Estágio: Parte 2

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Eu já estava no hotel quando Vic me mandou uma mensagem. Aparentemente no dia seguinte eu me encontraria com eles e o outro estagiário.

Aproveitei para desempacotar as minhas coisas e dar uma volta pela cidade. Ainda era cedo e meus nervos estavam a flor da pele. Eu não conseguiria dormir tão cedo...

Peguei duas facas, meu celular, dinheiro e a chave do quarto e desci. O doce secretário me alertou que ir sozinha e de noite pela cidade era perigoso, mas eu o ignorei seguindo o meu caminho.

Tentei evitar os becos escuros e úmidos, mas alguns tinham que ser atravessados. Passei na frente de uma loja de conveniência, aproveitando para comprar alguns lanches e doces.

Eu percebi que haviam muitas lojas de armas e defesa própria, mas não pareciam vender muita coisa. Cheguei a conclusão de que isso era reação do trabalho de pessoas como Vic...

Aos poucos, o sono e a fatiga foram tomando conta do meu corpo, me fazendo voltar para o hotel. Eu tinha a sensação de olhos me acompanhando, mas as ruas estavam praticamente vazias.

Ignorei a sensação e voltei pro quarto, onde eu me esforcei para ter pelo menos algumas horas de sono...

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Acordei com o despertador do meu celular. Ainda sonolenta, me dirigi ao banheiro, tomando um banho rápido e revigorante. Meu cabelo molhado pingava nos meus ombros, enquanto eu fazia uma xícara de café.

A cidade parecia acordar aos poucos; Carros passavam, pessoas conversavam e o sol já indicava que eram oito horas. Sequei um pouco mais o meu cabelo antes de me trocar. Uma simples blusa vinho, com uma jaqueta de couro preta e calças combinando. 

Preparei um mochila com carteira, facas, celular, lanches e uma troca de roupa. Acabei os meus afazeres, coloquei a minha bota preta e sai do meu quarto.

Sai me apressando pelas ruas da cidade. Memorizei os mapas da cidade na noite anterior. Não podia contar com um celular ou um mapa pra sempre... Então decorei tudo. Melhor previnir do que remediar!

Demorei dez minutos para encontrar o local de encontro. Eu não estava no horário, mas não parecia estar muito atrasada. A figura familiar de uma mulher alta me chamou atenção.

Os cabelos longos e cacheados de Vic caiam sob seus ombros nus. Ela usava um top de alcinha em azul marinho. Ela tinha uma legging preta e brilhante, com um salto-botinha preto. Pra finalizar ela tinha uma blusa branca amarrada na cintura.

Por outro lado, Gatto estava mais casual. Ele tinha um moletom cinza, calça jeans azul-claro e um all-star vermelho.

Ambos conversavam tranquilamente antes de me perceberem. Victótia abriu um sorriso carinhoso e se aproximou de mim. Ela me abraçou e beijou, me trazendo mais para perto de onde seu irmão estava.

- Bom dia Pirralha! - disse Gatto - Tudo tranquilo?

Ele tinha as mãos nos bolsos, mas estava fumando algo com um sorrisinho safado.

- Não chama ela assim! - disse Vic, dando um tapa no braço do irmão.

Ele se encolheu, rindo da raiva da gêmea.

- Ta tudo bem Vic! - eu disse com um sorriso - E eu to bem... E vocês?

Os dois disseram que estavam bem e continuaram a conversa, agora me incluindo na mesma. Só que eu não estava prestando muita atenção nela. Eu estava observando o beco onde estavamos, procurando rotas de fuga, esconderijos, locais suspeitos e etc.

Eu podia perceber que os gêmeos também não estavam muito focados na conversa. Seus olhos descansavam em mim, me vendo estudar o beco. Meu olhos eram rápidos e eu acumulava as informações com agilidade. Eu podia não estar no Sugar Rush, mas café também me deixava pilhada!

- Ele ta bem atrasado... - suspirou Gatto, se encostando na parede.

Ele... deve ser o outro estágiario. Como se o tivessemos invocado, uma figura masculina apareceu na entrada do beco.

Seus cabelos bagunçados e loiros brilhavam com os raios de sol. Seus olhos eram de um azul intenso e penetrante, me hipinotisando por alguns momentos. Rápidamente comecei a estuda-lo.

Sorrisinho preguiçoso... camisa preta desabotoada no topo... sem mochila ou coisa do tipo... agasalho em cima do ombro...

Sem dúvida, já sei o que ele é. Com essa cara e confiança é um Playboyzinho. Mas isso não significa que não seja bom... Seu forte é com certeza ataques corporais. Mas isso não quer dizer que ele não seja bom com outras coisas.

Pelo seu perfil, ele é muito forte e habilidoso. É possível indentificar algumas cicatrizes em seus braços, graças as suas mangas arregaçadas, o que significa que entra em brigas com frequência. O sangue saindo de seu lábio inchado apenas confirmou o motivo de seu atraso. Ele devia der mais ou menos a minha idade... mas parecia muito experiênte.

- Finalmente! - resmungou Vic- Você não sabe o que é pontualidade, garoto?

Ele abriu um sorrisinho maroto.

- Eu tive algumas... complicações no caminho! - ele respondeu com voz sarcástica, passando seu dedão em seu lábio inferior, limpando o sangue - Prometo que não vai se repetir!

Ele me olhou, interessado com a outra estágiaria. Depois de me olhar de cima a baixo, sem ter a decência de ao menos disfarçar, ele me abriu um sorriso malicioso.

Ri baixinho enquanto rolava os meus olhos. Eu sabia flertar se realmente quisesse, mas esse cara não parece merecer muito o meu tempo.

- Bom, pelo menos você está aqui! - disse Gatto, jogando o cigarro no chão e o apagando - Vamos para as apresentações.

Ainda com as mãos nos bolsos, o trarficante se desencostou da parede e se dirigiu para o meu lado. O garoto estava agora na minha frente, não tirava os olhos de mim. Decidi encara-lo de volta.

O meu ato pareceu atrair sua atenção, o intrigando. O nosso olhar intenso não foi quebrado, nem quando Gatto começou a falar. Era um olhar estranho, uma mistura de paquera com curiosidade.

- Ambos são novatos em Bloody, e vão ficar do nosso lado sempre, ok? - Gatto disse, colocando uma mão em meu ombro - Amélia, conheça Matthew. Matthew, essa é Amélia!

- Prazer... - murmurei com um sorrisinho no rosto.

Matthew apertou a mão que estendi, também sorrindo feito um gato.

- Acredite... - ele respondeu abrindo mais o sorriso - O prazer é todo meu!

A Verdadeira História de Uma AssassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora