CAPÍTULO 32 - TRIUNFO QUER DIZER VITÓRIA

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Carlos

Agosto de 2039

Segunda-feira

Entre 12h e 12h30

O meu planejamento para esta segunda-feira era: verificar o perímetro, pela manhã; ficar de molho da piscina de Cabrobó, até o horário do almoço; verificar novamente o terreno, à tarde; ter uma conversa definitiva com Johnny, antes do jantar; jogar videogame, à noite; e verificar outra vez o terreno, antes de dormir. Ou seja, um dia na mais completa paz, no entanto, eu estou no meio de uma guerra do tráfico e os ataques estão vindo de todos os lados. Para completar, as minhas responsabilidades são quatro pessoas: Niara, Arlete, Dani e Lucas; e dessas, duas são crianças e uma já está na meia idade; se eu falhar aqui, não teremos como medir a dor que outras pessoas sentirão. O único motivo que fez Lívia e Caroline irem até as outras interceptações, foi a confiança depositada em mim, e eu não posso perder esse elo, não agora.

– Gente, podem ter homens se deslocando para Triunfo. – Johnny avisa pelo comunicador e eu corro imediatamente até o lado de fora; estou revezando em manter o território seguro e acompanhar toda a operação; saber que Johnny está bem já é um alívio, contudo, ainda não acabou.

Faço um sinal para os meus homens e mando se posicionarem em lugares estratégicos, quero todos escondidos, estamos com certeza em maior número e eu vou fazer parecer que vamos duelar com igualdade. Rodeio o galpão e olho o anexo subterrâneo, ele é seguro, mas é muito visível; em uma situação hipotética, onde os invasores alcancem esta parte da fazenda, bastam alguns equipamentos e conseguirão abrir. Preciso achar outro local, já dei inúmeras voltas pelo terreno e Carol não tem cobertura de segurança máxima; o fato de manter-se anônima, foi uma medida crucial para evitar invasões, ela sabia que não poderia fazer muita coisa com uma equipe pequena. Pelo menos os homens dela têm ótimas noções de ataque e defesa; foram treinados por Safira, que assim como eu, Johnny, Vick e Lis, tem treinamento militar.

Olho na direção da casa e percebo que Arlete está saindo de lá de forma apressada; procuro rapidamente pelos meninos e os vejo, de frente à janela do escritório; respiro aliviado ao constatar que estão onde devem ficar, dentro da residência. Estou caminhando de volta para o galpão e tentando voltar a atenção nas conversas dos comunicadores, quando escuto a voz de Denise.

- MERDA!Ela grita, antes de ouvirmos um barulho ensurdecedor do lado onde a minha chefe está; em seguida um completo silêncio se estabelece. Porra, nós sabíamos que isso iria acontecer e ela foi direto para uma emboscada; não podíamos arriscar a vida de Glória e foi preciso enfrentar os acontecimentos. Essa é a diferença entre nós e Thaís; a Duquesa de Paulo Afonso teria deixado qualquer um para trás, pelo menos esta é a imagem que ela passa. Continuo focado no comunicador, esperando por um posicionamento de Niara sobre o ocorrido, porém, ela permanece calada, deve estar em choque, algo aconteceu com a garota dela e sabe lá Deus o que está passando na cabeça dessa hacker agora.

- Niara? Fala alguma coisa. – Lívia pede, completamente nervosa. – O que aconteceu? – Pergunta pausadamente; a sua voz é de puro medo de ouvir a resposta.

- Eu perdi o sinal de Denise, tanto do chip quanto do veículo, e não consigo reestabelecer. – Conta e todos ficam em silêncio. Percebo Arlete passar por mim, indo em direção ao ambiente onde a filha está. – PORRA! – A hacker grita e eu me sento ao lado do galpão, tentando me recompor; as coisas não podem dar errado nessa altura do campeonato.

- Os meninos estão ouvindo tudo. – A mãe de Niara informa e eu arregalo os olhos, não estava prestando atenção nas conversas e não sei quais foram os assuntos abordados nesse meio tempo.Eles estão brincando com dois rádios comunicadores e conseguiram uma frequência que pega toda a conversa de vocês. – Franzo o cenho, se eles podem nos escutar, alguém do lado de fora também pode; corro imediatamente até onde os meus homens estão e faço sinal de silêncio, pedindo para eles evitarem comunicações por voz; pego um graveto e no chão, escrevo que podemos estar com os rádios interceptados; falo em códigos com o líder e passo algumas mudanças para que ele faça pessoalmente.

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