Sempre Foi Você.

10.

LIZZIE

Depois de duas horas deitada na cama e me enchendo de doces com o Dean, estou na cozinha com o meu pai o ajudando a fazer o jantar. Enquanto meu pai prepara no risoto de quatro queijos, eu estou tirando as bolachas do pacote para fazer as camadas do pavê de chocolate com morango para a sobremesa. Aaron e Dean estão na sala, assistindo o jogo de futebol que está passando.

— Como foi o seu dia hoje? — pergunto ao meu pai, que suspira fundo.

— Cansativo, muito cansativo. E o seu?

— Decepcionante.

— O que aconteceu? — ele se vira para mim, franzindo a testa.

— Estou numa situação meio difícil no balé, posso não conseguir me apresentar no fim do ano por causa do Colen.

Meu pai já ouviu pelo menos trezentas reclamações sobre ele quando eu chego em casa. Ele diz que vai fazer alguma coisa, assim como Dean também quer fazer, mas a verdade é que não existe nada a se fazer. Ninguém vai convencer Colen. Ninguém pode obrigá-lo a nada. Ele vai fazer o que bem quiser e entender, e eu que sofra as consequências. Espero que Susan tenha colocado pelo menos um pouco de juízo e empatia por mim na cabeça dele.

— Aquele moleque de novo?

— Sim, aquele moleque de novo. — é a minha vez de suspirar. Termino de decorar a sobremesa e a levo até a geladeira.

— Você vai arranjar um novo par, tenho certeza disso. — ele diz enquanto mexe na panela no fogão.

— Só tenho a Justin, e ele é péssimo comigo. — grunho em frustração.

— Tenho certeza que Susan dará um jeito, ela não vai querer perder uma bailarina tão incrível como você. — ele sorri para mim e desliga o fogo. — O jantar está pronto.

Dou um sorrisinho triste em resposta à ele e pego os pratos e talheres, começando a organizar a mesa.

— Hummmm — Aaron se aproxima da mesa e se delicia com o cheiro. — Eu estou com tanta fome...

— Eu também. — Dean diz, sentando ao lado dele. Eu o encaro.

— Você sempre está com fome. — ele me dá um sorrisinho e começa a se servir.

— Tivemos até direito a sobremesa hoje. — meu pai fala.

— Sério? — Aaron me encara.

— Não vai se acostumando, foi só hoje. Precisava fazer alguma coisa para me distrair. — mexo o garfo no prato, sem vontade de comer. Pode ter sido por eu ter me enchido de doce ou por estar realmente preocupada com a apresentação. É quase inacreditável que isso esteja acontecendo à essa altura do campeonato.

— Eu já falei que posso quebrar a cara dele...

— Do Colen? Eu ajudo! — Aaron diz, animado.

— Ninguém vai quebrar a cara de ninguém. — digo, por fim.

Após a sobremesa — que eu comi uma colher e os três monstros devoraram o resto — eu entro no banheiro para tomar banho. Lavo o cabelo e me visto com o mesmo pijama que eu estava antes. Quando saio do quarto, levo um susto ao ver Dean sentado na minha cama mexendo no celular.

— Cadê o meu pai e o Aaron?

— Foram dormir. Eu já vou embora, tava só esperando você sair.

— Se você quiser dormir aqui...

— Não, eu ainda tenho que fazer o trabalho de filosofia que é para amanhã. — ele revira os olhos. — Já fez o seu?

— Desde a semana passada.

— É claro, a nerd Liz. — ele se levanta e agarro o braço dele, indo até a garagem. — Boa noite.

— Boa noite. — dou um sorrisinho. — Obrigada por ter vindo.

— Fica bem. — ele bate de leve o indicador no meu nariz e entra no carro.

Ali, naquela hora, vendo ele ir embora, eu me pego sorrindo igual uma boba pelo nosso dia de hoje. Nossos surtos com a série — por mais que eu já tenha visto um milhão de vezes —, as nossas brincadeiras e o quanto ele se dá bem com o meu pai e com o meu irmão. Sou muito grata por ter mais esse irmão na minha vida por mais de dez anos. Franzo a testa. De repente pareceu estranho chamá-lo assim. Sacudo a cabeça e fecho a garagem, depois indo diretamente para o meu quarto. Preciso dormir!

...

Tentei lutar contra o sono, mas não consegui e acabei dormindo na aula de filosofia. Eu e Dean fazemos essa aula juntos, e ele nem sequer ousou me acordar dessa vez quando eu quase bati nele quando me acordou da outra vez que dormi. Essa aula é uma chatice, sempre me faz dormir. Respeito quem gosta, mas, não estou nem um pouco interessada a saber o que os mortos pensam sobre o mundo, o universo, as pessoas ou qualquer outra coisa do tipo. Finalmente somos liberados e eu praticamente corro para fora da sala.

— Trouxe café! — vejo Logan entre o corredor na multidão, tentando chegar até mim e Dean, que acaba de se juntar ao meu lado.

— Eu estou mesmo precisando. — pego o copo da bandeja e Dean pega o outro.

— Bom, eu vou para casa e aproveitar o tempo que tenho antes de ir para o ensaio.

— Você não vai nem convidar a gente? — Logan me olha, boquiaberto. — Quando eu te conheci, você não era assim.

— Claro que vocês podem ir. — reviro os olhos e os dois ficam se entreolhando. — E aí, vão ou não? — digo, irritada.

— Que bicho te mordeu?

— Eu que vou morder você!

— Essa é a Lizzie que vocês conhecem? — Logan diz olhando ao redor, como se estivesse falando com todo mundo. Olho para ele com cara feia e ele faz o sinal da cruz.

— Vamos ficar por aqui mesmo, já já temos treino. — Dean olha para Logan. — Vou começar alguma coisa na cantina, não tomei café da manhã e só esse café com certeza não mata a minha fome.

— Existe algum dia em que ele não está com fome?

Deixando a pergunta do Logan no ar — porque todos já sabemos a resposta — e eu decido ir com eles para a cantina, sendo alvos de vários olhares. Essa é a parte ruim de ser um "famoso" na faculdade. As pessoas querem saber da sua vida, ficam em cima de você. Avistamos Hero sentado em uma das mesas com uma menina e, antes que eu dissesse para não irmos para lá, eles já estavam indo em direção à mesa, que fica mesmo no centro da cantina.

— Olá, Sarah. — Logan diz para a menina e se senta no banco que está vazio enquanto Dean vai para a fila comprar algo pra comer.

Dou um sorrisinho para ela e, quando Hero se vira para mim, eu desvio o olhar. Olhar para ele me faz perder as estribeiras. O olhar dele é tão...intenso. Uma hora você tá olhando e na outra outra quer fazer tudo o que ele mandar.

Entendo você, Liz. 🥵
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