. Eu estou cansada! — Lizzie se joga de costas na cama e eu me aproximo, sentando-me na ponta.

— Mas você tem que entender que a mulher não ter nada a ver com isso. Ela estava tentando se aproximar de você e você agiu como uma adolescente irritante e mesquinha. Você não é assim.

Ela suspira.

— Eu sei, mas estou tão cansada de tudo...

— E onde eu entro nessa história? Você pode me dizer o que eu fiz e por que você tá agindo dessa forma comigo?

— Eu já falei, estou confusa.

— Confusa com o quê?

— Com tudo.

— O que seria esse tudo?

— Por que você não vai embora e me deixa em paz? — ela se senta na cama, me encarando com fogo nos olhos. Ela acha que consegue me assustar, mas sei que quando ela está brava, demora poucos segundos até ela começar a chorar e pedir desculpa.

— Eu tenho direito de saber o porquê da minha melhor amiga estar sendo uma babaca comigo.

— Eu não estou sendo uma babaca.

— Ah, está sim. — me deito na cama e ela dá um tapa na minha perna quando coloco o pé em cima da cama com o sapato, então eu os tiro. — Isso é por causa do nosso beijo?

— Sim, é. — outro suspiro, e então eu pego a mão dela.

— Não foi nada, esquece isso.

— Eu não consigo esquecer. — ela me encara e eu vejo a preocupação em seus olhos azuis.

— Eu beijo tão bem assim, é? — dou um sorrisinho e ela revira os olhos, tirando a mão da minha.

— Você não se sente estranho também?

— Não, me sinto perfeitamente bem.

Beijar Lizzie foi uma coisa inesperada, mas tenho que admitir que gostei. É meio estranho, porque eu a sempre considerei uma irmã, e irmãos não beijam irmãs, a não ser que você seja um nojento e sua irmã também. Lizzie é muito linda e eu nunca tinha sentido um desejo tão grande por ela quando a beijei. Sempre vi ela como um bebê, e isso me deixou meio assustado e confuso por alguns minutos, mas não quero ficar longe dela.

— Foi uma coisa que já passou e está tudo bem, não quero que você me evite ou me afaste de você por isso. — volto a pegar a mão dela e ela franze os lábios. — Você vai no jogo amanhã?

Ela fica me olhando e depois olha para o teto, pensando no assunto. Não acredito que ela está pensando se vai me ver jogar! Ela deve estar bem confusa mesmo. Sacudo a mão dela para ela me dar uma resposta.

— Vou.

Dou um sorrisinho e a puxo para mim, a abraçando. Senti muita falta dela. Lizzie é um pedaço de mim que eu não consigo viver sem.

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