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Felizmente os dias têm sido produtivos.

Entre o trabalho, a família e o meu namorado, sentia-me preenchida. De todas as formas. Não tinha tempo para me sentar e pensar em coisas desagradáveis e negativas.

Tornava-se cada vez mais fácil viver, mesmo sabendo que a minha mãe estava a passar pelo inferno naquela prisão.

Queria muito ir visita-la.

Dois meses tinham passado desde a última vez que conversávamos e a vi.

Tinha tantas saudades dela.

Por outro lado, a Constança perguntava cada vez mais por ela. Sentia-me tão mal por não lhe dar as respostas que tanto precisava.

Então, já há uns dias que pensava em voltar a Portugal e levar a pequena comigo. Estava mais que na altura para o reencontro, apesar de tudo o que poderá ver ou ouvir na cadeia. Tinha que o fazer, ambas precisavam.

Esperava ansiosamente que Ander chegasse ao parque, pois queria contar-lhe.

Esperei longos minutos, enquanto a criança se divertia e brincava pelos baloiços. Finamente, a silhueta do rapaz captou a minha atenção. Vi-o a aproximar-se sorridente.

Levantei-me então, recebendo um beijo na testa do rapaz. Cumprimentou a minha irmã, a mesma adorava estar com ele.

Depois, ambos nos sentamos no banco.

- Como correu o trabalho?

- Correu bem. Ander, tenho uma proposta para ti. Mais como um convite. Gostava mesmo que aceitasses. - Enrolei, nervosa. 

- Ok... Mas qual é o convite?

- Vem comigo a Portugal. Já não aguento ver a Constança a chamar pela nossa mãe. Acho que está na altura de a irmos visitar. E quero muito que venhas connosco. - Revelei por fim.

- Quando? Eileen, não sabia que querias ir ver a tua mãe. Porque não me disseste nada? - Ele olhava-me atento.

- Porque não tive tempo. Está tudo uma correria á minha volta e não queria desacelerar e pensar no que não devia. - Encolhi os ombros e expliquei-me. - Mas sinto que preciso de ir. E quero que estejas comigo.

Ele manteve-se em silêncio.

- Estou a pensar ir este fim de semana. Ela tem visitas ao Sábado, só dura uma hora e meia. Ela nem devia estar lá, quanto mais uma hora para ver as filhas. - Resmunguei.

- Eu sei amor, mas essa hora vai significar muito para ti e para a tua irmã. Nem imagino o que vai significar para a tua mãe.

- Vai castigar-me por levar a Constança.

- Onde vais levar a Constança? - A pequena estava a aproximar-se de nós. - O que se passa e porque estás triste? - Questionou-me, assim que parou á nossa frente.

O Ander apenas me lançou um olhar, fazendo-me querer que precisava de lhe contar o que se estava a falar naquele instante.

E de qualquer forma, tinha que a preparar para a viagem. Principalmente, para a visita.

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