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Eileen

- Vais ficar chateado comigo?

- Não Eileen, contigo não. - Sussurrou, após tirar a minha mala do carro. - Se precisares de algo, liga-me logo.

Assenti, agradecendo-lhe novamente.

O meu pai recebeu-me com um abraço. Saiu rapidamente de casa, quando Christian apitou, dizendo-lhe que estávamos de volta. Deixei-me perder no abraço, percebendo o quão triste ele também se sentia com tudo.

Após afastar-nos, agradeceu também ao meu primo por me ter acompanhado. Depois, fomos para dentro, onde Constança brincava. Quando deu pela minha presença, até brilharam os seus olhos ao fixar-me. Correu na minha direção, de braços abertos e sorridente.

Aceitei facilmente o seu abraço, elevando-a nos meus braços, mantendo-a ao meu colo.

- Porque estás triste?

- Estava com saudades da minha peste! - Deitei a língua de fora e ela gargalhou. - Como correu o fim de semana com o tio?

- Correu bem! Fomos ao parque. Brincamos e o tio disse que me ia dar um cão!

Olhei para o meu pai, este que levantou os braços a querer fugir do assunto. Coloquei-a no chão, perguntando mais sobre a ideia de ter um cão em casa. Ela apenas se riu.

Pelo que me explicou, foram passear e ela gostou muito do cão de uma menina que estava a passear com a família.

- Deste a ideia, agora aguenta! - Ri-me. - Bem, vou tomar banho e desfazer a mala. Tenho uma enorme responsabilidade amanhã e preciso de saber se está tudo igual.

Ambos me deixaram passar.

Ao entrar no quarto, senti lágrimas nos meus olhos. A ansiedade tomava conta de mim. Nada me fazia concentrar numa outra coisa.

Tomei um banho rápido, sequei o cabelo e vesti um fato de treino cinza escuro.

Vasculhei as gavetas, encontrando a carteira onde tinha guardado o pólen, as mortalhas e os dois cigarros que restavam. Coloquei os objetos nos bolsos e sai do quarto em silêncio, saindo á socapa da vivenda.

Assim que cruzei os portões, apressei-me a afastar-me da mesma. Subi a rua, caminhando diretamente para o parque.

Sentei-me num dos baloiços, fazendo uma ganza desleixada. Apenas precisava de relaxar e de controlar o meu pensamento, sendo esse o significado de em nada pensar, por estar presa aos efeitos do que fumava.

Era o que precisava e ansiava.

Perdida nos meus pensamentos e para a minha pedra favorita, comecei a aperceber-me de um movimento pouco á minha frente.

Eram cinco rapazes. Pareciam discutir. Fiquei mais atenta, tentando ouvir algo.

Rapidamente reconheci as vozes. Levantei-me do baloiço e cambaleei até ao final do pequeno monte. Ganhei realmente vida quando Ander e Christian se aproximaram.

- Mas quem é que julgas que és? Voltas a dar drogas á minha prima e eu mato-te cabrão! Eu juro que te mato! - Gritou.

Fechou ambos os punhos.

A veia do seu pescoço começava a salientar-se, tal como a que Ander tinha na testa.

Ander atirou o primeiro murro.

Guzman tentava segura-lo e Nano fazia o mesmo com o meu primo. Logo, apressei-me a colocar-me entre ambos. Estes surpreendidos e perplexos a olhar para mim. Balancei a cabeça, desiludida com Christian.

Depois, encarei o Ander, que manteve o seu punho cerrado, tal como o seu maxilar. O meu primo foi o meu foco.

- Qual é o teu problema? Eu pedi-te Chris! Era mesmo necessário isto?

Murmurei calma, num tom baixo.

Não tinha forças para mais uma discussão.

- Olha para ti! Nem a merda dos olhos consegues abrir! Estás toda dormente. - Voltou a elevar o tom de voz.

Gesticulava cada palavra.

- E tudo porque esse palhaço te vendeu droga!

- Queres falar mais alto ou achas que o meu pai já ouviu? - Ironizei, cruzando os braços. - Chris não és meu pai. Fui eu quem pediu. Portanto, a tua raiva é comigo.

Olhei então para o Ander.

- Desculpa.

- O problema não és tu, chavala. É só esse que não sabe ficar no canto dele.

Posto isto, virou costas e caminhou até ao parque. Suspirei frustrada com a situação, pois Guzman deitou-me um olhar confuso.

- O que é que ganhaste com isto?

Murmurei, bastante desanimada naquele momento. Mordisquei os meus lábios e acabei por também sair dali. Caminhei de volta para a vivenda, embora não querendo ir para casa. No entanto, nada conhecia ali.

Ou lembrava, depois de cinco anos.

Decidi continuar a caminhar. Ainda assim, ir para casa não era uma opção. Caminhei, passei por inúmeras casas e algumas pessoas.

Arrependida por não ter trazido os meus fones, senti-me ainda mais irritada.

Parei junto a um estacionamento, decidindo tirar o telemóvel do bolso. Sentei-me á beira do passeio, entre dois carros. Comecei a fazer uma segunda ganza, levando-a então aos lábios. Os meus olhos focaram-se no telemóvel.

Uma mensagem do Ander, recebida há quinze minutos, pairava nas minhas notificações. Para além de duas chamadas do Chris, também uma do Nano e uma mensagem.

pipermunoz

Estás onde?

Não sei

??
Estás bem?

Sim. Só continuei a andar e vim parar a um estacionamento
Que cena foi essa com o meu primo?

E estás sozinha?

Sim..

Já falamos

Estranhei a mensagem.

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