Eileen
Nem queria acreditar no que estava a acontecer diante dos meus próprios olhos.
Algemavam a minha mãe.
Era o nosso último dia juntas e não podia acreditar que nos privaram de tal. A advogada, igualmente incrédula com o que acontecia, não tinha mais recursos. Estava exausta de lutar, os seus argumentos não eram suficientes.
Mesmo após apelar á saúde da Isabel e ao facto de correr perigo de vida, nada mudou. Somente a iam manter vigiada numa outra ala, para que as mesmas pessoas não a apanhassem.
Vê-la a entrar no carro, partia-me o coração. Só queria chorar. Para além da vontade imensa de esmurrar os dois oficiais.
- Isto é tão injusto.
- Eu sei Eileen. - Murmurou, colocando ambas as mãos nos meus braços. - Lamento.
A mulher acenou-me do carro, forçando o melhor sorriso que conseguia. Tentei devolver, embora lágrimas inundarem o meu rosto. Olho então para o final da estrada, onde já não tinha qualquer sinal do carro policial.
Encaro o meu primo, perdendo-me num abraço confortável. Familiar. Que devia ter sido dado á minha mãe, embora não permitirem. As pessoas observavam-nos.
Sabiam bem que era a prisioneira.
- Vamos tentar de novo, não podes desistir. - O rapaz murmurou, afagando os meus cabelos. E de seguida, afastou-nos.
- Quero ir embora daqui. Está tudo a olhar como se a minha mãe fosse um monstro. - Com a sua mão no fim das minhas costas, levou-me até ao carro. - Estou cansada disto.
- Eu sei, não é nada fácil. Também me está a custar muito... É uma situação injusta. - Baixei a cabeça, destroçado.
- E agora?
- Agora voltamos para casa. Continuamos a lutar pela tia Isabel. Manténs o contacto com a advogada e tentas uma audiência.
Balancei a cabeça, concordando.
Peguei no meu telemóvel, lendo as notificações por algo, enquanto as passava com o dedo. Uns quinze minutos até ao hotel, os suficientes para trocar mensagens com o meu pai.
E também com algumas amigas que perceberam que estava em Portugal e que nada lhes tinha dito.
Nada pretendia dizer também.
Apenas me desculpei e disse que não era a melhor altura. Vim por motivos urgentes e não por umas férias em casa. Depois, apenas deixei o telemóvel sem som e olhei pela janela. Estava quase junto do hotel.
Christian nada disse na viagem. Nem mesmo quando subimos para o quarto. Tirei o casaco e logo me sentei no sofá.
- Vou tomar um duche, antes do voo.
Balancei a cabeça, como resposta.
- Estou?
Estremeci.
Porque raio lhe tinha ligado?
- Eileen, estás aí?
- Hum... Desculpa, enganei-me no número. - A pior desculpa de sempre.
- Enganaste-te mesmo?
O silêncio prevaleceu por breves instantes.
- O que se passa?
- A minha mãe voltou para a prisão. - Num tom baixo e inseguro, contei-lhe. - Quando cheguei, a polícia já a estava a algemar. Acreditei que ia conseguir ajudá-la...
- Lamento... Mas está fora do teu alcance, não podias fazer nada. No entanto, tenho a certeza que ficou feliz por te ver.
- Acho que sim...
- Liga-lhe mais vezes. Vai visita-la sempre que tiveres oportunidade. - Ele murmurou baixo, o que me levou a crer que não estava em casa. - É disso que a tua mãe precisa.
- Desta vez não há promessas. Só que vou começar a viver mais, tal como me pediu. - Um suspirou abandonou os meus lábios. - Não sei é como vou conseguir viver, sem pensar no que a minha mãe está a passar.
- Compreendo-te Eileen, acredita. Mas precisas de fazer um esforço. Fá-lo por ela, até conseguires fazê-lo por ti.
- Obrigada Ander. E desculpa ter ligado...
- Não tens que te desculpar por nada. Sempre que precisares, liga-me.
Quis sorrir, mas nem conseguia.
Desliguei a chamada, ao perceber que Christian tinha terminado o seu banho.
Apareceu rapidamente perto de mim.
- Não precisavas de desligar.
- Chris, não é uma boa altura. - Suspirei, acabando por me deitar no sofá. - Afinal, o que se passou entre vocês?
- Tens razão. Não é uma boa altura. Conta-me pelo menos o que se passa entre vocês. Dá para ver ir gostas dele. E que conversas com ele. - O rapaz sentou-se num outro sofá.
- É isso que se passa. Somos amigos. Acabei por lhe contar, visto que estava comigo quando recebi a chamada. Só isso.
- Tens a certeza?
- Sim. Temos uma boa relação de amizade, acho que nem isso. Apenas falamos. - Disse-lhe bastante confusa com a ideia. - Nem eu sei bem o que há entre mim e o Ander. Ou o que somos e o porquê de lhe ter ligado.
Encolhi os ombros, realmente confusa.
- Pedi-lhe cenas numa noite. Temos fumado no parque ao pé das nossas casas. Trocamos umas quantas mensagens e pronto.
- A ti? Ele vendeu-te? Estás a brincar comigo?
Elevou o tom de voz.
- Porque não me pediste? Ou ao Nano?
- Porque não queria que soubesses que a minha vida está um inferno e que só consigo relaxar e acalmar a mente quando fumo.
Levantei-me do sofá, incapaz de continuar com a conversa que estávamos a ter.
- Satisfeito? - Apontei-lhe o dedo.
(...)
acordei com imensa vontade para escrever, uma nova ideia, coragem para acabar está, no momento em que abri a aplicação, não encontro palavras. a minha criatividade está muito longe, embora queira escrever. fico a olhar para o ecrã do telemóvel e não sei por onde começar a escrever.
com isto dito,
obrigada a quem ainda anda por aqui e mantenham-se protegidos ✨
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BALANCE ➛ ARON PIPER
Teen Fiction'O frio da tua alma, apagou a chama que há em nós'