Escuro.
O breu do desespero que me consumia vagarosamente, enquanto eu remoía cada vírgula e pausa de tudo que aconteceu nas últimas 24 horas.
Eu me sentia uma criança de castigo: impotente e assustada.
Fazia tempo que não me sentia tão insignificante e prepotente. A respiração ofegante e molhada de Gatto me lembrava constantemente disso.
Além disso, apenas alguns passos ressoavam pelo salão. Conversas em cochichos dos guardas se comunicando e coisas do tipo.
Nada mais. Apenas o gotejar de sangue ao meu lado. E o pânico crescente nas minhas veias.
Quanto tempo estávamos lá? Quanto tempo ainda tínhamos?
O barulho da porta abrindo com força e de passos apressados me chamaram a tenção e me deixaram ainda mais alerta. A pior parte é que os passos só ficavam mais perto de mim. Até o momento em que eu escutei os primeiros berros do nosso raptor... do meu lado.
- Sua cadela desgraçada - ele disse, pegando a raiz do meu cabelo e erguendo com tanta força que arrancou um grunhindo do fundo da minha garganta - Como você fez isso? Por que Prata não está vindo atrás de você?
Minha mente estava enevoada demais para eu conseguir dar nexo para o que ele falava. Para mim, não tinha sentido em Prata tentar me recuperar em primeiro lugar!
Mas eu sabia que eu tinha que tentar descobrir essa informação. Eu tinha que ganhar tempo o suficiente para bolar algo concreto. Mas o mesmo tempo, não podia demorar demais e perder um tempo precioso de tratamento para Gatto e Vic.
- O que você esperava!? - eu grunhi, tentando manter a voz mais controlada possível - Eu posso ser apenas uma estagiária, mas não sou estúpida a ponto de me jogar na toca dos lobos sem uma garantia.
Do que eu estava falando? Mínima ideia.
Mas o que quer que ele tenha entendido disso, o irritou bastante.
Ele ergueu meu cabelo mais uma vez antes de me jogar contra Gatto novamente, o cheiro e a sensação do sangue inundando as minhas roupas apenas me causou mais náusea.
- Verifiquem todas as saídas, todos os esconderijos e qualquer viela de ratos imundos! - o sequestrador berrou as ordens para o lado oposto, logo antes de se aproximar de mim novamente, causando uma revolta pela parte de Gatto - Nenhum dos meus porcos premiados vai sair daqui.
Com mais coragem do que eu realmente tinha, cuspi cegamente para o que eu assumi que era sua cara. E pelo taca que atravessou minha cara instantes depois, parece que eu acertei.
Eu conseguia escutar, por cima do zunindo do meu ouvido, os ruídos abafados da revolta de Gatto e Matthew, os únicos com a visão intacta. Podia jurar que Vic gritava alguma coisa também, mas não sabia ao certo.
- Sinta-se grata de que seu rostinho lindo ainda está inteiro - ele disse com a voz perigosamente brava - Aprenda a ser uma boa cadelinha antes que minha bondade acabe e eu arranque sua língua dessa boquinha linda.
Bile subiu à minha boca quando o dedão áspero do nosso misterioso raptor passou belo meu lábio inferior. Meu desejo era de vomitar na cara dele, mas eu tive que manter meu orgulho. Teria um momento para isso mais tarde.
Quando seus passos já não passavam de memórias assombradas naquela sala decadente, voltei respirar. Não sabia ao certo se ele ainda estava na sala ou se já havia saído, mas não conseguia manter a farsa por muito tempo.
Não sabia quanto tempo estava se passando enquanto contava as respirações de Leo contra as minhas costas. Não fazia ideia se era dia ou noite enquanto escutava gemidos de dor de Vic.
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A Verdadeira História de Uma Assassina
ActionEm uma realidade distante, onde você é livre para escolher o seu futuro, a jovem Amélia Stones entra na sua faculdade dos sonhos. Para a infelicidade da família, ela escolheu a carreira de assassina profissional. Com uma inteligência sem igual e uma...