Eileen
Segurava uma chávena com café e leite, presa á pouca memória que restava da noite anterior, o que me fazia viajar.
Viajar pelo mar gelado, pelo calor dos braços e dos beijos do Ander e pelas palavras carregadas de força e preocupação do mesmo. Foi digno de um Óscar, surreal. Como se estivesse a assistir a um filme de romance.
Porém, era a vida a passar por mim e eu a perdê-la tanto na prisão como num shot e num copo de álcool qualquer. Soltei um suspiro, não sabia carregado de quê.
Se de arrependimento, se de medo.
Pousei o corpo na mesa, segurando o telemóvel e abrindo as minhas redes sociais.
Acabei por idealizar uma fotografia.
.leerojas
A tua históriagood afternoon
👀 719Segurava uma ganza entre os dedos, enquanto olhava pela janela do quarto e terminava o café que começava a esfriar.
Sozinha em casa, não podia ser melhor. Sábado de manhã e casa apenas para mim.
Era o que realmente precisava.
Estava ser difícil lidar com a minha irmã, pelo simplesmente facto de não me sentir capaz de a animar e cativar. Nem conseguia ter uma longa e sabia conversa com ela.
Tudo o que queria era evitar. Estar sozinha. E não a queria fazer sofrer. Adorava-a, queria ser melhor para ela.
Apenas não estava a conseguir.
Sem pensar muito no assunto, ocorreu-me uma ideia e acabei por aplica-la.
E então, liguei-lhe.
- Estavas a dormir?
- Eileen, olá. Não, acordei cedo. Como estás a sentir-te hoje? - Parecia surpreendido por lhe estar a ligar.
- Estou bem. Queria pedir-te desculpa por ter estragado a tua noite ontem.
- Estás maluca? Está no top 3 das melhores noites que já passei. - A firmeza no que dizia, a certeza como falava, aqueceram-me. Senti uma pequena parte do vazio a ir embora.
- Deve ter sido a minha melhor.
Ouvi silêncio do outro lado.
- Obrigada.
- Não tens queria agradecer. Espero que não te esqueças do que disse ontem. Foi sentido. E foi verdadeiro.
- Eu sei que sim. E lembro-me bem de tudo o que disseste. Animaste-me o tempo todo. Foste a força que não encontrava dentro de mim. - As palavras fugiram da minha boca, deixando-me muito envergonhada.
- Repetimos hoje?
Podia jurar que o ouvia a sorrir do outro lado, por mais estranho que fosse.
- Repetimos hoje.
Repeti as suas palavras, desligando a chamada.
Porque não?
Pousei o telemóvel na secretaria, relembrando o meu primo. O Nano e o Samuel, que também deviam estar muito preocupados.
Senti um aperto do coração com os pequenos flashes de memória dentro da discoteca, altura que mais alterada estava. A preocupação e até o medo de me perder estampado nos olhos dele, enquanto pedia para parar.
elchicoguapo
Estou uma confusão
DesculpaDeitei-me na cama, fechando os olhos.
Senti o meu colchão a abanar de um momento para o outro, fazendo-me abrir os olhos com os batimentos acelerados.
Assustada, apenas ouvi as gargalhadas da minha irmã enquanto pulava na cama. Respirei de alívio, sentando-me lentamente na cama. Ao olhar para o relógio, reparei que eram cinco da tarde e que tinha adormecido.
Rapidamente começou a contar-me o seu dia com o meu pai, segurando dois sacos nas mãos e falando deles muito feliz. Eram brinquedos e o tio Santana comprou para ela.
Mostrei-lhe um sorriso.
Após longos minutos a ver o que havia comprado e como funcionavam os brinquedos, sai da cama e desci as escadas.
- Como estás?
- Melhor. - Murmurei, acreditando que tinha dado pela minha chegada atribulada. - Eu sei o que vais dizer. Desculpa. Não volta a acontecer, não te preocupes.
- Espero que não. - Murmurou baixo, visto que a Constança de juntou a nós. - E jantar? O que será que a princesa quer?
Brincou com a pequenina.
Segurei o rosto com a mão, observando-os tão distraídos e felizes um com o outro.
- Mana! Hoje escolhes tu o jantar!
- Hum... Apetece-me gulosices só! - Disse, encolhendo os ombros. - Que tal fazer a receita favorita de bifinhos com natas e puré? Quando não há ideias, é a melhor ideia.
- Tu és tonta! - Soltou uma gargalhada. - Quero bifinhos! Faz mana, faz!
O meu pai sorriu-me.
Enchi os pulmões de ar e a mim mesma de coragem, começando então a cozinhar. Ouvia-a bastante animada a correr pela casa.
Balancei a cabeça, sentindo o braço do meu pai nos meus ombros.
- Estou aqui para ti.
Beijou a minha testa, afastando-se.
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BALANCE ➛ ARON PIPER
Teen Fiction'O frio da tua alma, apagou a chama que há em nós'