Sempre Foi Você.

61.

LIZZIE

       O meu trabalho de sociologia finalmente está feito. Pela manhã, consegui entrevistar Dean e também entrevistei Hero e Logan, o que já é o bastante para o que eu preciso. Terminei de organizar os slides ontem à noite e estou praticando um pouco mais no intervalo da minha aula de literatura para não travar na hora de falar. Eu espero tirar uma nota boa, falta pouco tempo para terminamos o ano e não quero reprovar nenhuma matéria. Nunca reprovei, mas sempre quando chega nas notas finais o meu coração acelera e eu fico sem fôlego de tanto nervosismo em saber se passei para o próximo ano ou não.

— Liz! — Logan me chama enquanto anda na minha direção, tentando passar pelo meio de pessoas no corredor. Quando chega em mim, ele me dá um breve beijo no rosto.

— O que foi?

— O aniversário do Dean é na próxima semana, e eu estava querendo fazer algo surpresa pra ele, já que ele disse que não quer festa e nem nada demais — ele sussurra, como se alguém no meio de tanta gente pudesse ouvir.

— Por que ele não quer festa?

— Não sei, ele só falou que não queria algo grande. Ele falou algo com você?

— Não, nada — franzo a testa e fico confusa, porque Dean ama festas e ama comemorar o aniversário dele. Eu nem tinha lembrado que já era na próxima semana, preciso pensa em algo para dar de presente...detesto escolher presentes, porque sempre fico com medo de a pessoa não gostar. Sei que é Dean, mas quero muito que ele fique feliz com o presente que eu der.

— Estou checando o nosso calendário e vamos ter um jogo no dia do aniversário dele, mas vai às 17h, às 19h já estamos liberados — ele fala, ainda sussurrando e olhando o celular.

— Por que diabos você está sussurrando?

— Porque aqui tem fofoqueiros que podem espalhar até chegar nele, e é capaz de quererem ser convidados para seja lá o que vamos fazer, o que não vai rolar.

Dou uma risada, porque ele parece estar guardando um segredo gigantesco que vale vida ou morte.

— Nós podemos chamar os pais dele, ele sente muita falta deles.

Logan aponta para mim e arregala um pouco os olhos, como se eu fosse um gênio que tivesse acabado de descobrir um país ou algo do tipo.

— Ótima ideia! Você fala combina com eles?

— É claro. — o professor de sociologia passa por mim e congelo. Chegou a hora mais temida do dia. — agora tenho que ir — enxugo as minhas mãos suadas de nervosismo na minha calça e me despeço de Logan, entrando na sala junto com o restante dos alunos que acompanham o professor.

. . .

    A minha apresentação foi ótima, mas não a melhor. Sinto que deveria ter feito mais, mas fiz o que eu pude fazer de melhor. Me dediquei muito no trabalho mas teve algumas pessoas que conseguiram se expressar e explicar sobre o assunto melhor do que eu. Respiro fundo quando chego em casa depois de ter ouvido alguns gritos da Susan. Nunca a vi tão nervosa, e ela estando nesse estado, acaba me deixando apavorada também. Está mais perto do que nunca para eu subir no grande palco da Broadway. O ano termina em apenas um mês e vinte dias, e não vejo a hora de volta a Nova York. Viajei pra lá quando tinha quatorze anos, e desde então me apaixonei pelo lugar. As ruas são movimentadas e quando conheci a tão famosa Times Square, me encantei completamente. Meu pai sabe sobre os meus planos e Aaron também, e fico feliz quando sei que tenho o apoio dos dois. Eles não gostam muito da distância e deixaram isso bem claro, mas não tentaram insistir para que eu ficasse aqui. Nova York é o meu lugar.

Solto os cabelos do coque preso que sempre faço quando vou ensaiar e as sapatilhas que apertam todos os meus dedos e os deixam machucados. Tem dias que não consigo sequer triscar os pés nos chão por dores nos dedos, eles ficam em carne viva a maioria das vezes, e como não descansam o suficiente das sapatilhas, as feridas acabam não cicatrizando completamente com as pomadas que eu passo. Mas faz parte. Se a consequência para se tornar uma bailarina conhecida é ter os dedos estragados e doloridos, consigo lidar com isso. Verifico se Aaron e o meu pai estão em casa, porque ontem eu tive que enfrentar uma situação tanto quanto constrangedora quando Aaron me viu em cima do balcão quase arrancando as roupas do Dean. Não quero que isso aconteça nunca mais. 

— Oi, amor — me abaixo para pegar Damon nos meus braços e lhe dou um beijo. Esse serzinho pequeno já tem todo o meu coração, eu não poderia ter tido um presente melhor na vida, e olha que não era nem o meu aniversário. Quero encontrar um presente especial tanto quanto esse para Dean, quero poder retribuí-lo da melhor forma. Coloco ração e troco a água para que ele possa comer. Pretendo levá-lo ao veterinário para saber se está tudo bem com ele, porque ele estava na rua. Aparentemente ele parece estar bem e saudável, mas vou me sentir melhor se passar em um médico e ele me disser que está tudo bem, só preciso de um pouco de tempo na minha correria do dia a dia. Meu pai adorou a ideia de Dean termos um gato, eu estava com receio de ele querer que eu o doasse para alguém, mas ainda bem que esse não foi o pensamento dele, porque eu não quero largar Damon nas mãos de ninguém. Aaron estava tentando me ajudar a decidir um nome, e quando a ideia mirabolante de Damon veio a minha mente, descartei todos os outros que estavam em mente. Decidir o nome de um gato não é tão fácil quanto parece.

Sigo para o meu quarto e Damon vem atrás, subindo e deitando na minha cama. Dou um sorriso para ele antes de pegar o meu celular e responder as mensagens que Dean me mandou para saber se como foi na minha apresentação. Eu não o vi quando fui embora, ele estava em aula. Com Dean em pensamento, eu pego um caderninho dentro da minha bolsa e me sento na cama, escrevendo no topo da folha: "Aniversário do Dean". Tenho um aniversário para organizar e um presente a se pensar. Quero que tudo seja perfeito e sei que só de ver os pais dele, Dean será a pessoa mais feliz do mundo, mas pretendo ir atrás de um presente ainda maior. Não sei se irei conseguir o que me veio em mente, mas pesquiso na internet um número específico para que eu possa tentar fazer dar certo.

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