CAPÍTULO 13 - COMO É QUE É?

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Caroline

Agosto de 2039, um mês depois

Meu celular toca pela segunda vez, mostrando o nome da vaqueira na tela, e eu respiro fundo. Desde o nosso último momento íntimo, tínhamos ficado separadas por pouco mais de um mês; contudo, hoje tivemos o nosso primeiro contato. Lívia respeitou o meu espaço e não me procurou; resolvi todas as pendências com Denise, Safira e Niara; voltei à minha rotina e agora, tudo no escritório era responsabilidade minha. Colocamos muita coisa em ordem e pude perceber que Aisha estava com o objetivo de levar aquela marca a falência, ainda bem que percebemos esse detalhe e corrigimos o erro.

Hoje era quinta-feira e eu tive a minha primeira reunião com a Duquesa; ela veio, pessoalmente, saber como as coisas estavam sendo encaminhadas por aqui; e ficou de vir pelo menos uma vez ao mês. Lívia se manteve totalmente profissional, sem gracinhas ou sorrisinhos cafajestes. Era perceptível o quanto a mulher estava desconfortável, em estar ali comigo e não poder me tocar; do meu lado, confesso que a saudade só aumentou, principalmente quando precisei tratá-la apenas como a minha chefe.

No entanto, essa noite a vaqueira está desesperada atrás de mim; algo me diz que ela baterá na minha porta, a qualquer instante. Olho o meu telefone e a segunda ligação é encerrada, porém, o silêncio não prevalece no ambiente. O meu aparelho começa a tocar, outra e vez; e agora, o nome de Niara aparece para mim. Algo aconteceu e eu preciso atender, entretanto, essa não é a melhor hora. Respiro fundo e penso no melhor movimento a fazer, a partir de agora; estou sozinha nessa e não posso botar tudo a perder.

Levanto do sofá e olho o portão eletrônico da minha casa, quando o meu celular recebe uma nova chamada de Lívia; a campainha toca, logo em seguida, confirmando as minhas suspeitas de que ela viria aqui. Depois da nossa reunião, a mulher me informou que estaria em Caruaru até o domingo; ela acompanharia, pessoalmente, um carregamento saindo daqui. Em consideração às minhas viagens, a nossa reunião foi marcada em uma quinta-feira e assim, eu estaria livre para ir aonde quisesse, nos próximos dias. Enquanto isso, a minha vaqueira galante ficaria por mais tempo na cidade, esperando pelo final da sua agenda de compromissos.

Caminho até a mesinha de apoio, na entrada da casa, e pego o controle do portão na gaveta; vou até o terraço e fico bem no canto, depois do sofá; abro a porta e ela invade a minha propriedade, montada em uma moto. A Duquesa pilota rápido, vindo na minha direção, e praticamente salta do transporte, após parar na minha frente; caminha até onde eu estou e sem pedir permissão, me puxa pela cintura e cola os nossos lábios. Que saudade que eu estava desse beijo, mas agora não é o melhor momento, porra!

- Lívia... – Falo, tentando me livrar dela. – O que está fazendo aqui?

- Como o que estou fazendo aqui, Caroline? – Ela responde, irritada. - Você não atendeu o telefone e isso me deixou extremamente preocupada; ainda mais depois disso aqui. - A mulher mostra o aplicativo, no celular dela, e eu respiro fundo.

- Está tudo bem, foi apenas um mal-entendido. – Tento explicar e olho para a entrada da casa.

- Fale comigo, por favor. – Lívia pede, enquanto segura o meu queixo, me obrigando a encará-la. – O que está acontecendo? Confie em mim.

- Não está acontecendo nada, vaqueira; você já pode ir. Eu estou ótima e quero um pouco de sossego, na minha casa. – Explico, encarando-a, e ela continua me olhando, de forma avaliativa.

- Me deixe ajudar, Carol; vamos. – Ela insiste e eu abraço-a.

- Você está se preocupando com besteira. – Afirmo, levando as mãos até as suas costas e descansando a cabeça no seu peito. – Volte para a sua hospedaria e se eu precisar de algo, te falo. – Completo, retirando a mão das costas dela e levando até as minhas; imediatamente, ela segura os meus ombros e me encara, com os olhos quase arregalados. – Vamos, vá embora, meu bem. – Insisto, depois de encostar as nossas testas.

- Eu não irei. – Ela declara e analisa a minha casa, fazendo menção de entrar, contudo, eu seguro o seu braço.

- Ao menos dessa vez, me escute; já é a terceira vez que eu peço para você ir embora da minha casa. – Exponho, rezando para que ela entenda. – Dê o primeiro movimento e vá embora, caralho! – Engrosso e a mulher me encara; ela pega o capacete, logo em seguida, e sobe na moto. Observo-a partir, porém, não fecho o portão; ao invés disso, jogo o controle no meio do gramado e volto até o interior da minha casa, sentando novamente no sofá.

- Ótimo. – O homem se pronuncia, reaparecendo no mesmo cômodo. – Demorou, mas conseguiu se livrar dela; não iríamos querer que Lívia descobrisse a presença dos homens de Thaís, na sua residência; não é, Caroline? – Me pergunta, por fim, e eu o encaro.

- Claro que não. – Respondo, com um sorriso sarcástico no rosto, depois de ver o meu celular receber uma mensagem, de Niara.

UMA NOVA CHANCE (Original)Onde histórias criam vida. Descubra agora