Tinham se passado 10 minutos desde que Matthew e eu fomos acolhidos.
Eu estava de calça, vacilando um pouco quando andava ou me mexia demais graças ao novo machucado que me daria uma cicatriz nova. Meu sutiã havia sido substituído por bandagens limpas depois que me arrumaram e alguém havia me cedido um agasalho para colocar nos ombros. Matthew estava sem camisa, mas também tinha uma série de bandagens ao redor do abdômen.
Nós dois já havíamos passado as localizações de Gatto e Vic e agora estávamos em pé na frente de uma planta do hospício, repassando as possibilidades e variáveis de cada ataque com Amanda.
Matthew finalmente falou quando eu fiz uma careta ao sentir meu ponto puxando na minha costela.
- Talvez você devesse se sentar, Amélia...
- Estou bem. - respondi seca, mesmo me sentindo bem longe da minha resposta.
Nem Amanda nem Matthew engoliram a minha mentira.
- Méli, você passou por muita coisa, devia estar descansando agora... - Amanda disse, antes de virar para Matthew e completar - Vocês dois deviam, na verdade.
Engoli em seco, tentando ignorar o calor e a dor de meu novo machucado. Tinha certeza de que ele estava sangrando de novo quando a minha visão se embaçou pela dor. Mas respirei fundo e olhei para minha melhor amiga.
Suas sobrancelhas estavam juntas em uma expressão de preocupação clara comigo. Seus olhos verdes estavam mais escuros graças ao estresse. Algumas gotas de suor se formavam em sua testa e caiam pelas suas sardas. Seu cabelo cor de fogo estava preso em um coque tão frouxo que parecia estar a ponto de desabar a qualquer segundo.
Eu sabia que era preciso uma palavra minha para que ela me deitasse em uma maca e ficasse do meu lado até eu estar melhor. Nós duas sabíamos, e ela só estava esperando essa única palavra. Mas eu não podia, não conseguia fazer isso.
Já havia perdido tempo demais chorando, sendo fraca. Eu não podia me deixar ser fraca agora, não quando meus mentores ainda estavam lá dentro.
- Eu só vou descansar quando Gatto estiver costurado na minha frente, Amanda. - não consegui deixar o tom rude de fora da minha voz conforme cortava nosso olhar. Eu não conseguia encara-la naquele momento.
Eu senti a sua vontade de insistir e me preparei para argumentar com ela. Mas para a minha surpresa, ela só suspirou e saiu da mesa.
Olhei para o caminho que ela percorreu, mas não me dei o luxo de ir atrás dela. Eu sabia que não a havia magoado.
- Amélia... - Matthew disse, se aproximando um pouco mais. Seu calor perto de mim era quase tão insuportável quanto o calor crescente na minha lateral - Eles vão ficar bem, mas nada vai adiantar se você estiver delirando de febre.
Odiei a queimação nos meus olhos quando virei para ele. Odiei aquela sensação de impotência que cresceu no meu peito quando encarei seus olhos. E odiei ainda mais o aperto em meu coração quando vi a dor e o cansaço presente neles.
- Eu não posso descansar, Matthew. - eu disse, odiando a leve quebrada que minha voz deu - Não até eu ter certeza de que eles estão bem. Essa é a nossa missão...
Ele abriu a boca para falar, mas Amanda chegou mais perto novamente. Só então tive consciência do quão perto estávamos. Me afastei, olhando de volta para a planta, e torcendo para que ninguém reparasse nas minhas bochechas coradas. Ou que se reparassem, achassem que era a febre.
Mas minha amiga não falou nada, nem mesmo deu um sorrisinho malicioso, quando estendeu as mãos para mim e Matthew e nos entregou uma garrafa de água e dois comprimidos para cada. Nós a encaramos, mas ela só deu de ombros e se voltou para a planta.
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A Verdadeira História de Uma Assassina
AksiEm uma realidade distante, onde você é livre para escolher o seu futuro, a jovem Amélia Stones entra na sua faculdade dos sonhos. Para a infelicidade da família, ela escolheu a carreira de assassina profissional. Com uma inteligência sem igual e uma...