Eileen
Esforçava-me para manter o foco no trabalho, o julgamento estava a chegar. Por mais que não fosse argumentar, precisava de estar presente e avaliar os comportamentos.
Para isso, precisava de conhecer bem o caso, todos os seus pormenores, todos os nomes que foram surgindo com o tempo.
pipsmunoz
Olá Eileen. Não tens que agradecer e muito menos preocupar-te com o facto de contar a alguém o que se passa. Como estás?
Estou bem! E tu?
Também. Como está a tua mãe? Há novidades?
Sim, mas estou no estágio. Não me dá muito jeito falar, tenho os chefes no escritório.
E quando pausas para almoçar?
Só perto da uma, então?
Então... Não sei, podemos conversar? Posso ir aí ter...
Parece-me bem
Ao ouvir vozes, guardei rapidamente o telemóvel. Recebi o advogado Míguel, quem ia ter os olhares dentro de dois dias. Parecia estar muito nervoso, pois não sabia o que esperar do seu cliente, já preso há um mês.
O julgamento foi marcado mais rápido do que o normal, devido a muitas falhas nos discursos das testemunhas e até da vítima.
- O que achas?
- Não sei. Nunca tive no mesmo espaço que o Darwin. Vai depender muito da postura que vai adotar em julgamento. E da vítima. Não podem ter surgido provas novas?
- Que saiba não. Está tudo muito parado, esperam realmente a ida a tribunal para chegar a novas conclusões.
- O que acha o Míguel?
- Acredito que seja inocente. Apenas acho que a pressão dos pais da vítima levaram a melhor e pintaram muito mal a história.
- Se for isso, é realmente horrível. Ele tem vinte anos, tem a vida pela frente.
- É com isso que estou a contar.
Estudamos novamente o caso. Todas as testemunhas e testemunhos. Havia realmente o desacordo entre a vítima e as amigas no que se trata de horas. E depois o discurso da mãe, que não sabia sequer onde estava a filha.
Então, após uma noite de álcool e loucura, a rapariga de dezasseis anos acorda numa cama, que não a dela e com um rapaz de vinte anos, o pânico instaurou-se dentro dela.
Com isso, acusou o rapaz de violação. De se ter aproveitado dela por estar alcoolizada. E como havia vestígios de sémen, foi fácil.
pipsmunoz
Estou quase a sair!
Arrumei a secretaria, pegando na mala.
O Ander já tinha saído de casa há algum tempo, pela mensagem que tinha por ler dele, a dizer que tinha de passar num outro sítio antes e que depois vinha logo para cá.
Assim que sai do edifício, o rapaz tinha acabado de parar o carro. Apressei-me a entrar devido ao trânsito na zona.
- Obrigada por teres vindo, Ander.
Disse-lhe, colocando o cinto de segurança.
Perguntou-me onde queria almoçar, embora não tivesse qualquer ideia. Ou fome. Deixei nas mãos do rapaz a escolha do sítio.
- E então, há novidades?
Sentados numa mesa de esplanada, esperávamos por tostas de frango e de delícias do mar, sendo a segunda escolha dele.
- Pelo que a médica disse, foi grave. Durante a noite foi tudo muito complicado, mas que tinha finalmente estabilizado. - Encolhi os ombros, o rapaz bastante atento ao que dizia.
- Como estás a lidar com tudo?
- Não sei, acho que não estou. Falei com o meu pai e ele vai tentar vir ainda hoje para cá. - Ele franziu as sobrancelhas.
- Vais a Portugal? - Encolhi os ombros. - Acho que era bom para ti e para a tua mãe, embora a situação ser bastante feia. - Concordei com ele, receando bastante.
- Vou tentar falar com a advogada também.
- Usar o que aconteceu para baixar a pena? Ou prisão domiciliária? - Assenti.
- Qualquer coisa a favor da minha mãe, Ander, é tão injusto o que está a acontecer. Ela só nos salvou daquele homem e foi a única forma. Era entre as filhas e ele. Não há escolha possível ou consequências futuras.
- Não a julgo, acredita. Nem sei o que fazia se tivesse na mesma situação. - Murmurou baixo, forçando um sorriso fechado.
- Bem, vamos ver. E comer, mudar de assunto, não te quero encher de problemas.
- Não estou a ver as coisas dessa forma, fica descansada. Fiquei mesmo preocupado quando te vi a reagir á chamada. - Agradeci, mais uma vez, por me ter ouvido.
- Olha que não me esqueci do verdadeiro motivo que nos levou a falar naquela noite. Eu quero saber o que se passou.
- Ainda com essa conversa? - Suspirou, trincando a sua tosta. - Esqueci isso. Ou então pergunta ao teu primo a versão dele. - Desviou o olhar, um pouco irritado.
- Desculpa Ander, só quero perceber.
Encolheu os ombros.
(...)
Ando novamente um pouco desligada do wattpad, noto que praticamente ninguém já anda por aqui.
A vida dá muitas voltas.
Desejo ainda assim um feliz natal a todas vocês que sempre me acompanharam. Não foi o melhor ano, mas lembrem-se que a vida são dois dias e que a temos de aproveitar. Mesmo com todos os cuidados.
❤️
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BALANCE ➛ ARON PIPER
Teen Fiction'O frio da tua alma, apagou a chama que há em nós'