Lívia
Julho de 2039
Na sexta-feira, acordei sozinha no quarto de hóspedes; durante a madrugada, depois de um banho demorado e cheio de carícias, me despedi de Caroline e voltei para o cômodo que estava dividindo com Dani. Devido ao dia agitado e cheio de diversão, o meu garoto dormiu cedo e não teve pesadelos, mas eu acabei passando do horário e fui a última a levantar. Caminho pelo apartamento, à procura do restante do pessoal, contudo, não encontro ninguém. Resolvo dar uma espiada na piscina privativa e ao me aproximar, escuto uma música maluca preencher o ambiente.
Percebo que o som faz parte do repertório de uma extinta banda pernambucana, conhecida por suas performances e letras polêmicas. Os integrantes, assumidamente gays, formaram a primeira banda de punk – ou pelo menos uma das primeiras – a ter a sexualidade exposta para quem quisesse saber. Obviamente, a combinação de todos esses fatores, fez com que eles não conseguissem ir tão longe. Solto uma gargalhada, antes de chegar na piscina, e procuro rapidamente, na intenção de ver se o meu filho está ouvindo isso. Encontro apenas Carlos e Johnny, de molho na água e repetindo a letra da música.
- Deus, vocês simplesmente desenterraram essa banda das profundezas. – Falo e os dois me olham, no mesmo instante. Carlos interrompe a playlist, enquanto Johnny apenas solta uma risada.
- Eu adoro essa banda, pena que acabou. – Carlos admite. – O público era conservador demais na época deles e não entendia a crítica social. – Defende; e eu me pergunto se estamos falando sobre mesmo assunto.
- Eu acho que nem hoje eles entenderiam. – Johnny completa, retirando as palavras da minha boca.
- Vocês sabem aonde estão Daniel, Denise e Caroline? – Questiono aos dois.
- Foram andar de skate, na orla; Caroline mostrou alguns para o seu filho e ele ficou todo animado, então Denise sugeriu de irem juntos e avisou que não precisávamos ir. – Johnny explica.
- O meu pequeno saiu sem comer nada? – Indago, preocupada.
- Não, eu e Johnny levantamos, praticamente, juntos; e quando saímos do quarto, o garoto já estava na sala, assistindo televisão. Disse que não queria te acordar, porque Karen ensinou que ele já deveria se virar sozinho; então, Dani estava quietinho, esperando alguém aparecer. – Carlos se pronuncia.
- Karen não tem limites. – Murmuro e os dois gargalham.
- Eu fui na padaria e comprei comida para todos; ao retornar, Denise e Caroline já estavam de pé e tomamos café juntos; logo em seguida, os três saíram. – Johnny finaliza.
- Tudo bem, aproveitem o dia, só resolveremos as pendências amanhã. – Falo, saindo da área da piscina e voltando até o apartamento; ao fundo, escuto Carlos reiniciar a música e eu abro um sorriso, negando com a cabeça. Pego o telefone no quarto e ligo para a minha irmã, que atende meio ofegante.
- Bom dia, bela adormecida. – Denise implica do outro lado da linha.
- Bom dia, senhorita galante, aonde vocês estão? – Não consigo evitar de soltar uma indireta, sobre a ligação de ontem.
- Por que galante? – A minha irmã se faz de doida. - Estamos na orla.
- Por nada, alguma novidade para hoje? Por que você está tão ofegante? – Faço as perguntas e ela bufa.
- Falei com Niara ontem à noite e ela me passou algumas atualizações, devo te mostrar quando voltar; eu estou ofegante porque estou andando de bicicleta e não consigo achar a marcha correta. – Denise explica e eu descubro quem estava na chamada da noite anterior.
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UMA NOVA CHANCE (Original)
AcciónCaroline saiu de Pernambuco, em busca de uma vida melhor na capital paulista, no entanto, depois de perder o amor de sua vida, em um acerto de contas, a mulher decidiu retornar ao Nordeste, à procura de vingança. Após se instalar na cidade de Caruar...