Aproveitei a distração geral dos subordinados para derruba-los. Um simples chute na canela do mais próximo o fez cair no chão, derrubando sua faca no meu lado. Não lhe dei chances de pegar a lâmina de volta quando a agarrei e usei para cortar minhas amarras.
Bem no momento em que um tiro atravessou o corpo erguido do subordinado. Tive problemas em discernir o gosto de ferro na minha boca enquanto o homem caía para frente. Mas não tive tempo para entrar em choque enquanto um plano se formava em minha mente.
Escorreguei no sangue fresco quando tentei me levantar e correr na direção de Gatto. Minhas panturrilhas queimaram com o esforço recém aplicado, reclamando depois de horas na mesma posição inerte. Também não tiver tempo de pensar nisso, não com ele na minha frente.
Metade dos homens que o vigiavam estavam caídos, mas Leonardo Thompson continuava lutando no meio, destemido e inquieto. Seus olhos encontraram os meus bem no momento em que furei a garganta de um dos homens. O outro caiu com outro tiro.
Era perigoso, um tipo diferente de adrenalina, estar no meio daquela batalha. Era impossível discernir se o próximo tiro seria de uma aliado ou de um inimigo, se o próximo corpo a cair seria o seu ou o da pessoa que você está lutando. Mas não era momento para pensar naquilo. Não podia me permitir a ceder para o pânico crescente...
Ao invés disso, deslizei até meu tutor, tirando o que sobrou do pano na sua boca. O que quer que estivesse o impedindo de ouvir havia se perdido a muito tempo.
- Amélia! Amélia! - ele disse ofegante, encostando as mãos no meu rosto procurando por feridas. Contive mais uma onda de vómito, evitando estremecer com aquelas mãos ensanguentadas - Você esta bem? Ferida?
- Não! Não, Gatto eu to bem... - eu suspirei tirando suas mãos do meu rosto. Um nó se reformou em minha garganta quando vi o corte em sua barriga - Mas você não está!
Pensando rápido, eu tirei a minha blusa já ensanguentada e pressionei contra o ferimento aberto. Ignorei o fato de estar apenas de sutiã em meio ao caos. Teria tempo para pensar nisso quando Gatto e Vic estivessem sendo tratados.
As mãos tremulas do meu tutor se fecharam ao redor de meus punhos, não para que eu parasse de aplicar pressão, mas para que eu prestasse atenção.
- Amélia, me perdoa. Eu...
- Não fale! Você está gastando energia demais. - eu tentei impedir, mas ele sacudiu a cabeça, fechando a mão com um pouco mais de força para que eu voltasse a olhar para ele ao invés do ferimento.
- Eu falhei com você e falhei com Prata. - ele suspirou - Era pra eu te proteger, mas eu só te causei problemas e... - ele parou de falar, reconsiderando cada palavra. Como se tivesse acordado de um sonho febril, ele se virou pra mim e disse de forma mais autoritária - Eu consigo cuidar de mim mesmo.
Ele pegou minha blusa de minhas mãos e aplicou pressão em si mesmo, contendo um urro de dor no processo.
- Gatto, não! Você não está em condições e...
- Amélia vá! Você tem que ter certeza de que Vic e Matthew estão bem. - ele sorriu - Sabe, eu não sou o braço direito do líder por nada...
Eu hesitei por mais um segundo, observando a pálida face de meu tutor. Ele assentiu mais uma vez, me indicando para ir. Precisei de todo o meu autocontrole para levantar e me direcionar para o caos, onde minha melhor amiga deveria estar.
Minhas pernas e meus braços protestaram com cada simples movimento que eu fazia, dor mandando lampejos de agonia por todo meu corpo. Mas minha mente estava clara, objetiva.
- AMANDA! MATTHEW! VIC! - eu gritei, por cima de tiros e urros de morte. Sem resposta.
Comecei a abrir meu caminho, golpeando me esquivando de golpes, me espremendo por qualquer canto para uma ínfima chance de sobrevivência. Minha voz falhava a cada vez que berrava o nome da minha melhor amiga, minha tutora e de meu parceiro.
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A Verdadeira História de Uma Assassina
ActionEm uma realidade distante, onde você é livre para escolher o seu futuro, a jovem Amélia Stones entra na sua faculdade dos sonhos. Para a infelicidade da família, ela escolheu a carreira de assassina profissional. Com uma inteligência sem igual e uma...