Niara
Agosto de 2039
Segunda-feira
Entre 12h e 12h30
Ontem à noite, ela me fez um pedido especial e eu disse que iria pensar; para falar a verdade, eu estava morrendo de medo da nossa situação. Thaís precisa de tratamento e o meu pai não fica atrás; uma tem raiva da minha garota e o outro tem a intenção de pegar a mim e a minha mãe. Mesmo Denise tendo me cativado rápido demais, temos mais chances de não estarmos juntas do que continuarmos com esse relacionamento. Percebo que ela não está falando conosco no comunicador, ou seja, a mulher não consegue focar na operação, com tanta preocupação; coloco o painel do veículo dela em meu monitor, com a ideia de acompanhar de perto o seu trajeto, e Denise está a quase cento e cinquenta por hora. Porra, garota!
Tome cuidado, por favor, e volte bem.
Escrevo para ela no painel e no meio das conversas, escuto um suspiro baixinho, sim, ela leu a minha mensagem. Abro um sorriso torto e continuo observando os acontecimentos; tem muita gente importante nas minhas telas e isso está começando a me confundir, eu não poderia nunca tomar conta de tudo isso sozinha, contudo, é uma emergência e eu preciso dar conta. Vira e mexe olho a tela de Denise outra vez, constatando que em pouco tempo ela alcançará a 232; a estrada está vazia e isso é preocupante, afinal, essa é uma das passagens mais movimentadas do estado. Não sei se essa é a hora, mas é o que meu coração manda fazer e eu não quero me arrepender; eu só pretendia respondê-la no final desta segunda-feira, quando tudo estivesse mais calmo.
Eu aceito.
Respondo ao pedido e escuto uma risadinha um pouco mais alta logo em seguida, me arrancando outro sorriso; volto ao que estou fazendo e continuo participando da operação; um tempo depois, olho novamente a tela da minha garota e ela já entrou na 232, estando a cento e oitenta dessa vez. Caralho, Denise.
– Gente, podem ter homens se deslocando para Triunfo. – Johnny avisa pelo comunicador e Carlos imediatamente corre até o lado de fora do galpão.
- MERDA! – A voz de Denise soa pelo meu comunicador e eu volto toda a minha atenção para a tela dela; na sequência, escudo um barulho intenso, perdendo completamente o sinal do carro e o dela. Imediatamente fico em choque, o meu corpo trava olhando o monitor e eu não consigo me mover; forço a mente para funcionar e levo as mãos ao teclado, começando a digitar códigos e mais códigos, com o objetivo de encontrar o sinal outra vez, no entanto, é inútil.
- Niara? Fala alguma coisa. – Lívia pede e o meu corpo responde em um susto. – O que aconteceu? – Pergunta, um pouco receosa, e eu respiro fundo.
- Eu perdi o sinal de Denise, tanto do chip quanto do veículo, e não consigo reestabelecer. – Resumo rapidamente e todos ficam em silêncio. – PORRA! – Grito, pouco antes da minha mãe entrar no galpão.
- Os meninos estão ouvindo tudo. – Afirma e eu franzo o cenho, sem entender. – Eles estão brincando com dois rádios comunicadores e conseguiram uma frequência que pega toda a conversa de vocês.
- Alguém deve ter interceptado o sinal e como eu estou me virando em mil, não percebi; vocês precisam se esconder. Quando eu sair, a tecnologia vai ficar descoberta, o que eles ouviram? – Questiono, enquanto procuro por um invasor na rede e o acho rapidamente, derrubando-o em segundos.
- Eu mandei desligarem, porém, acho que não o fizeram; eu peguei da parte em que Safira alerta para não matarem, Thaís. – Mainha descreve.
- PUTA QUE PARIU! – Lívia grita do outro lado e eu coço a cabeça, nervosa; eles ouviram logo isso.
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UMA NOVA CHANCE (Original)
ActionCaroline saiu de Pernambuco, em busca de uma vida melhor na capital paulista, no entanto, depois de perder o amor de sua vida, em um acerto de contas, a mulher decidiu retornar ao Nordeste, à procura de vingança. Após se instalar na cidade de Caruar...