Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo - Matosinhos
Esperava ansiosamente na sala de espera, ienquanto os cartões de visitante e a identidade respetiva fosse confirmada, para ser submetida ao detetor de metais e chegar á última fase, que era receber a minha mãe de braços abertos. Tal como Constança, que balançava as pernas sem tocar no chão, inquieta.
Ander segurava a pequena mão da criança, enquanto eu acompanhava os ponteiros do alto relógio de parede junto da entrada. Os minutos finais eram os piores. Felizmente os visitantes e identificações estavam verificadas.
A Constança olhava á volta do espaço. Confusa e curiosa, apesar de lhe ter explicado a razão de todas as regras a seguir. Era tudo irrelevante de momento, pois só queria ver a mãe.
Quando as portas se foram abertas, a criança levantou-se num ápice e puxou o rapaz consigo para a acompanhar na próxima fase. Passaram ambos pelo detetor de metais, assim como eu e o caminho para os braços da nossa mãe parecia encurtar a cada minuto, aumentando os nervos dentro de todos nós.
Ander segurou a minha mão através do breve caminho até á sala de visitas, que era protegido por vários guardas. Quando entramos na sala e escolhemos uma das mesas, a Constança sabia, tal como eu, que estava quase.
- Ela vai sair daquela porta? - Assenti, vendo-a apontar para a porta vigiada por uma guarda. A criança apenas respirou fundo. - Ela sabe que a Constança também veio?
- Não, vai ser uma surpresa. Quando a mamã sair da porta, tens que esperar que ela chegue á nossa mesa, está bem? Outras pessoas vão sair, para receber a família. - Relembrei-a, correndo o risco de a ver correr pela divisão.
Assim que a porta foi aberta, Constança levantou-se de imediato, embora ficando em pé ao lado da sua cadeira. Pousei as mãos nos dois ombros da criança, pedindo que tivesse calma e que a nossa mãe ia aparecer. No entanto, com o olhar confuso por receber uma visita, olhou em redor da sala. A mais nova levantou a mão para sinalizar a nossa localização.
Reparei nos olhos tristes e cansados da nossa progenitora, que olharam uma vez para o lugar onde estávamos, embora sem reagir.
- Mamã! - Constança elevou o tom de voz, escapando do meu toque e correndo na direção da mulher que a criou e há longos meses estava longe de si. - Mamã, olha a Constança! - Senti o aperto forte no peito, quando a mulher pegou a filha nos braços e abraçou.
Deixaram-se chorar, sendo repreendidas pela guarda junto delas. A minha mãe desculpou-se, aproximando-se de nós. Sentou-se na cadeira e manteve a filha junto do peito, claramente sem acreditar que estávamos ali.
Um sorriso rasgou os meus lábios, enquanto as lágrimas insistiram em cair e acabaram por ter permissão para tal.
Guiou a sua mão na minha direção.
- Nem acredito que estão aqui. - Murmurou, olhando no rosto da mais nova. - Meu amor. Tu estás tão linda e crescida! - Beijou o seu rosto e sorriu-lhe bastante feliz.
- Estás muito magrinha mamã, não te dão comida neste sítio? - Resmungou autoritária, o que provocou a nossa risada. - Devia ter trazido um livro de receitas boas para ti. - A inocência, a preocupação e o carinho traziam um misto de sensações contraditórias.
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BALANCE ➛ ARON PIPER
Teen Fiction'O frio da tua alma, apagou a chama que há em nós'