UMA NOVA CHANCE (Original)

CAPÍTULO 40 - UM FINAL ALTERNATIVO

Lívia

Agosto de 2040

Horas antes

- Faça isso, meu amor. – Pedi e parei na cozinha no mesmo instante, ao escutar o meu telefone tocar. – Não conheço este número, me deixe atender. Alô.

- Olá, minha irmã, sentiu saudades? – Congelei no lugar, após ter escutado a outra voz, e atraí a atenção de Caroline.

- Quem é? – A minha esposa perguntou interessada, ao notar a minha expressão, e retirou o telefone da minha mão para colocá-lo no viva-voz. – Quem está falando? – Interrogou, antes de ouvirmos a voz outra vez.

- Que ótima surpresa, a minha cunhada está presente nesta conversa. – Thaís debochou, enquanto nos entreolhamos, sem saber como reagir. – Eu preciso dar explicações sobre a minha chamada, não é mesmo?

- Thaís... – Tentei falar, porém, a voz morreu na minha garganta; eu tinha acabado de conversar com Denise e ela me passou um estado deplorável sobre a situação da nossa irmã, as coisas não estavam fazendo sentido.

- A bastardinha veio até o sanatório hoje, e apreciou o meu teatro. Confesso, foi muito divertido enganar todos aqui e até mesmo vocês; mas fiquei impressionada com a capacidade perceptiva dela, na última visita. Denise é muito observadora, você encontrou uma ótima olheira embaixo daquela marquise. – Eu sempre ficava em choque, ao lembrar que a minha irmã estava observando tudo, quando eu chamei Denise até o prédio. - Nem mainha conseguiu enxergar as minhas encenações e agora, com um pouco de recursos que ainda tenho, eu vou sumir daqui. – Pelas colocações, Thaís ainda estava no lugar. – Acho que vou incendiar tudo, depois de soltar o restante dos pacientes, claro.

- Você precisa se entregar a um tratamento, Thaís. Porra! Essa loucura já passou de todos os limites. – Carol se exaltou e eu tentei recompô-la.

- Não, cunhadinha, a única coisa que eu preciso é acabar com a minha mãe e a minha irmã, e eu irei. Se eu sou louca, a culpa é... – A fala dela foi cortada e outra voz surgiu na chamada.

- O que porra você está fazendo, Thaís? – Encarei a minha garota e encontrei a mesma expressão, a voz não era conhecida. – Já chega, para quem você ligou? – A mulher questionou irritada, e a última coisa captada foi: - Merda! – Então, a ligação foi encerrada e não adiantou retornar, já constava como inexistente. Ficamos ali, tentando entender o que tinha acabado de acontecer, entretanto, outra ligação chegou no meu telefone.

- Lívia, aqui é a diretora da clínica onde a sua irmã foi internada, sinto muito pela notícia que te darei agora, contudo, aparentemente Thaís conseguiu burlar todos os nossos diagnósticos, libertou os pacientes, fugiu da clínica e temos um princípio de incêndio aqui. – Passou um resumo do caos instalado no local, tendo a nossa total atenção. – Quanto ao fogo, é controlável, e os pacientes estão dentro do terreno, no entanto, teremos trabalho para levar todos de volta aos dormitórios.

- Uma bela distração. – Carol sussurrou e eu concordei com ela.

- Como ela conseguiu burlar os diagnósticos? – Perguntei, sem entender o motivo pelo qual nenhum médico percebeu o fingimento dela. As palavras de Denise ecoavam na minha cabeça e eu sabia que tinha dedo da minha mãe naquilo tudo.

- Ela subornou os enfermeiros, responsáveis por medicá-la, foram eles que a ajudaram a sair daqui; e quanto a nos enganar, algumas patologias são muito complexas e o paciente consegue fingir com perfeição que está curado ou debilitado; essa foi a estratégia dela. Acreditávamos em um quadro de piora, como foi explicado a Denise mais cedo, contudo, não se passava de uma encenação. – Resumiu os últimos acontecimentos. Levei as mãos até a cabeça, porra eu estava falando com a própria pessoa que foi subornada. – Eu sinto muito por te dar essa notícia, porém, a sua irmã não é a primeira a conseguir fazer isso. – Mainha tratou de toda a transferência da minha caçula; aquela diretora coordenou tudo junto a ela.