CAPÍTULO 22 - ESTRATÉGIA DE ATAQUE

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Lívia

Agosto de 2039

Domingo

- Graças a Deus você me atendeu. – Alícia fala ofegante. – Estou saindo de Recife agora, Thaís antecipou o plano e eu devo chegar na primeira cidade ainda hoje; como você não me atendia, eu já passei todos os endereços para Niara e ela ficou de mostrar a Safira. – Escuto o que ela tem a dizer, tiro o rosto do pescoço de Caroline e a encaro com uma expressão preocupada.

- Quando você deverá fazer a primeira entrega? – A minha garota pergunta, já saindo do quarto e procurando a hacker pela casa; sigo na sua cola e faço um sinal para irmos até o galpão, após avistarmos a minha irmã e Niara na sala de jantar. Caio faz menção de ir junto, contudo, Carol aponta na direção dos meninos e sussurra que o atualizará depois.

- Amanhã, segunda-feira, no fim da tarde; a primeira cidade é Petrolândia, a segunda Floresta e a terceira Belém de São Francisco; todas fazem fronteira com a Bahia e são próximas de Paulo Afonso. – Alícia detalha e nós memorizamos tudo. – Têm mais cidades, porém, amanhã serão essas e só depois eu receberei as próximas localizações.

- Aguarde um minuto, Alícia; estamos entrando no galpão e Niara vai abrir o mapa para entendermos melhor as intenções de Thaís. – Me pronuncio, finalmente.

- Tudo bem, entretanto, eu posso adiantar porque já estudei isso. Carol fez o polígono dela dentro do seu território, Duquesa; sabendo disso, Thaís está tentando fazer outro polígono por fora, para cercar o da sua advogada e ainda se manter dentro do seu. – A Lady da minha garota explica, no mesmo momento em que a hacker confirma a estratégia pelo mapa.

- Sabia que eu devia ter matado aquela vagabunda. – Caroline lamenta e Denise cai na gargalhada. – Ela previu Floresta como a minha próxima cidade e se antecipou, pegando ainda Petrolândia no caminho; fique conosco nesta reunião, Alícia; nós iremos montar o contra-ataque agora.

- Niara já tem munição suficiente para Safira conseguir uma ordem de busca e apreensão nos galpões do finado Duque, podemos fazer tudo ao mesmo tempo e Thaís será bombardeada antes de atacar. – A minha irmã se posiciona e eu franzo o cenho, sem entender quais são as munições.

- Consegui inserir um vírus nos aparelhos próximos aos locais e encontrei calor humano em abundância dentro das instalações; é muita gente para o espaço em que estão, e isso indica algo suspeito, até porque eles quase não se movimentam. – Niara começa as explicações. – Outra coisa intrigante é a quantidade de frequências cardíacas um pouco mais aceleradas do que o normal.

- Crianças. – Carol afirma e ela concorda com a cabeça, abrindo um gráfico no computador instantes depois; a quantidade de recém-nascidos e crianças com menos de cinco anos é muito grande; e os adultos estáticos por horas seguidas, não chegam nem a 20.

- Mas como você vai ligar este crime a Thaís? O nome do meu pai nos terrenos? – Questiono, observando a tela. – Ela pode facilmente alegar que isso ficou comigo e me culpar pelo tráfico de pessoas; esse devia ser o principal motivo para usar caminhões com a minha marca como disfarce.

- Eu consegui algo muito importante com a gravação da ligação dela com Alícia; fiz o reconhecimento de voz e bate em mais de oitenta por cento, era a sua irmã quem ligava para o meu pai e informava sobre os carregamentos. Este crime é tão sério que ela cuidava dele pessoalmente. – Niara detalha e nós abrimos um largo sorriso. - Embora o tráfico de pessoas não seja mencionado em nenhuma das chamadas.

- Bom, isso não importa, se ligarmos ela às localizações, ficará subentendido. – Caroline completa. – O que te intriga, Niara?

- Thaís nunca mencionou o tráfico de armas e nem o de drogas nas chamadas. Contudo, após a denúncia anônima recebida por Safira, sobre esses terrenos, a qual nós suspeitamos que a origem da ligação foi exposta propositalmente, armas e drogas passaram a ser induzidas nas comunicações; pessoas nunca foram relatadas. – A hacker mostra o ponto de vista. – Isso encaixa com a suspeita de que ela está tentando passar a mensagem de quais crimes foram cometidos por ela e quais não foram. – Niara finaliza. – No entanto, se queremos pegá-la, é com essas gravações que poderemos fazer isso; basta um depoimento e Safira poderá fazer o reconhecimento de voz com o material enviado por mim.

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