cinco dias depois
EileenAs dores eram imensas.
Sentia a minha cabeça prestes a explodir e o meu estômago embrulhado. Toda eu suava, era como se estivesse a arder.
Apercebi-me que estava deitada, o que me levou á procura do interruptor do candeeiro na mesa de cabeceira, algo que não encontrei. Não reconhecia o lugar onde estava. Assim que abri bem os olhos e cai em mim, comecei a panicar, sentando-me num ápice.
Não era o meu quarto.
Olhei então para a mesa de cabeceira, encontrando então o interruptor do candeeiro, este na base do mesmo. Acendi a luz, olhando á volta daquele espaço desconhecido. Até que me apercebi que estava lá alguém.
Deitado no chão, com um edredão por baixo e uma manta a cobrir o seu corpo, Ander parecia começar a acordar.
Provavelmente com a luz.
Fiquei extremamente confusa. Encontrei as minhas roupas ao canto do quarto, percebendo que usava apenas uma camisola com a palavra VANS estampada a vermelho.
- O que aconteceu?
O Ander esfregou os olhos, sentando-se a olhar para mim. Pegou no seu telemóvel, talvez para saber que horas eram.
- Ander! O que estou aqui a fazer?
- Não te lembras?
Balancei a cabeça, negando.
- É melhor levar-te a casa. Avisaste o teu pai que ias a uma festa? - Franzi a festa, sem saber o que raio estava a dizer.
- Festa? Onde é que estou?
- Estamos na casa do Valério. Houve uma festa e tu vieste ter com a Ester.
- Não me lembro de nada! Nós...
- Se tivéssemos feito alguma coisa, não estava a dormir no chão. - Balançou a cabeça. - Fumaste e acho que te meteram alguma merda no copo, não estavas nada fixe, Eileen.
Fiquei sem palavras.
- Mas está tudo bem. Trouxe-te para aqui, acabaste por vomitar, choraste e dormiste. Não tens que te preocupar com nada.
- Que vergonha. Isto nunca me aconteceu. Nem sei o que dizer, sinto-me morta.
Voltei a descair o corpo.
Cobri os olhos com o braço, sentindo lágrimas nos meus olhos. Quando dei por mim, chorava mais uma vez. Por muito fortes que as dores de cabeça fossem e piorassem com o choro, sentia tudo confuso dentro de mim.
E odiava a sensação. Estava com os nervos á flor da pele e com a ansiedade a consumir-me cada vez mais.
- Eileen...
Senti o Ander na cama.
Deitou-se de barriga para baixo, pousando o braço na minha barriga. Sabia que olhava para mim, embora continuasse a cobrir a cara com o meu braço. Sentia-me envergonhada com o que tinha acontecido.
E que nem me lembrava. Era frustrante. Nunca me esqueci de uma festa, por mais álcool que o meu organismo tivesse.
- Está tudo bem.
- Não, não está. Nada está bem e eu não consigo simplesmente fingir. - Sequei os meus olhos com a palma das mãos. - Estou farta, não aguento mais este vazio.
Acabei por olhar para ele.
Que mantinha o olhar em mim. Os seus lábios húmidos e o meu reflexo nos seus olhos, deram comigo a pensar outras coisas.
Algo que não podia pensar, muito menos com o que acontecia á minha volta.
A forma como me olhava, tentava-me a perder a controlo e juízo que sempre tive. Sentia-me á prova, embora ninguém me estivesse a avaliar, só mesmo eu e a minha mente.
Acabei por lamber os lábios.
E por perder-me nos olhos dele, acabando por segurar a camisola dele e conhecer o caminho a encontro dos seus lábios.
Esses que me receberam e guiaram numa direção perigosa e extremamente prazerosa. As suas mãos puxaram-me para perto dele. Deixei de sentir o colchão nas minhas costas, sentindo apenas a minha barriga com a dele.
Passeei pelo seu cabelo ou falta dele, sentindo a picar-me ligeiramente por baixo dos dedos. Até os seus apertarem a minha pele da barriga. Foi o que me fez parar os beijos.
Sentada sob a sua anca, percebi o quão despida aos seus olhos estava.
E fiquei bastante tímida.
Ander desceu ambas as mãos para as minhas pernas dobradas, deslizando pelas mesmas. Os seus olhos presos em mim de novo.
- Eu... Desculpa...
- Não tens que pedir desculpa. Ontem tentaste beijar-me e eu não fui capaz de aceitar. Queria que tivesses bem consciente. - Sussurrou, o que me deixou ainda mais envergonhada. - Porque eu queria, queria muito beijar-te.
Lambeu os seus lábios, sentando-se também na cama, deixando-nos numa posição íntima. Não conseguia sequer falar.
Subiu as mãos pelas minhas costas, pousando-as no meu rosto por fim.
- Diz qualquer coisa.
- Estou muito confusa. - Acabei por deixar escapar um riso nervoso. - E com vergonha, só quero esconder-me.
- Porquê? Não fizeste nada que eu não quisesse fazer. - Encolheu os ombros.
- Está a acontecer muita coisa...
- Eu sei. Não te estou a cobrar nada. Só a dizer que não te deves sentir envergonhada ou mal e que eu também quis o beijo. - Assenti, vendo-o a aproximar-se de novo.
Apenas fechei os olhos.
(...)
What's going on with her?
VOCÊ ESTÁ LENDO
BALANCE ➛ ARON PIPER
Teen Fiction'O frio da tua alma, apagou a chama que há em nós'