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Eileen

A noite começou a esfriar.

Deixamos o miradouro e caminhamos ao longo da praia Poniente. Procurávamos algo que nos apetecesse jantar.

O relógio apontava as nove e meia da noite.

Os bares começavam a abrir. Os restaurantes estavam completamente cheios. Ficamos muito indecisos onde jantar, no entanto, acabamos na tão conhecida casa de hambúrgueres. Os donos já nos conheciam há muito tempo.

Assim que adentramos no espaço, a Dona Odete recebeu-nos com um sorriso enorme. Ao reconhecer-me então, até os olhos brilharam. A mesa foi-nos indicada.

O mesmo de costume.

A idosa com os seus sessenta anos, perguntou-nos o que desejávamos jantar. Após os pedidos, o marido veio cumprimentar-nos.

- Seja bem-aparecida, menina! - Sorri-lhe. - Já há anos que não te via!

- Há dois anos! A última vez que cá estive foi uma visita rápida. - Expliquei. - As visitas estão de volta e para ficar Sr. Foles.

Novamente numa troca de sorrisos.

- Fico contente que estejas cá para controlar os teus amigos! Bem precisam de juízo. - Brincou a dona Odete. - Ainda me lembro de vos ver na correria pelo cais a fora.

Balançou a cabeça, bastante nostálgica. Era tão bom ser recebida desta forma. O sentimento de família e carinho.

Preenchia um pouco do vazio dentro de mim.

- E de te ver a correr atrás deles. - Soltou uma risada. - Deram-te tantas dores de cabeça. Eras a única menina ali.

- Já viu bem, Dona Odete? O que uma pessoa é obrigada a aturar. - Brinquei.

A nossa refeição chegou entretanto.

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A tua história

Odete e Foles 🤍👀 1773

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Odete e Foles 🤍
👀 1773

Apaixonada pelo misto de sabores, partilhava boas memórias com os rapazes. Uma noite tão necessária para mim.

Após os últimos dias, presa numa angústia enorme, finalmente sentia-me bem. Relembrar os melhores momentos da minha vida. Foram, sem qualquer dúvida, ao lado deles.

Acho que era considerada uma maria-rapaz, por estar sempre com eles.

Não me arrependia.

Após o jantar e umas gargalhadas acompanhadas por cerveja e sangria, deixamos o restaurante e voltamos para a praia. Areia tão fina e fria, devido ao tempo. Apesar do vento, a noite continuava agradável.

Sentados na areia, os rapazes começaram a enrolar de novo. Observava-os atentamente. Já não tocava numa daquelas há dois anos. Fumei pela última vez, com eles.

- Queres, priminha

Balancei a cabeça, negando.

- Ouve lá, o teu pai comentou comigo que tinhas deixado de ser rebelde. E que te tornaste numa menina rica e com etiqueta.

Nano exclamou, fazendo-me gargalhar. Era um idiota. Cada conversa, uma asneira.

- Foram as circunstâncias.

- Largaste o bairro e tornaste-te uma beta de Cascais. - Nano e Chris quebraram em risadas, enquanto Samuel apenas balançava a cabeça e sorria com a situação.

Eles estavam loucos.

- Sim, sim! Enquanto vocês continuarem com a cabeça enfiada onde o sol não brilha.

- Lá se foi a etiqueta!

Ironizou o meu primo.

Revirei os olhos, embora animada com a conversa e com os comentários. Era um facto, a minha personalidade acabou por se adaptar ao ambiente de Cascais e que a escola me oferecia, tal como as pessoas de lá.

Tudo muito diferente do bairro. No entanto, era uma miúda de quinze anos, impressionada com a realidade e o luxo.

Principalmente pelo facto da minha mãe se juntar com um homem milionário e com muito poder nas mãos. Esse que não vive para contar a história, por se ter entregue ao álcool.

pai

Olá filha, como está a correr?

Está tudo bem!

Guardei o telemóvel.

- A Ester já está com uma crise existencial por te ter identificado no Instagram. - Olhei para o rapaz à minha frente.

- Ela pode ficar descansada, está aqui muita areia para ti, Samu. - Christian provocou mais uma vez, fazendo com que batesse no braço. - É mentira, priminha?

- Deixa de ser parvo. E tu Samuel, ela sabe que vinha ter com vocês hoje?

- Não! Mas sabe que és uma amiga de infância e prima do Christian. Já sabes como são.. Bem, como vocês, mulheres, são.

Balancei a cabeça.

- Tens que a conhecer. É parecida a uma beta de Cascais, também. - O mais velho falou. - No entanto, já se nota ali um pouco de bairro nas veias. - Brincou novamente.

- Sim, podemos combinar alguma coisa. - Eles olharam para mim. - Quando quiserem, já que vou estar presa a vocês de novo.

Encolhi os ombros.

Mostrei-lhes uma expressão de sacrifico, sendo atacada pelos três, com lembranças de infância e pelas minhas frases bêbedas.

- Sempre gostaste de nós, admite. Crescer com rapazes foi o melhor da tua vida.

- Sim, o que quiseres Nano.

Deitei-me na areia, encarando o céu estrelado.

A noite estava maravilhosa.

BALANCE ➛ ARON PIPER Onde histórias criam vida. Descubra agora