Quando Lucas disse que lutaríamos no dia seguinte, não achei que estivesse falando sério.
Hoje, os gêmeos finalmente voltaram e com o sangue nos olhos, determinados a triplicar nosso trabalho.
Mas diferente do dia anterior, Lucas e Gatto estavam no estande de tiro comigo, enquanto Chloe e Vic estavam no ringue com Matthew.
E sinceramente, ser a irmã mais nova do líder da gangue tem suas vantagens. Conforme eu escutava os gemidos de dor do loiro, mais convencida eu ficava de que as mulheres eram muito piores que meu irmão. E muito mais impetuosas.
Enquanto isso, Lucas e Leo explicavam cuidadosamente os mecanismos e jeitinhos com cada arma. Eles estavam me ensinando a desmontar e remontar armas a um nível preciso.
- Por que eu preciso aprender isso? - eu interrompi meu irmão quando ele estava explicando sobre o acionamento do gatilho de uma pistola.
Lucas apoiou a arma, me olhando com uma mistura de compreensão e desapontamento.
- Não me leve a mal Lu, isso é muito interessante! - e realmente era! Só não via o motivo por trás de uma assassina ter que aprender isso - Mas eu não vejo como isso vai me ajudar a atirar melhor!
Lucas suspirou, entendendo minha frustração. Ele parou por alguns segundos, contemplando uma ideia, antes de tirar sua arma da cintura. Era a primeira vez que via o revólver pessoal do grandioso Prata. O mesmo revólver que dizem ter tirado a vida de muitos.
Ele indicou Gatto com a cabeça e vi o melhor amigo do meu irmão fazer o mesmo, retirando um revólver parecido com o do meu irmão de dentro da jaqueta.
Só quando os dois trocaram de revólver, passando pela minha frente, que eu percebi que os revólveres não eram parecidos. Eles eram opostos. De propósito.
Não é possível que...
- Vocês tem revólveres combinando? - eu perguntei com um riso preso na garganta - Tipo um colar da amizade só que com armas?
Os dois começaram a rir comigo quando Lucas disse:
- É, più o meno lì...
- Acho bom você saber que foi a ideia do seu irmão! - Gatto zoou, tirando a culpa de seus ombros.
- É óbvio que foi... - eu suspirei uma risada, nem um pouco surpresa com isso.
Eu observei os dois se entreolhando, diversão e nostalgia brilhando em seus olhos, antes deles mostrarem os revólveres para mim, os estendendo pelo cabo para que eu pegasse.
Escolhi primeiro a arma na mão de Gatto, a arma do meu irmão.
Senti o conforto de uma arma muito usada assim que meus dedos se fecharam no cabo de couro branco desgastado. Era possível sentir o calor da mão de Lucas e o formato dos dedos dele se posicionando no cabo. Era quase como ver Lucas atirando com essa arma diariamente.
A segunda coisa que percebi foi o modelo. Podia até se parecer com um modelo normal de uma .38 pra qualquer um, talvez um pouco mais estilizada ou acabada, mas eu percebi que aquela era diferente.
Aquela arma tinha sido feita sob medida, especificamente para o meu irmão.
Não apenas pela madeira de cerejeira polida no cabo da arma, ocupando a região onde não afetaria o desconforto para uso a longo prazo. Nem sobre o couro tingido de branco que rodeava a base, agora levemente desgastado pelo uso contínuo, mas ainda assim em ótimo estado. A pequena gravura em dourado na base inferior direita do couro também não tinha me passado despercebida.
Também não era o fato do tambor ter espaço para seis balas ao invés das convencionais cinco, nem do cano da arma ser milímetros mais longo do que deveria. Muito menos pelo material do qual o cano e o corpo da arma eram feitas ser de algo parecido com aço inoxidável misturado com algum tipo de titânio, muito resistente a temperaturas extremas apesar de ter arranhões por todo seu cano.
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A Verdadeira História de Uma Assassina
AksiEm uma realidade distante, onde você é livre para escolher o seu futuro, a jovem Amélia Stones entra na sua faculdade dos sonhos. Para a infelicidade da família, ela escolheu a carreira de assassina profissional. Com uma inteligência sem igual e uma...