CAPÍTULO 21 - O ÚLTIMO SEGREDO

252 28 115
                                    


Caroline

Agosto de 2039

Lívia prende os dois assentos infantis na parte traseira do SUV e promete me explicar o motivo quando estivermos no caminho; Dani se acomoda em um e eu o ajudo a prender o cinto corretamente, entrando no lado do motorista logo em seguida e tendo a minha garota no banco do passageiro.

- Então? – Questiono, após sairmos dos limites da fazenda.

- Se Salgueiro não é mais seguro e a escola também não, isso não vale apenas para o meu pitoco. – Fala, apontando discretamente com o polegar na direção do filho. – A minha mãe me disse que Glória viu uma agente federal com uma criança na escola; e se uma pessoa viu.

- Qualquer outra pode ter visto. – Completo e ela confirma com a cabeça; imediatamente, aciono Safira pelo celular. – Aonde você está?

- Precisei voltar a Caruaru ainda neste domingo, já verifiquei o perímetro e entreguei o pacote. – A minha irmã resume.

- Ok, vou retirar e levar para outro lugar. – Informo e ela faz um som nasal em concordância. – Mudo a rota do veículo e dirijo até a escola, parando no estacionamento pouco tempo depois.

- Estamos na minha escola, não vamos mais para Triunfo? – Dani pergunta, entristecido.

- Sim campeão, só vamos fazer uma parada rápida e pegar mais um passageiro. – Lívia responde e ele concorda com a cabeça, já imaginando quem é.

- Eu conheço? – O garoto indaga e eu abro um sorriso. – Por que você nunca me apresentou, mamãe? – Tenta demonstrar uma cara de incrédulo, mas falha miseravelmente, fazendo tanto eu quanto a Duquesa o encararmos com expressões desconfiadas. Ele está realmente no personagem.

- Isso é culpa minha, eu disse a sua mãe que talvez ainda tivesse segredos. – Admito sorrindo e ele me encara. – Entretanto, vamos esclarecer tudo agora. – Afirmo e encaro Lívia, que está com um largo sorriso no rosto.

- Então chega de segredos? – Daniel interroga e nós assentimos. – Finalmente!

- Ainda teremos algumas regras, contudo, todos juntos a partir de agora. – A vaqueira declara, enquanto saímos do carro; entramos na escola e eu caminho até a sala do encarregado pelo dia, informando o que estou fazendo aqui e entregando os meus documentos de identificação.

- Esperem aqui, eu já volto. – O homem pede, antes de sair da sala; ando até a janela atrás da mesa dele e fico parada, esperando e observando o horizonte. Lívia senta em uma poltrona e Dani pula no seu colo. Ficamos em silêncio por alguns minutos até que a porta é novamente aberta.

- MAINHA! – Lucas grita, após perceber a minha presença, e corre de encontro ao meu abraço.

Caroline

Ano de 2036

Saí de casa na data prevista, sempre um dia a mais do que no mês anterior. Passei em três bancos diferentes e fiz os depósitos, por envelopes, nas contas distintas. Chico me ensinou a tentar desviar os caminhos, ao máximo, e procurar ser o mais anônima possível. Terminei as minhas obrigações e passei no shopping; comprei algumas roupinhas infantis e peguei um táxi para casa. Nada de transporte coletivo ou de aplicativos, os táxis quase não existiam, mas ainda era possível chamar algum.

Eu passei o caminho resmungando sobre o trânsito, estava louca de saudades do meu filho e queria chegar logo em casa. Contudo, percebi uma movimentação estranha, ao me aproximar do prédio; os homens de Francisco não estavam posicionados nos locais de sempre. Pedi ao motorista para dar a volta no quarteirão, enquanto eu tentava mudar a minha aparência. Abri a bolsa e encontrei um casaco, minhas luvas e um par de óculos reserva; pus o casaco por cima da camisa, subi o capuz, calcei as luvas e troquei os óculos escuros chamativos pelo par mais discreto.

UMA NOVA CHANCE (Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora