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Eileen

Observava a Constança a brincar na sala de estar, percebendo o quão responsável precisava de ser naquele momento.

A ausência do meu pai, obrigava-me a estar mais atenta ás necessidades da minha irmã. Os dias eram preenchidos pela escola, embora não fosse fácil, devido ao meu estágio. Precisava de ir buscá-la e levá-la.

No entanto, o meu pai deixou-me o número de uma grande amiga, que tinha o filho na mesma sala da Constança. Já tinha conversado com ela e pediu-lhe alguma ajuda.

Principalmente para tomar conta dela, enquanto terminava o dia de trabalho. Foi uma ajuda que me consolou imenso.

Eram horas de lanchar.

Após a semana de aulas, a pequena não parava de falar no Martim, o filho de Gianna, a grande amiga do tio Santana. Eram duas crianças com gostos semelhantes, gostavam de conversar, de passar horas juntos. Fiquei bastante contente e aliviada por se estar a adaptar.

Enquanto a criança brincava, preparei o jantar e deixei-o ficar no forno. Como era sexta-feira, gostava de ir descontrair.

No entanto, não podia deixá-la sozinha.

Sai para o jardim da vivenda, preparando uma ganza para a noite que se aproximava. Quando a pequena estivesse no seu quarto, podia fumar sem que desse conta.

Relembrava também o facto do meu pai mencionar a família de Ander. Como me havia dito, deixou tudo tratado para mim.

Os pais do rapaz também se disponibilizaram para ficar com Constança, caso precisasse, pois Gianna também trabalha. Podia trazê-la com o filho da escola, mas apenas até terminar o meu dia de trabalho, visto que morava a meia hora e não era muito confortável.

Porém, os Piper moravam no final da rua.

Como gostava de ter a minha mãe presente. A falta que me fazia era inexplicável.

Tirei o telemóvel do bolso, após esconder as minhas coisas por baixo de uma almofada, esta no sofá de jardim.

Recebi uma mensagem no Instagram, para além de várias do meu primo e da Ester. Umas quantas mensagens no grupo de WhatsApp e o mais recente novo seguidor. Também ele, autor da mensagem mais recente.

pipsmuñoz

Chavala
Ouvi os meus pais a comentar que estás sozinha em casa. Está tudo fixe?

Olá Ander. Sim. O meu pai foi numa viagem de negócios.

Se precisares de alguma coisa, avisa

Obrigada

Ganhei coragem para ler as dezenas de mensagens entre os meus queridos amigos, no grupo que costumávamos ter há anos. O Nano encontrou o mesmo, enviando algumas fotos e conversas que foram partilhavas há anos, o que me manteve acordada até tarde.

Era tão bom estar de volta. Sentir-me em casa apesar de tudo e após tantos anos. Sentir que o meu grupo de amigos desde criança continuava a acolher-me como família.

Era o sentimento familiar que me mantinha firme. Principalmente junto deles. Não quebrei e conseguia abstrair-me.

Porém, sentia-me triste por estar a esconder os verdadeiros motivos por estar de volta.

- Mana! Vamos comer?

- Sim, vamos! O que queres fazer amanhã? - Os seus olhos encontraram-me.

Enquanto se sentou na mesa da cozinha, coloquei comida em dois pratos e sentei-me de frente para a peste de quatro anos.

- O Martim faz anos! Já tinha dito.

- Sim, é verdade. A Gianna pediu para te levar, desculpa, esqueci-me. - Admiti.

.leerojas
a tua história

Babysitting this little lady 👀 679

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Babysitting this little lady
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Deitadas na cama de Constança, terminávamos de ver um filme de animação.

A criança estava prestes a adormecer.

Desejei-lhe uma boa noite e coloquei a televisão com cronómetro para desligar. Fechei lentamente a porta, descendo as escadas para a divisão inferior. Apaguei todas as luzes da casa, trancando portas e janelas.

Depois, apenas me fechei no quarto. Já tinha as coisas no mesmo. Abri ligeiramente uma das janelas, deixando circular o fumo.

Encostei a cabeça á parede, necessitando de relaxar o mais rápido possível. Sentia-me só, as noites eram bastante duras. O dia passava mais facilmente, devido ao trabalho.

Ou ás saídas com os rapazes, até por estar ocupada com a Constança. Porém, a noite eram longas e bastante solitárias.

Respirei fundo, reparando em algum movimento na rua. Um grupo de rapazes falava de um lado para o outro da estrada e um carro, em marcha lenta, estava entre eles. Facilmente reparei que eram conhecidos.

E reparei principalmente no andar conhecido, percebendo que era o Ander.

Segurava uma ganza na mão. O telemóvel na outra e manteve sempre o capuz preto colocado na cabeça, o que o denunciava.

Pelo menos para mim.

Algo captou a atenção dele. E dos amigos. Num curto espaço de segundos, os olhares focaram a minha janela. Fiquei estupidamente perplexa e não consegui reagir. Fiquei também a olhar. As conversas surgiram entre eles.

Nada consegui perceber, pois ainda era uma boa distância. Embora percebesse que Ander se tinha revoltado. Esmurrou o rapaz a seu lado e correu até ao segundo.

Deixou uma chapada na cabeça deste, fazendo-me ouvir então as gargalhadas deles.

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