CAPÍTULO 12 - UMA ÚLTIMA VEZ

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Lívia

Julho de 2039

- Aonde você vai? – Pergunto, observando o que ela está fazendo.

- Voltarei para Caruaru, agora mesmo. – Carol responde e fecha a mala.

A advogada permanece irredutível, além de ter me ignorado, desde a nossa discussão, pretende deixar a fazenda e colocar a própria vida em risco; a mulher está tão cega, de raiva, que não consegue perceber o perigo em que está se metendo; eu preciso fazer alguma coisa.

- Chega, doutora. – Falo, me aproximando dela e fazendo-a me encarar. – Você quer ir embora? Então vá, mas antes vai me ouvir, de um jeito ou de outro. – Ela me encara e analisa a minha expressão, antes de finalmente parar o que está fazendo e botar as mãos na cintura, esperando pelo meu discurso.

- Vamos, eu não tenho o dia todo. – Me apressa, demonstrando impaciência.

- Você tem todo o direito de me ignorar, ou estar irritada; sim, eu falhei quando não revelei a verdade; sim, eu tive a oportunidade de abrir o jogo e optei por não fazer isso; porém, existem motivos para que tudo tenha acontecido dessa forma e você precisa me deixar de explicá-los. – Começo a falar e ela se senta na poltrona, cruzando as pernas, em seguida, e permanecendo em silêncio; respiro fundo e volto ao assunto. – Vamos começar com a sua fuga de São Paulo, não tem nada na sua memória, sobre esse fatídico dia, que me envolva? – Interrogo e espero por uma resposta.

- Não consigo recordar, o que você tem a ver com o dia em que eu precisei fugir da capital Paulista? – Questiona, interessada.

- A minha empresa estava em operação, há poucos meses; ainda não tinha o reconhecimento que tem hoje no mercado, entretanto, nós já operávamos como transportadora e estávamos infiltrados nos contatos secretos dos homens de Thaís. – Revelo e ela arregala os olhos. – Ficamos assim por mais tempo do que imaginávamos e só na semana passada, o nosso frete de papel higiênico foi interceptado, como um aviso de que a Duquesa de Paulo Afonso tinha nos descoberto; você sabe de tudo, porque esteve nessa reunião; o fato é que conseguimos ficar nas sombras por sermos solicitados apenas em emergências e enquanto não fomos pegos, descobrimos muita coisa deixada para trás.

- Então, quando eu acionei a transportadora, na intenção de obter ajuda com a fuga, você precisou autorizar o serviço? – Pergunta e eu confirmo com a cabeça. – E por que não deu a ordem para me matarem?

- Porque quando eu pesquisei sobre a mulher de Chico, não achei nada e entendi que a minha irmã não teve conhecimento sobre você e Lucas, por um bom tempo. – Explico, me aproximando da poltrona e apoiando as mãos nos braços do assento. – Karla Disguise não fazia parte do crime e não era uma ameaça, contudo, a minha querida irmã te mataria, em um piscar de olhos.

- No entanto, a minha história não termina aí, Lívia. – Carol conclui e novamente, eu concordo com a cabeça.

- Eu mandei rastrearem o que você estava fazendo, sem segurança, naquele dia; a minha equipe descobriu a sua movimentação em bancos diferentes, três para ser mais exata. – Resumo, abrindo um sorriso. – Um ótimo padrão para quem não quer ser rastreado, mas eu tenho muitos contatos e com uma boa quantia de dinheiro, achei a conta de Safira Café. – Detalho e ela suspira.

- Então, mesmo antes de eu pedir um emprego e Safira entrar na polícia, você já sabia tudo sobre ela. – Pergunta e eu apenas a encaro. – E mesmo assim, a minha irmã entrou no crime, por um convite seu.

- Antes de chegarmos nela, me deixe terminar; ao encontrar Safira, eu procurei dentro dos meus arquivos, com o objetivo de ver se esse sobrenome aparecia nos meus registros; acabei encontrando as terras de Caroline e Safira Equator Café. Com o seu pai desaparecido e a sua mãe já falecida, vocês passaram a ser representantes do terreno. E usando um pouquinho de lógica, era possível perceber que a esposa secreta de Chico usava um nome falso para esconder a identidade de Caroline Equator Café. – Detalho e ela bufa, me fazendo sorrir. – Poucos dias depois do acontecido, uma Caroline Equator entrou em contato com Aisha, procurando por emprego, no escritório de Caruaru; a partir daí, eu não preciso nem usar a lógica. Você nunca estranhou o fato de ter sido contratada com tanta facilidade?

UMA NOVA CHANCE (Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora