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Eileen

Começava a escurecer.

Ainda me lembrava do quão lindo era Benidorm. O brilho intenso do mar, os edifícios altos e toda a vida noturna.

Apaixonante e acolhedor, era como descrevia a cidade turística onde nasci e cresci.

Christian, com o braço apoiado nos meus ombros, dava-me a reconhecer uma área muito atrativa. Balcon del Mediterrâneo, que dividia as duas praias mais conhecidas. Um miradouro com a melhor visão de Benidorm. Tanto para a Poniente e para a Levante, como também para os arranha-céus e para a marina.

Era de facto uma vista fantástica.

Aquando o final das escadas, observei um grupo sentado no chão do miradouro. Christian começou a aproximar-se, fazendo-me acreditar que eram os seus amigos.

Reconhecia Nano e Samuel, pois crescera com os dois rapazes. Morávamos numa zona menos luxuosa antes, porém, mantivemos o contacto e a amizade. Até sair de Espanha e ir viver com a minha mãe para Portugal.

No entanto, continuavam com Christian.

Fui recebida por um abraço caloroso de cada um, o que me deixou bastante surpreendida. O sentimento familiar era refrescante.

- E então miúda, estás por cá? - Balancei a cabeça, sentando-me com as pernas cruzadas e captando os seus olhares. - Estás diferente, que te deram a comer em Portugal?

Revirei os olhos com o comentário idiota do Nano, acabando por soltar uma breve risada. O rapaz parecia mesmo animado.

- Cresci, ao contrário de ti. - Pisquei-lhe o olho, ouvindo a sua gargalhada.

- Vieste para ficar?

Rapidamente percebi que nenhum sabia o porquê de estar em Benidorm. Era melhor que assim continuasse.

- Por enquanto! O meu pai arranjou-me um bom estágio aqui, então decidi aproveitar. - Foi a melhor semi-mentira que consegui. - Estou a trabalhar para o Dr. Garcia.

- Como advogada? - Christian exclamou, muito chocado com a situação.

- Não! Como psicológica criminal. Algo que é muito complexo para a tua cabeça. - Provoquei, pois queria mudar o assunto.

Perguntei o que faziam eles da vida.

Christian contou-me que estavam no último ano do colégio, antes de terem oportunidade de começar a exercer o curso escolhido. As escolas funcionavam de modo diferente cá.

O mais velho, irmão de Samuel, partilhou que trabalhava numa oficina bastante requisitada e uma longa conversa sobre os fantásticos carros que lhe chegavam ás mãos se desenvolveu. Era, de facto, bom estar de volta.

A primeira vez que olhei para Nano, estava, de facto, por baixo de um carro. Tentava perceber qual o problema deste.

Fiquei feliz por ele.

Samuel, estava com Christian a terminar o ano escolar. Nada de interessante, segundo Samuel, embora demasiado interessante pelas raparigas que lá estudavam, segunda Chris.

Revirei os olhos, nada que me surpreendesse ouvir da boca de Christian.

- Aqui o Samuel conquistou a riqueza de Benidorm, mesmo depois de ter dado voltinhas comigo. - Deu-lhe uma cotovelada.

- Não foste bom o suficiente.

Balançou os ombros, deixando-me curiosa.

- Estás com a Ester?

- Sim... Longa história, foram uns anos difíceis e estranhos para todos. - Samuel explicou. - Foi no final do ano passado.

- Bem, por esta não esperava.

- Mesmo! E a miúda é cá uma obra de arte! - O meu olhar encontrou Nano, numa tentativa de provocar o irmão. - Nem sei como ela te atura, menino da igreja.

Soltei uma breve risada.

- Vai passear! Pelo menos não precisei de vandalizar a casa da rapariga, para a levar para a cama! - Provocou Samu de volta.

Christian soltou um guincho, perante o grande confronto entre os irmãos.

Acendeu a sua ganza, colocando-a na boca.

Balancei a cabeça, sem saber que continuava na vida dos fumos. Porém, não me incomodava nem um bocadinho. Voltei a tomar atenção aos irmãos, que se desafiavam.

- Mas vão explicar-me essa história? Que bandidos que se tornaram. Estão todos de trela então? - Arqueei a sobrancelha.

- Menos o teu primo.

- Tenho várias trelas para puxar, caro amigo.

Entre gargalhadas e provocações, acabei por perceber um pouco mais. Samuel, ficou de olho numa rapariga no primeiro dia no colégio, mas a mesma escolheu o mais velho.

Após uma confusão entre famílias, acabaram por manter a relação e até uma casa. Fiquei um pouco perplexa com as notícias.

A rapariga, Marina, esperava um filho.

Não acredito! Vais ser pai? - Chocada, embora muito feliz por Nano, felicitei-lhe.

- É uma menina.

- Fico muito feliz por ti!

Após um coração partido, Ester cansou-se dos homens sem cabeça e ganhou uma atração por Samuel, deixando o meu primo.

Uma enorme troca de casais, pelos vistos.

No entanto, parecia estar tudo a recompor-se e nada melhor que vê-los tão unidos.

.leerojas

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