Amélia
Minha respiração estava desregulada quando eu pulava de um telhado para o outro. Meu objetivo era simples e nada me faria parar até que eu chegasse nele.
A pequena, porém pesada, mochila nas minhas costas me atrasava um pouco. Eu conseguia me mover, com peso extra e dificuldade em alguns movimentos, mas ainda era rápida.
Minhas pernas reclamavam e ardiam com as viradas bruscas que eu dava entre uma viela e outra. Algumas pessoas me olhavam como se eu fosse uma louca, outra apenas me encaravam com interesse.
Eu tinha que ser a mais rápida. Era uma questão de sobreviver e me mostrar como a melhor. Não podia e nem ia perder.
Eu forçava a minha mente em focar apenas na rota que eu havia planejado. Era um pouco perigosa e complicada, mas era vazia e conseguia diminuir o meu tempo na metade.
A pior parte era tentar ignorar aquela sensação estranha. Eu podia jurar que, além dos olhos curiosos, havia alguém me observando 24/7.
Sem mencionar aquela cena ridícula que aconteceu entre mim e Matthew. Não que nessa manhã ele tenha parecido diferente de qualquer forma, apesar de ter aparecido com o lado direito do rosto vermelho. Talvez eu só estivesse pensando demais nisso...
Empurrei esses pensamentos para longe antes de pular para uma escadaria de um prédio 'abandonado'. Pelos meus estudos, e pelas informações que Gatto e Vic nos deram ontem, aquele prédio era dominado por gangues pequenas de rua.
Corri pelos corredores apodrecidos antes de descer mais um lance de escadas. Fui parar no terceiro andar, onde sai pela janela a procura da escadaria lateral do prédio. Com sucesso, eu cheguei a rua principal da fábrica.
Desviando de alguns mendigos e destroços, eu corri até o ponto de encontro: uma viela entre os prédios principais da antiga fábrica.
Pra nossa sorte, Bloody tinha domínio sobre aquela fábrica abandonada, mas não a usava para quase nada. Portanto, acharam sensato que aquela fosse nossa base de treinamento pelo mês. Eu não podia negar, era muito útil e espaçosa.
Finalmente, os cachos negros de Victória apareceram entre as paredes da viela. Ela reparou na minha chegada e abriu um sorriso, marcando meu horário no relógio.
- 24 minutos e 13 segundos... - ela disse, olhando para o cronometro - Você se saiu bem!
Um simples teste de agilidade e lógica. Gatto e Vic deram uma mala com papéis para os dois estagiários, com um simples objetivo: conseguir a melhor (mais rápida e segura) rota da estação de trem até a fábrica abandonada.
Caminhando, o tempo seria de uma hora entre os dois locais. Correndo, sem o adicional de peso, seria algo próximo de 40 minutos. Por isso, os dois integrantes de Bloody haviam nos dado esse prazo, apenas para nos testar.
Dobrada com as mãos no joelho, e tentando pegar o fôlego novamente, eu dei um sorriso fraco de agradecimento a ela. Eu deixei que a mochila caísse no chão, deixando minhas costa 10 vezes mais leves.
Antes que eu pudesse dizer ou fazer alguma coisa, uma lata gelada foi encostada no meu pescoço. Eu dei um gritinho de susto e desconforto, me virando para encontrar um Leonardo sorridente.
- Parabéns pirralha - ele disse, me entregando uma lata de coca gelada, enquanto bebia uma ele mesmo.
Dei um sorriso, tentando não parecer tão cansada quanto realmente estava, enquanto aceitava a bebida. Parecia que ele tinha lido a minha mente e visto que eu precisava de algo do tipo.
- Matthew ainda não chegou? - perguntou Gatto, passando por mim.
Tentei manter minha face o mais neitra possível ao escutar o nome, mas algo no meu interior ainda se agitou. Ignorei a sensação entornando outro gole de coca.
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A Verdadeira História de Uma Assassina
AksiyonEm uma realidade distante, onde você é livre para escolher o seu futuro, a jovem Amélia Stones entra na sua faculdade dos sonhos. Para a infelicidade da família, ela escolheu a carreira de assassina profissional. Com uma inteligência sem igual e uma...