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Eileen

Perdida nos meus pensamentos, enquanto tomava banho e ouvia música, a Constança não soube bater á porta, assustando-me.

Olhei para a criança, com os olhos arregalados de tão assustada ter ficado.

- Upsi.

Deixou escapar, perdendo-se em gargalhadas altas e genuínas. Balancei a cabeça, acabando a rir-me com ele também. Ainda repleta por uma onda de espuma, apoiei os braços na banheira, encarando a minha irmã.

- A que se deve este atrevimento todo na minha casa de banho Constança Maria? - Deitou-me a língua, ainda a rir-se.

- O primo está lá em baixo.

Revirei os olhos, perdendo toda a vontade de rir e descontração que o banho me trouxe. Nem sabia o que lhe responder.

Mais uma discussão e ia cortar os meus pulsos ou atirar-me de qualquer ponte.

- Diz-lhe que já vou.

Ela retirou-se então da casa de banho.

Demorei pouco a terminar o duche, vestindo umas calças de ganga e uma camisola larga, foi o que agarrei sem sequer pensar. Não ia sair de casa, portanto, estava ótimo.

Deixei os meus cabelos soltos, após hidratar as pontas com óleo e de o escovar. Depois, ganhei coragem para descer as escadas.

Christian falava com o meu pai.

Reparei que não estava nada animado. Tinha a noção da conversa que queria ter.

- A Constança chamou-me.

- Eileen, olá. - Levantou-se, um pouco atrapalhado, o que estranhei. - Só um instante, volto já tio. - O mesmo assentiu.

Guiei-o para o exterior da casa, onde podíamos falar mais á vontade.

- Como estás?

- Estou bem. - Encolhi os ombros.

- Ontem reparei no estado em que estavas. E sei que o Ander te levou para o quarto. - Olhou para mim, deixando-me indignada.

- Tu estás a gozar com a minha cara? Passou uma semana desde que decidiste agredí-lo e tu tens a coragem de vir a minha casa, questionar o que quer que tenha acontecido...

- Relaxa miúda! - Interrompeu-me. - Eu sei! O Ander contou-me o que te aconteceu.

Revirei os olhos, respirando fundo para me acalmar. Já começava a elevar o tom de voz e a querer ataca-lo sem ouvir.

- Tens alguma ideia de quem te possa ter posto algo no copo? - Balancei a cabeça.

- Não me lembro de nada.

- Desculpa Eileen, só me sinto muito protetor contigo. Sei que nos estou a afastar e não quero isso. - Aproximou-se de mim. - Queres saber os conflitos que tenho com ele?

Balancei a cabeça. Claro que queria.

- Namorei com uma rapariga durante três anos, até que ela decidiu começar a meter-se a fumar e em coisas mais pesadas, acabando por se enrolar com um dos meus melhores amigos, que nas minhas costas lhe dava coisas.

Arqueei a sobrancelha, percebendo facilmente o que estava a querer contar. No entanto, fiquei calada e deixei que continuasse.

- O Ander passou por uma fase complicada em casa e eu acabei por lhe dar algumas coisas. Ele gostou e continuou. Depois, perdeu-se e deixou de sair tanto connosco.

- O que lhe aconteceu?

- Ele que te conte a versão dele. A minha, é está. Perdeu-se e levou a minha namorada pelo mesmo caminho. E para a mesma cama.

Confesso que não esperava algo assim. Porém, eu não o conhecia, de todo.

- Tiveram uma overdose. Ela não aguentou.

- Como assim?

- É o que estás a ouvir. Perderam-se tanto, que ela não sobreviveu. Isto foi há uns dois anos, eu sei que ele melhorou. No entanto, não perdoou o que me fez. A traição. A forma como preferiu as drogas ao melhor amigo.

Encolheu os ombros.

- Depois foram confusões atrás de confusões, nem tenho conta das vezes em que resolvemos os conflitos á porrada.

- Nem sei o que dizer...

- Não quero que te aconteça o mesmo, Eileen, ele não é bom para ti. - Murmurou, mais calmo e próximo de mim. - Consegues compreender o porquê das minhas reações?

- Sim Christian, consigo. Mas eu não sou como a tua namorada e lamento o que aconteceu. No entanto, precisas de ter calma.

- Calma? Tu ouviste o que te disse ou estás tão enfeitiçada por ele que...

- Que o quê? Atenção ao que dizes.

O rapaz passou as mãos pelo cabelo, sem se conseguir expressar melhor. Acabou por puxar uma das cadeiras e por se sentar. Notava que o assunto ainda o afetava imenso.

E era compreensível. Totalmente. Não julgava, muito menos o crucificava.

- Eu percebo. E agradeço muito.

- Não te posso perder também. - Sussurrou, de cabeça baixa. - Foi tão duro Eileen... Afasta-te dele, ele vai acabar contigo também.

- Christian, não digas isso. O Ander não me fez qualquer mal, acredita em mim.

- Ainda.

- Fico feliz por me teres contado isso. É realmente grave o que aconteceu e não o estou a proteger. Nem vou. Porque daqui, vou tirar a história a limpo com ele. - O Christian levantou a cabeça e encarou-me.

- Como assim tirar a história a limpo? Nem devias de te aproximar desse doente. - Lambeu os lábios, nervoso e irritado.

(...)

So.. What do you think about that?

Finalmente consegui escrever. Eram quatro da manhã e eu estava focadissima. Só não foi desta, mas sim de uma história que retirei do perfil, Miss Denver.

Eu sei que é diferente do habitual, mas no meu ponto de vista está interessante, embora sendo dramática e violenta.

Talvez a volte a publicar. Só não sei se com o mesmo nome e personagem.

Ben Hollingsworth vai manter-se.

Também tenciono reler a Balance e corrigir os erros que sei que tem. ✌🏼

BALANCE ➛ ARON PIPER Onde histórias criam vida. Descubra agora