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Eileen

Após um longo banho, preparei o almoço para mim e para a minha irmã.

Era Domingo, gostava de animar a criança, pois ia para o infantário no dia seguinte. Podia, facilmente perceber, que estava reticente e que a animação não existia.

A Constança adorava brincar com as crianças no infantário em Portugal. No entanto, foi uma luz que se apagou nela.

E que eu pretendia recuperar.

Após uma mistura de natas, com bechamel, massa com salsicha e queijo ralado, coloquei a travessa na mesa. A menina bateu palmas, pois era algo que ambas adorávamos.

Massa com natas e bechamel e qualquer ingrediente que ficasse bem. Ás vezes frango ou carne picada, outra salsicha.

E até com atum a tinha feito.

- Estás mais simpática hoje. - Comentou, ao levar o garfo á boca. - E isto está delicioso! - Os seus olhos até brilharam. - Obrigada mana! Foi uma ótima ideia.

Soltei uma risada, provando também a massa, que de facto, estava divinal.

- E eu sou sempre simpática, pirralha.

A Constança torceu o nariz, descordando.

.leerojas
A tua história

como fazer a criança feliz ✨👀 1992

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como fazer a criança feliz
👀 1992

Quando pousei o telemóvel na mesa, para brincar com o slime e com a Constança, recebi uma mensagem no Instagram.

Era Christian, a relembrar-me do suposto lanche com a Ester. A vontade de ir era nula, só queria ficar por casa. E sendo sincera, tinha um caso para investigar na secretaria do quarto e o dia anterior foi pouco produtivo.

Passei-o com Christian e os amigos. Cheguei a casa, tive um pesadelo e acabei a comprar uma saca de erva á porta de casa.

.elchicoguapo

Primaça
O Samu e a Ester estão isentos de qualquer atividade sexual, até ela te conhecer! O que dizes de um lanche hoje?

Estou mesmo agora a almoçar...

Estamos a falar de lanchar

Não sei Chris, preciso de rever umas coisas para o estágio amanhã.

Só um lanchinho, prometo que te levo cedo para casa 🥺
Pensa na atividade sexual do nosso amigo ou a falta dela!! Não queremos que vá para o hospital depressivo

És horrível
Já te confirmo horas

Larguei o telemóvel na mesa.

- Estás a falar com quem?

- Com o meu primo, doida. Tens que o conhecer! - Mostrei-lhe um sorriso, embora a criança ter ficado desanimada.

- Aqui não tenho família... - Comentou, com os olhos baixos para o slime na mesa.

- Claro que tens família, que conversa é essa?

- Eu sei que não sou filha do senhor a quem chamas de pai. Então, tu não és filha do papá e não podemos ser irmãs.

- Que dispare Constança, que te disse isso? - A mesma ficou em silêncio. - Quem?

Pousei o mão sob o braço dela.

- A tia Cristina, antes de irmos embora. Ela diz que vocês não são a minha família. - Levantou a cabeça, com os olhos cobertos de lágrimas. A raiva começou a ferver nas minhas veias, com o que tinha acabado de ouvir.

Como podiam existir pessoas tão sem escrúpulos a dizer algo do género a uma miúda de quarto anos? Ainda mais, quando assistiu á morte do próprio pai.

Passei uma das mãos no cabelo.

Como podia ela entender? Tão nova e tão fragilizada. Respirei fundo, puxando a cadeira para mais perto de mim.

- É difícil de explicar, porque és muito nova. É muito confuso, pequenina.

- Tenta Lee...

- É verdade, não temos o mesmo pai. Mas nascemos pela barriga da mesma mãe, certo? E isso torna-nos irmãs. É só o que tens que meter nessa cabecinha.

Assentiu, atenta ao que dizia.

- Também é verdade que o meu pai não é o mesmo que o teu. E que a minha família não é a mesma que a tua, no entanto, nunca esqueças o que te vou dizer agora.

Segurei as mãos pequenas dela, fazendo com que olhasse bem nos meus olhos. Precisava de a acalmar e de lhe explicar.

- Família é quem nos cria. Quem nos protege e quem está lá para nós, percebes?

- Tal como o teu pai.

Assenti, afirmando.

- Não como a tia Cristina, que é uma bruxa.

- Sim, ela é mesmo uma bruxa. - Mostrou um pequeno sorriso, deixando-me aliviada. - Tens que acreditar em mim e não no que dizer. Para todos os efeitos, sou tua irmã e nunca ninguém vai negar ou contradizer.

Lambi os meus lábios, sorrindo-lhe.

- E o meu pai, o tio Santana, também vai cuidar de ti. Como cuida de mim. É família. Tal como os seus irmãos. Somos todos família, não precisa de ser do mesmo sangue.

Após compreender minimamente a explicação extensa e confusa, sentou-se ao meu colo. Nem sabia mais o que lhe dizer.

A criança apenas me abraçou.

- Vou estar sempre contigo, Constança. - Disse-lhe, para a confortar ainda mais.

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