Aliados

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Dizer que eu estava avoada no treino do dia seguinte seria eufemismo.

O tanto de vezes que Matthew sozinho me chamou atenção e perguntou se estava tudo bem compensava por todas as vezes que minha família sequer ligou para mim. O que indicava que eu estava mal.

A noite passada não serviu em nada para me descansar, além de termos ficado na reunião por pelo menos mais duas horas, com o líder da Yakuza me explicando termos, políticas e tudo que havia de mais teórico dentro de lidar com uma gangue. Quando saímos do restaurante, uma enxaqueca havia começado atrás dos meus olhos.

Lucas respondeu todas as perguntas que eu tinha no caminho para meu quarto de hotel, o que me forneceu bastante visão sobre o esquema interno de Bloody. Descobri que temos aliados em países como Germanóvia (antigamente dois países separados conhecidos como Alemanha e Áustria) e a União Pan-Cárpata (antigamente conhecida como Hungria, Romênia e Eslováquia).

Para meu choque, nossos maiores aliados eram a Yakuza, do Japão e os temidos Caipora, do Brasil. Essas gangues eram as descritas em livros de séculos atrás, ainda vivas e temidas. Sabia que éramos fortes, mas não o suficiente para andar lado a lado com essas pessoas.

- Amélia! - Matthew gritou, quando meu olhar permaneceu fixo no chão.

- Que foi? - retruquei, irritada que ele continuava me chamando atenção.

- Eu juro por Deus mulher, que bicho te mordeu hoje? - ele insistiu, um pouco de raiva na sua voz.

Rolei os olhos, não muito interessada em discutir com ele. Todos os meus pensamentos, e sono, me fizeram ficar bem atrás no treino de hoje, principalmente por ser apenas nós dois. Lucas teve que convocar uma reunião de emergência com a elite para falar o que foi descoberto, então apenas Matthew e eu estávamos na sala de treinamento.

- Não dormi direito... - respondi de qualquer jeito, antes de atirar outra faca no alvo, acertando na borda. Não era perfeito, mas era uma melhora.

Matthew bufou, sem acreditar em mim, mas pelo menos não voltou a falar. Ao invés disso, estava focado em estudar as partes da pistola que havia desmontado. Estávamos fazendo isso hoje, focando na teoria. Ou era para estarmos. Minha distração fez com que fosse impossível para mim sentar e decorar as partes da arma, muito menos entender suas funções.

- O que você acha que eles estão fazendo? - Matthew quebrou o silêncio, bem a tempo de uma faca minha bater contra o concreto e cair no chão com um tintilar, inofensiva.

- Não sei... - murmurei, meio verdade. Não sabia exatamente o que Lucas estava falando, só sabia o assunto.

- Não mesmo? - Matthew insistiu, erguendo uma sobrancelha apesar de não olhar para mim.

Me mantive em silêncio. Não queria mentir para ele, mas também não sabia se podia dizer o que havia acontecido.

- Tudo bem... - ele murmurou, com se ele compreendesse meu empasse.

- Desculpa... - não sabia ao certo por que estava me desculpando, não era da minha natureza pedir desculpas por nada. Mas pareceu certo.

Silêncio continuou, sendo quebrado apenas pelo tintilar das facas quando não encontravam o alvo ou algum som de aprovação de Matthew quando entendia algo. Era estranhamente reconfortante. A comodidade que encontramos no nosso próprio silêncio.

Existe algo de mágico em se sentir confortável na presença de outro, sem se sentir obrigado a reconhecer essa presença.

Não sabia quanto tempo tinha passado, ou que horas eram, mas finalmente o loiro resmungou. Olhei por cima do ombro, apenas para ver sua cara plantada na mesa, bem ao lado das peças.

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⏰ Última atualização: Feb 01 ⏰

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A Verdadeira História de Uma AssassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora