Não sabia dizer se o que corria pelas minhas veias era terror ou adrenalina, mas eu era capaz de senti-lo passando pelo meu sangue.
As vezes eu esquecia que Lucas era coisa grande, mas mesmo assim isso era... demais. Bloody podia estar no topo da cadeia alimentar, mas nem de perto era tão antiga e perigosa quanto a Yakuza. Se Bloody tinha 500 anos de idade, eles tinham 5000, no mínimo.
Nós podíamos até reinar as outras gangues, mas eles são os anciões da mafia, líderes da discórdia e iniciadores da revolução desde o começo, eles eram basicamente deuses. E deuses reinam sobre reis.
E ainda assim, cá estávamos nós, sentados em uma mesa de um restaurante japonês qualquer, cara a cara. Lucas conversando com eles como se não fossem nada além de homens. Não conseguia evitar que minha mandíbula permanecesse aberta por alguns minutos.
Me sentia deslocada, como se estivesse em outro mundo enquanto meu irmão conversava com a maior e mais perigosa gangue que já existiu. Parecia que estava embaixo d' água, o som abafado de sua conversa não passava de um tremor baixo em meu sangue enquanto meu cérebro corria para acompanhar o que estava acontecendo.
Eu estava sentada em uma mesa com o chefe da Yakusa. EU! Uma mera estagiária! Uma ninguém que ganhou na loteria genética a ponto de ter um irmão que conhecesse a porra do chefe da Yakusa!
Não tinha certeza de que estava respirando.
- Amélia? - Lucas me chamou, pelo que parecia ser a terceira vez, e me tirou do transe.
Virei minha cabeça em sua direção com tanta rapidez que ouvi meu pescoço estalar.
- Sim? - perguntei, me sentindo uma criança tola. Lá se fora todo o meu esforço para tentar mascarar minhas emoções. Eu ainda tinha um longo caminho para ir...
- Você está um pouco pálida... Está tudo bem? - a mão de Lucas foi para minha bochecha, como se quisesse tirar minha temperatura.
Abri minha boca, pronta para dar uma desculpa, mas foi o Sr. Inagawa que respondeu por mim.
- Ora, ela apenas é uma criança, Prata! Você a colocou na frente de nós sem nenhuma explicação, espera mesmo que ela não tenha uma reação enquanto a isso?
Minhas bochechas queimaram ao ouvi-lo me chamar de criança. Eu tinha 17 anos, mas sabia que isso para ele era um recém-nascido. Principalmente com a minha pouca experiência no mundo das gangues...
Evitei o contato de Lucas, mesmo que sentisse seus olhos cravados em mim. Por fim, só o ouvi suspirar.
- Tem razão... Talvez tenha me empolgado demais e feito ela morder mais do que pode mastigar. - a voz de meu irmão era pensativa, com uma pontada de decepção que cortou fundo em mim - Vamos, Amélia. Eu te deixo no seu hotel e volto para cá.
Lucas começou a levantar, pedindo licença para os cavalheiros na mesa, mas meu cérebro não conseguia raciocinar.
Eu estava decepcionando Lucas. Ele havia criado expectativas sobre mim e eu as estava arruinando, junto com uma chance em um milhão em ter uma conversa de verdade e aprender mais sobre a minha possível futura profissão.
O peso de ter falhado com meu irmão mais velho cobriu minha cabeça com uma neblina que me impedia de pensar da maneira correta. Principalmente quando meu braço se moveu sozinho para segurar na jaqueta de couro de Lucas, que já estava na metade do caminho para se levantar.
- Não! - eu disse, alto o suficiente para que todos me olhassem com choque, mesmo que Inagawa tivesse um sorriso em seu rosto.
- Não? - Lucas repetiu, verdadeiramente confuso - Como assim "não"?
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A Verdadeira História de Uma Assassina
ActionEm uma realidade distante, onde você é livre para escolher o seu futuro, a jovem Amélia Stones entra na sua faculdade dos sonhos. Para a infelicidade da família, ela escolheu a carreira de assassina profissional. Com uma inteligência sem igual e uma...