UMA NOVA CHANCE (Original)

CAPÍTULO 35 - RESSURREIÇÃO

Caroline

Agosto de 2039

Eu estava com Thaís na minha mira, enquanto ela tentava segurar o braço de Clarice, contudo, não podia atirar, tinha uma granada no meio das duas e aquela porra só levaria quatro segundos para explodir, se a alavanca deixasse de ser pressionada. Sem falar que não era possível saber qual seria a atitude de Thaís, ao ter o controle do explosivo. De onde aquela merda saiu que ninguém viu? Percebi Lívia se projetar em direção as duas, na tentativa de se livrar da bomba, e antes que ela chegasse, eu acertei dois tiros na sua irmã mais nova; ambos na perna, apenas para interromper qualquer atitude insana. Tudo aconteceu muito rápido, Thaís caiu no chão, puxando Clarice com ela e derrubando a granada; a minha garota esqueceu as duas e pegou o armamento, jogando-o pela janela, entretanto, demorou demais para finalizar a ação e a explosão aconteceu muito perto, arremessando o corpo de Lívia em cima de uma das camas do dormitório.

- LÍVIA. – Grito em desespero, ao notar ela não se mover; observo a mãe dela e a irmã, as duas também estão imóveis, no chão. O corpo de Thaís protege o de Clarice; pela posição, foi completamente proposital. Porra!

- O que foi isso? Alguém fale alguma coisa. – A voz de Denise soa nos meus ouvidos e eu não consigo dizer nada; estou imóvel e em choque, não... não... não... Corro até a minha garota e paro ao seu lado na cama; percebo que está respirando e um alívio se acomoda no meu corpo.

- Amor, fala comigo. – Me aproximo e toco nela, tentando acordá-la. – CARALHO, VICK, VENHA NA CASA, AGORA. ELA ESTÁ SANGRANDO MUITO! – Grito, ao perceber o corte por baixo do seu colete, provocado por um estilhaço de vidro, vindo da janela; mas não tenho respostas. Lembro imediatamente que Niara mencionou há pouco tempo, sobre ter perdido o sinal do helicóptero; além do barulho, antes da explosão. Tem algo acontecendo lá fora. Estou sozinha e a minha garota tem diversos cortes no rosto e no braço, além de um machucado profundo na cintura. Percebo a respiração de Lívia falhar e volto a me desesperar; agora não, porra!

Alinho o meu corpo e fico de joelhos ao lado dela, posiciono o seu pescoço e confiro se está reta na cama, ajeito os seus joelhos e ponho as minhas mãos no seu tórax, iniciando uma massagem cardíaca e rezando para que a resposta seja rápida; o ideal é que tenha mais uma pessoa, com o objetivo de revezar comigo, no entanto, estou sozinha e preciso dela acordada em até dois minutos; continuo pressionando. – Vamos... Não me deixe... Não agora... Acorde... Lute... – Os meus músculos estão começando a arder, quando em um solavanco, Lívia puxa o ar com tudo e abre os olhos de maneira arregalada; a mulher, ainda sob efeito da adrenalina, tenta se levantar e eu a seguro na mesma posição.

- A minha mãe. – Inicia, com os olhos marejados, e eu apenas acaricio os seus cabelos. Levo a minha mão no ferimento dela, percebendo que o vidro saiu da pele e agora o estrago é ainda maior; pressiono com força, para tentar impedir o sangramento; ela geme de dor, fechando os olhos e deixando uma lágrima escorrer. Começo a retirar o cinto da calça dela, fazendo um sinal com o queixo, tentando apontar o lencinho charmoso que sempre está em seu pescoço; ela entende e retira-o imediatamente, levando ao local do corte e me deixando passar o cinto em volta da cintura, com a intenção de ajudar a segurar o tecido. 

- Eu chamei por Vick, porém, ela não respondeu; e Lis não se pronunciou; eu preciso ir lá fora. – Afirmo e ela nega com a cabeça. – Amor, eu sou a única inteira e com cordas vocais, preciso saber o que está acontecendo; neste quarto estamos cercadas, e você tem um corte muito profundo.

- Você não vai a lugar nenhum sem mim, Caroline; não até eu ter certeza de que é seguro. – Afirma irritada e eu suspiro, colando as nossas testas.