28.

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LIZZIE

       Estou dentro do carro com o Dean, a caminho da casa dos pais dele, como em todos os anos no Dia das Mães desde que eu o conheci. Faz uma semana depois daquele beijo e depois já nos beijamos de novo e de novo. Tenho medo de onde isso pode parar ou de um de nós sair machucado dessa história, mas vou aproveitar enquanto está tudo bem. Finalmente depois de ficarmos trocando a música do carro direto, entramos em um acordo e estamos ouvindo Justin Bieber. Ele revira os olhos algumas vezes mas sabe a letra de todas as músicas que tocam. Depois de quase duas horas de viagem, finalmente paramos em frente à casa não tão grande mas muito acolhedora. A casa fica no interior, então não tem muita movimentação e é super tranquilo. Saímos do carro e quase no mesmo instante, Marta vem correndo até nós e Charles vem atrás, andando normalmente. Marta agarra o pescoço de Dean em um abraço de urso e eu vou até Charles abraçá-lo. Eles dois dois tão são maravilhosos, doces e gentis.

— Eu estava com tanta falta de vocês! — Marta deposita vários beijos no rosto de Dean e vem até mim quando saio do abraço com Charles. — Você está ainda mais linda do que a última vez!

— Feliz dia das Mães, Marta. — a chamo assim por pedido da própria. — Eu trouxe um presente.

Ela sai do abraço confortante que estava me dando e me olha.

— Você sabe que não precisava, né?

Ela sempre diz o mesmo, então dou um sorrisinho e vou até o porta-malas do carro, pegando uma sacola média e a entrego. Dean também pega o presente que trouxe e os olhos dela enchem de lágrimas. Charles a abraça de lado e a observa enquanto ela desembrulha o meu. Ela dá um gritinho quando vê a bolsa da Louis Vuitton e me abraça de novo.

— Meu Deus, Lizzie! Muito, muito, muito obrigada! Eu amei! — ela me dá um beijo na bochecha e eu rio da sua animação.

— Agora estou me sentindo humilhado. — Dean faz um biquinho e eu quase vou até ele beijá-lo, mas me contenho. Nem ele sabia o que eu tinha comprado. Eu tenho Marta como uma mãe, e eu adoraria dar esse tipo para a minha mãe. Minha mãe...meu coração dói de pensar no que ela fez e que nunca passarei um Dia das Mães com ela.

— Filho, eu te amo e você sabe, mas acho que nada vai superar essa bol...um vale compras em uma loja de roupas! — ela vai até Dean e o abraça de novo, igual fez comigo.

— Eu não sabia o que te dar, e também não sabia que Liz ia ter dar esse presentão, então...

— Eu te amo, filho. E tô muito feliz por você estar aqui depois de tanto tempo. — ela segura o rosto dele e meus olhos automaticamente enchem d'água.

— Bom, vamos beber chocolate quente! — Charles interrompe o clima choroso e vai até o porta-malas nos ajudar a tirar as nossas coisas. Passaremos o fim de semana aqui, então eu só trouxe uma bolsa e Dean também, mas mesmo assim Charles insiste em ajudar e leva a minha para dentro. Quando os dois vão entrando para dentro de casa e Dean e eu vamos andando atrás um pouco distantes, eu sussurro:

— Acho que ela gostou mais do meu, sinto muito. — provoco.

— Me lembre de não te trazer mais aqui, você quer roubar a minha mãe.

— Acho que já está tarde para isso, não acha?

Ele dá um tapinha na minha bunda e eu dou um grito de surpresa. Marta e Charles se viram no mesmo instante.

— O que aconteceu?

— Ela pisou em um galho. — Dean mente, olhando para o gramado e fingindo chutar o "galho".

— Se machucou?

— Não, está tudo bem. — dou um sorrisinho e quando eles se viram, levo a minha mão até a bunda de Dean e a aperto. É tão durinha...e maior que a minha. Ele dá um tapa na minha mão.

— Direitos iguais. — digo, dando uma piscadela.

Sentamos na mesa e somos servidos com o delicioso chocolate quente de Charles junto com chantilly. A lareira está ligada, deixando o ambiente gostoso e quentinho.

— Então, como estão David e Aaron? — Marta beberica o chocolate quente e me olha sob a borda da xícara.

— Meu pai está namorando e Aaron...está como sempre, eu acho.

Ela bate a xícara na mesa e dá um sorriso largo, com os olhos surpresos.

— Oh, isso é bom, não é?

— É, acho que sim...— digo, meio sem graça.

Samanta estava lá em casa quando eu estava arrumando as minhas coisas com Dean. Acho que ela pensou que faria alguma coisa especial para o Dia das Mães hoje junto com o meu pai, mas seja lá qual seja o plano deles, foi por água abaixo. Eu prefiro ficar aqui com Marta, Charles e Dean do que na minha casa com uma estranha. Parece que meu pai e Aaron também se tornaram estranhos para mim, sinceramente não sei mais o que esperar deles, a qualquer momento pode vim uma bomba nas minhas costas sem ter um aviso prévio.

— Mas e você filho, arranjou alguma namorada?

Quase cuspo o chocolate quente para fora, mas consigo disfarçar com uma tosse.

— Não, sabe que eu não quero uma namorada.

Engulo o embolo que se forma na minha garganta. Não sei se Dean está ficando com Megan ou outras pessoas e também não quero perguntar sobre por um simples motivo: não quero saber a resposta. Tenho medo de estragar a nossa amizade cobrando coisa onde não existe, e também estou com medo de me apegar demais nele nessa outra forma da nossa amizade.

— Um dia você tem que me dar netos!

Dean responde revirando os olhos e coloca mais chantilly em cima do chocolate quente. Conversamos sobre jogos, sobre o meu balé e sobre a vida antes de arrumarmos as coisas no quarto onde ficamos. Marta e Charles também estranhavam esse negócio de nós dormimos juntos, mas depois de um tempo, pararam de nos olhar com um olhar desconfiado. Visto o meu pijama e me deito na cama, cansada de ter ficado tanto tempo sentada dentro no carro. Dean tira a blusa e a calça. Eu fecho os olhos, fingindo que estou dormindo para não ficar olhando para o seu corpo sarado.

— Pode admirar à vontade, não precisa fingir que está dormindo.

Abro os olhos e dou de cara com ele dando um sorrisinho malicioso antes de se deitar na cama.

— Eu realmente estava quase dormindo.

— Assim tão rápido? Eu sei que você demora a pegar no sono.

— Eu estou cansada. — me viro de costas para ele e fico encarando a parede. Sinto um farfalhar nos lençóis e em seguida um braço forte passando por cima de mim, me abraçando. Ele não encosta o corpo no meu por completo, provavelmente por estar só de cueca.

— Boa noite, Liz.

— Boa noite, Dean. — respiro fundo e tento enviar para longe a minha preocupação sobre o que está acontecendo entre a gente.



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