Nós andávamos numa calma aterrorizante. Sabiamente amarraram as nossas mãos, mas deixaram nossos olhos e bocas livres.
Atrás de nós sete homens, bem dispostos e armados um pouco além do necessário, não paravam de olhar para nós. Gaviões observando as presas.
Na nossa frente, andando em uma calma calculista, estava nosso misterioso raptor. Um homem alto, musculoso, perto dos 30 anos, provavelmente ex-militar dada sua postura e modo de falar. Os cabelos castanhos e os olhos negros não diziam nada a mais.
Matthew e eu conseguíamos trocar apenas olhares, mas não era o suficiente para formular um plano, ou sequer saber o que estava acontecendo. Então, mesmo com meus instintos me mandando ficar de boca fechada, comecei a falar.
- O que vocês querem de nós?
Uma risada curta de alguns homens nos guiando, mas o líder apenas deu de ombros.
Ele não respondeu.Então tentei novamente.
- Por que estão tão obcecados com o Prata?
Matthew deve ter lido nos meus olhos até onde eu queria chegar, então começou também.
- O que você queria com os meus irmãos?
- Quem são vocês?
- Por que estamos aqui?
- Por que vocês querem a Amélia? - a pergunta de Matthew me desconcertou um pouco, mas não me abalou.
Mas isso fez o raptor finalmente olhar para trás. Nada, além de um brilho misterioso no olhar, comprovava que ele era realmente humano.
- Crianças não deviam falar desse jeito com adultos... - ele suspirou, passando uma mão na minha bochecha. Eu tentei morder sua mão, mas ele agarrou meu rosto com força - Se vocês prezam por suas línguas, sugiro que calem a boca. Logo vocês vão entender o que está acontecendo.
E ele continuou a andar, soltando meu rosto com impulso suficiente para me fazer cambalear para trás.
- Cretino - Matthew sussurrou, e eu vi o exato momento em que a face do nosso raptor passou de bronzeado para vermelho vivo. De raiva, percebi tarde demais.
Em um momento, o grande e bruto homem que estava a minha frente passou para trás de mim, segurando a garganta de Matthew com a parede adjacente. Tamanha era sua força que podia jurar que, se aplicasse um pouco mais contra o pescoço de meu parceiro, o mesmo se partiria.
- Diga o que quiser garoto! - rosnou o homem, a voz tão perigosamente baixa quanto a própria morte - Diga que sou um cretino, um merda, me questione até sua voz acabar e entre em um curto-circuito tentando fazer um plano que os permita escapar - a ultima foi direcionada a mim, com um olhar de ódio congelado - Pouco me importa o que os porcos fazem antes do abate...
Ele tomou impulso pelo pescoço de Matthew e seguiu seu rumo a frente do grupo, completamente ignorando o loiro que agora caia no chão e tossia, tentando respirar. Eu abafei um grito de alivio antes de correr até onde meu parceiro estava encostado.
Meu coração praticamente saltava para fora do meu corpo por várias questões. A primeira, e mais óbvia, era que aquele homem não tinha nada contra nos fazer implorar por nossas vidas e nos torturar, tanto física quanto psicologicamente.
A segunda, e também óbvia até demais, era que aqueles eram profissionais de verdade. Não estávamos dentro de um quadrinho ou de um filme de ação, onde os caras maus iam pegar leve. Eles iam usar todas as armas que tinha, independentemente se eram um jogo limpo ou sujo.
A terceira, e a que eu estava tentando desesperadamente lutar até agora, era o desespero da verdade. Nós éramos adolescentes, que nem sequer saíram do ensino médio. Na minha sala, no meu bairro, eu podia ser uma das melhores, mas aqui... eu não era nada além de uma peça no tabuleiro deles. Eu era descartável... ninguém.
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A Verdadeira História de Uma Assassina
AcciónEm uma realidade distante, onde você é livre para escolher o seu futuro, a jovem Amélia Stones entra na sua faculdade dos sonhos. Para a infelicidade da família, ela escolheu a carreira de assassina profissional. Com uma inteligência sem igual e uma...