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Eileen

Encostada ao ombro do Ander, sentindo as gotas de água escorrer pelas minhas costas, os meus olhos fixavam o mar.

Segurava uma ganza entre os dedos, levando-a aos lábios. Precisava tanto de me sentir fora de mim, que puxava com maior frequência e até a garganta sentia a queimar.

Fechei os olhos, deixando-me levar facilmente pela tranquilidade que invadia o meu corpo. Os dedos do Ander passearam pela minha perna, o que tornava a sensação ainda melhor. Senti-me completamente relaxada.

Podia ouvir a voz do rapaz de fundo, mas não queria acordar. Perceber que não podia sentir-me assim para sempre.

Que era tudo um instante.

- Eileen, estás com frio? - Olhei para ele, esboçando um sorriso. Franziu a testa, perante a minha reação. - Isso está a bater bem. - Senti a sua mão no meu queixo.

Acabei por me inclinar e tomar os seus lábios num beijo. Pousei a mão na nuca dele, de modo a trazer-me mais para ele.

Enquanto segurava o objeto com substâncias ilícitas numa das mãos, pressionava outra nele, para que aquele beijo não terminasse. Para que a falta de contacto não me fizesse sentir falta e dessa forma, querê-lo ainda mais.

Porém, acabei por me afastar.

Ainda sorridente, voltei a dar um bafo e a soltar o fumo para o lado, mantendo o olhar no de Ander, onde ambos estávamos perdidos.

Com incentivo próprio, Ander segurou-me com ambas as mãos, resultando num outro beijo, os seus lábios violentos contra os meus, tornando-o desajeitado e intenso. Como se não houvesse forma de saciar os nossos desejos e as emoções a despertar em dois miúdos.

- Estou a perder a cabeça contigo. - Murmurou, mordendo-me os lábios de uma forma sedutora e que tanto me deslumbrava.

- Gostava de retribuir, mas já a perdi há muito tempo. - Encolhi os ombros.

Ambos sorrimos.

- Vamos para casa, ok? Está na altura.

Concordei com ele.

Sacudi a areia das minhas pernas com as minhas calças, vestindo-as. Usava apenas uma camisola comprida, sendo esta de Ander. Este a vestir as suas calças, segurando os ténis. Assim que recolhi as minhas coisas, percorremos todo o areal de volta ao carro.

Destrancou as portas, procurando algo na bagageira do carro. Tirou uma sweat e também uma camisola, essa que vestiu.

Já dentro do carro, o rapaz entregou-me a sua sweatshirt, para que a vestisse.

- Precisas de falar com o teu primo.

- Está tudo bem, ele vai entender. - Encolhi os ombros, mais sóbria que antes. - Afinal, estou a fazer o que todos querem que faça. A viver pela minha mãe. Por mim.

- Estás a sobreviver. Acho que é o que todos fazemos enquanto estamos vivos. Agora, podes escolher de que forma sobreviver.

Franzi a testa, confusa.

- Esquece. - Balançou a cabeça, olhando para a estrada por onde conduzia.

Mantive-me em silêncio.

- Podes escolher sobreviver de uma forma boa e não perder-te para o álcool. Ou para as droga, nenhuma é uma boa opção.

- Como não? Não adoras a sensação de invencibilidade que a moca te traz? - Olhei pela janela, observando as luzes da cidade. - Não há melhor forma de sobreviver.

- Eu percebo Lee, mas estás a exagerar.

Olhei para ele, indignada com a lição de moral, após um ótimo momento na praia.

- Não te quero ver atirada pelos cantos ou pelo chão. Perdida para o álcool e sem noção do que estás a fazer ou onde estás. Não é bonito, sendo  que me importo contigo.

- O que esperas que diga?

- Nada. Apenas que reflitas no que te digo. O teu primo sente igualmente o mesmo, mas com uma intensidade ainda maior.

- Estou a tentar! Mas quanto mais esperam ver algo de mim, mais difícil fica. Porque nem sei o que espero de mim, quanto mais corresponder-vos ás vossas expectativas!

- Que expectativas, Eileen? Ninguém espera nada de ti. Ninguém te está a colocar á prova, o que viveste é bastante mau. No entanto, só não queremos que te percas, ok? E que escolhas um caminho da qual podes não voltar.

Senti lágrimas nos olhos.

- E eu estou aqui. Perde-te comigo ou em mim, no trabalho, na tua irmã e na tua família. - Ele ganhou um tom rosado no rosto. - Só não faças com que te percamos a ti.

O rapaz puxou o travão de mão, após chegar á minha casa. Estava incrédula com as palavras e com a emoção que as abraçava.

Forcei um sorriso, sentindo lágrimas deslizar, o que fez com que se aproximasse.

- Respira Eileen.

Inclinei-me também para ele.

- Obrigada por mostrares a pessoa incrível que és. - Sussurrei, bastante grata. - Sinto-me bem quando estás por perto.

- Sempre que quiseres.

Sussurrou de volta, encostando os seus lábios aos meus de uma forma carinhosa.

(...)

Alguém está com os sonos trocados e ainda não foi capaz de corrigir erros, I'm sorry

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