CAPÍTULO 10 - ARQUIVO CONFIDENCIAL

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Caroline

Julho de 2039

Apesar do sexo ter sido maravilhoso e meu corpo realmente ter relaxado, eu não consegui dormir, tão cedo; fiquei revirando na cama de Lívia, enquanto a Duquesa, parecia nem se abalar. Levanto e saio do cômodo, indo em direção a cozinha, quando me deparo com Daniel abrindo a porta do seu quarto.

- Pesadelos? – Pergunto e ele me encara.

- Dessa vez, não; eu só acordei com vontade de ir ao banheiro e perdi o sono. – O garoto responde, se escorando na parede do corredor. – E você?

- Também estou sem sono, está indo até o quarto da sua mãe? – Indago, interessada.

- Sim, mas eu não vou pedir para dormir com vocês, dessa vez. – Ele me inclui e eu abro um sorriso. – Eu estou com fome e a mamãe Lívia disse que eu deveria chamá-la, se não tivesse ninguém acordado; mas aí eu encontrei você e... – Interrompe o argumento, demonstrando timidez.

- Que tal um leite morno? – Sugiro e o menino abre um sorriso. – Então vamos!

Caminhamos juntos até a cozinha e eu esquento um pouco de leite para nós dois; tomamos em silêncio e eu o conduzo de volta ao quarto; Dani deita na cama, me encarando e esperando eu me aconchegar ao seu lado; na sequência, envolvo-o em um abraço.

- Vou cantar um pouco e depois de você dormir, eu volto ao outro quarto, ok? – Questiono e ele confirma com a cabeça. Inicio uma canção divertida, sobre uma casa inacabada, no entanto, sou interrompida logo no início.

- Eu adoro essa! – O pitoco exclama sorrindo e se cala, em seguida, me permitindo continuar. Prossigo, destacando tudo o que era inexistente na residência; não tem nada, nem chão, nem paredes; ao longo da letra, tanto eu quanto ele, rimos da situação descrita. Continuo cantando e me deito ainda mais, nada cama, fazendo um cafuné gostoso nos cabelos dele. Chego no fim da melodia, entregando o endereço da casa.

- Essa música te deixou mais ativo. – Comento, depois de constatar o quanto o menino está esperto.

- Essa é uma das minhas preferidas, cante de novo, Carol; por favor. – Ele pede e eu concordo com a cabeça, recomeçando os versos. Depois de um tempo, vejo-o bocejar e troco de canção; dessa vez, escolho a preferida de Lucas. Pego o celular e começo a gravar um áudio, discretamente. Canto para Dani, porém, mantenho o microfone, do telefone, junto a mim; o pequeno me abraça e se acomoda ao lado do meu corpo.

A letra usa a metáfora do desenho, com a ideia de fazer referência à imaginação; usando de versos infantis e abordando um imaginário infantil. Os versos começam com algo simples, que vai aumentando e criando vida, gradativamente; como uma criança, colocando um lençol nos ombros e se igualando a um super-herói. Inicialmente, é apenas aquele personagem, mas logo em seguida, já são criados cenários, vilões e situações.

Enxugo uma lágrima teimosa, que quer cair a todo custo, pelo meu rosto, e continuo com a canção. Percebo Daniel cochilar e me ajeito na cama, aproximando o celular do meu rosto, com o objetivo de deixar a captação, do som, melhor. Abraço o garoto, ao meu lado, e aperto os olhos, lamentando pelo meu menino não estar aqui. Um soluço baixinho escapa, porém, logo me recomponho, na intenção de finalizar a música. Olho a tela do telefone e percebo que o contato, para onde enviarei o áudio, está online.

- Eu amo você... - Murmuro no final e envio a gravação para Safira. Me aconchego ao lado de Dani e decido que é aqui onde eu quero dormir, essa noite. - Hoje seremos só eu e você, campeão. – Sussurro, antes de beijar a cabecinha dele e fechar os olhos.

Lívia

Julho de 2039

Fui dormir, no domingo, com Caroline ao meu lado; e acordei sem a mulher na cama. Depois de tomar um banho e trocar de roupa, desço até a cozinha e não encontro nem ela e nem Daniel; Glória já está a todo vapor pela casa e me informa não ter visto nenhum dos dois, ainda. Caminho até o quarto do meu filho e quando entro, me deparo com os dois dormindo abraçados, na cama dele; fico ali, encostada na parede, observando aquela cena com um sorriso no rosto; retiro o celular do bolso, afim de registrar o momento, entretanto, o meu pequeno acorda e encara a advogada, sem perceber a minha presença; ele se remexe, tentando sair do abraço dela, e a jurista acorda no mesmo instante, recebendo um sorriso sem graça do meu garoto.

UMA NOVA CHANCE (Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora