Uma aula com o Prata

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A fabrica continuava do mesmo jeito de sempre, completamente inalterada. A única diferença era a fina camada de poeira que cobria os equipamentos pela falta de uso da última semana.

Lucas estava parado no meio da fábrica conversando com Chloe, sua jaqueta de couro simples combinando com a dela. Mas Gatto e Vic não estavam em qualquer lugar. 

Finalmente, Chloe nos percebeu andando até eles e abriu um sorriso caloroso. Lucas a seguiu, parando um pouco atrás dela e arrumando alguns anéis tortos de sua mão.

- Finalmente os dois chegaram! Por que demoraram tanto? - Chloe perguntou, colocando as mãos no quadril como uma mãe preocupada.

Matthew abriu um sorrisinho malicioso e, para o meu desespero, as feições de Lucas se tornaram sombrias. Quando o loiro começou a abrir a boca, eu o atropelei.

- Vocês que chegaram rápido demais! Estávamos numa velocidade normal...

Os olhos de Lucas passaram para mim e, por um brevíssimo segundo, eu o vi arquear a sobrancelha numa pergunta silenciosa. Cheguei até a ficar um pouco ofendida por meu irmão pensar numa coisa dessas, mas rapidamente voltou a ficar normal, seus olhos ainda sérios quando murmurou, para si mesmo:

- É bom que seja só isso mesmo...

Não contive o leve sorrisinho de meus lábios quando eu murmurei em seguida, mais para provoca-lo:

- Geloso...

Seus olhos me encontraram em uma mistura de choque, raiva e surpresa agradável, mas nenhum de nós disse nada. Matthew e Chloe, que já estavam perdidos em outra conversa, se viraram para nós no momento em que o loiro perguntou:

- Cadê meus irmãos?

Lucas voltou a ser o Prata com aquela pergunta, ajustando a postura para ficar mais alto e ereto e passando as mãos tatuadas pelas mechas prateadas. Achei que era só para assustar mais Matthew do que qualquer outra coisa, mas deixei passar.

- Os gêmeos tinham coisas para fazer, então hoje quem cuidará do treino de vocês será... noi... - seu sorrisinho foi macabro, o que só aumentou meus calafrios.

- Claro que, Amélia, você terá um treino mais leve já que ainda está em processo de recuperação. - emendou Chloe, já preocupada comigo - Você ainda tem uma semana até sua cicatriz ficar em ordem, portanto essa semana você vai trabalhar algo com pontaria, estratégias e etc... Já você, Matt - ela se voltou para meu parceiro, algo em seus olhos mostrava a mesma diversão sádica que os olhos do meu irmão - Vai fazer o contrário. Vai trabalhar o corpo e combate mano a mano durante essa semana! Tudo bem para vocês?

Nos entreolhamos, vendo se ambos estavam de acordo com o cronograma e, quando vi que não havia nenhum sinal de negação nos olhos de meus parceiro, virei novamente para Chloe e assenti, em sincronia com Matthew.

- Ótimo! - ela juntou as palmas e sorriu amplamente - Então eu acho que eu poderia começar com...

- A Amélia. - Lucas respondeu, mesmo não sendo uma pergunta, de forma séria e certeira - Eu começo com esse briccone aqui...

Ele se afastou um pouco, o semblante sério enquanto estralava as juntas dos dedos. Escutei Matthew engolir em seco enquanto acompanhava meu irmão para o ringue determinado pela fina camada de giz no chão.

Chloe deu uma risadinha enquanto eu só disse:

- Gostaria que deixasse meu parceiro vivo, Prata!

- Nessuna promessa sorella... - seu tom de voz era sério e uma ameaça invisível pairava no ar.

Não precisei de tradução para entender aquilo.

A Verdadeira História de Uma AssassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora