capítulo dezessete.

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Eu havia dormido, com certeza da maneira mais desconfortável possível, já que eu estava sentada

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Eu havia dormido, com certeza da maneira mais desconfortável possível, já que eu estava sentada.

No meu celular haviam diversas notificações, principalmente do Instagram. Entre elas tinham dez ligações perdidas da Helena, eu realmente preciso parar de deixar meu celular no silencioso. Rapidamente olho a hora: sete e dez da noite, puta que pariu, eu dormi isso tudo?

Apenas aviso por mensagem que voltaria pra casa agora e tento me levantar sem acordar o Arthur.

—  Fica. — diz com uma voz rouca e sonolenta, segurando meu braço. — Aqui, por favor.

— Eu preciso ir, Thur. — digo e ele faz biquinho. — Até amanhã, fica bem. — ele se levanta e vem até mim, me abraçando e eu beijo sua bochecha.

— Até. — abre a porta e eu passo por ela. — Vem mais vezes. — coça os olhos e eu dou um sorriso bobo.

— Já vai? — Valéria, a mãe de Arthur, que estava sentada ao lado de um homem, provavelmente o pai do Arthur, no sofá, assistindo TV, diz. — Essa daqui é a Ana, uma amiguinha do Thur. — aponta pra mim e o homem me olha.

— Muito bom lhe conhecer, Ana, me chamo Carlos, sou o pai do Arthur. — vem até mim e aperta minha mão.  Você é muito bonita. — sorri sem mostrar os dentes e solta minha mão.

— Obrigada! — digo, com um sorriso no rosto. — Foi bom conhecer vocês, quem sabe outro dia eu não apareço por aqui. — aceno e Valéria me acompanha até a porta, abrindo ela.

É, com certeza essa foi uma das melhores tardes da minha vida, por mais que eu tivesse passado metade dela dormindo.

ʚĭɞ

Estava passando em frente a casa da Laís e me deparo com mais uma das ligações de Helena, e rapidamente atendo.

— Meu Deus, Helena, eu 'tô indo!

Pra que tem celular se não atende? — rio. — Sua filha 'tá viva sim, seu Heitor. rio ainda mais alto ao ouvir isso.

— Sim, e inclusive 'tô aqui na porta de casa. — ela desliga a ligação e logo abre o portão.

— Seu pai 'tá no escritório, mas antes eu preciso ter uma conversinha com a senhora. — me puxa até a cozinha. Pra fazer tanta questão assim, com certeza quer saber sobre o Arthur.

— Aconteceu alguma coisa? — ela revira os olhos, como se o que ela quisesse saber fosse óbvio.

— Como foi lá? — pergunta, com um sorriso no rosto.

— Foi normal. — ergue as sobrancelhas, cruzando os braços. — Eu gosto da companhia dele, ué.

— Só da companhia?

— Sim. — digo, simples e ela respira fundo, negando com a cabeça. — Sei lá, Helena, eu só me sinto diferente quando 'tô com ele, eu até..

— Ana Hernandez Garcia. — meu pai aparece na cozinha, me interrompendo. Fui com Deus agora. — O que você 'tava fazendo na casa daquele menino que esqueceu que hoje a gente ia fazer aquela aposta? Eu já até liguei o video-game! — cruza os braços e eu rio. Como levar meu pai a sério?

— Aí meu Deus, desculpa, pai! — digo, passando a mão pelo rosto. — Prepare o bolso 'pra comprar um Jordan novinho 'pra mim. — abro um sorriso.

— Sonha, né? — diz, me direcionando até a sala. — É, filha, assim. — se senta do meu lado.

— 'Tá tudo bem, pai? — pergunto e ele engole seco.

— 'Tá, 'tá sim. — coça a garganta. — Você 'tava falando do Thur quando eu entrei, né? — coro, arregalando os olhos.

— Eu pensava que você tinha ciúme dele, seu Heitor. — rio.

— Talvez. — diz, estendendo as mãos em rendimento. — Mas eu penso que você deveria aproveitar, sabe? Pode ser que ele não seja o certo, mas quantas vezes eu insisti nas pessoas erradas até encontrar a sua mãe?

— Pai.. — eu de fato nunca me imaginaria tendo essa conversa com o meu pai.

— Vai por mim, filha, eu já apanhei muito nessa vida achando que as coisas nunca dariam certo, mas a sua mãe sempre esteve comigo, cuidando de mim, em todas elas. — e eu admirava tanto eles dois por isso, eu devo seguir o mesmo exemplo.

— É tudo muito recente.

— Nem tudo é sobre tempo, Ana. — passa o dado em meu nariz, dando um sorrisinho. — E você fica feliz falando dele. — morde os lábios e olha pro chão, enquanto eu dou um sorriso sem mostrar os dentes, que logo se desfaz quando eu lembro de Alice. Com certeza ele não sabia que ela gostava dele.

Permaneço em silêncio, isso com certeza ficaria martelando minha cabeça até uma luz cair sobre mim e eu descobrir o que eu preciso fazer.

— Agora chega de melação, 'vamo escolher os times. — quebra o silêncio e me entrega um dos controles. — Pega um do mesmo nível que o meu, se não 'cê vai perder de lavada.

— Pai, o senhor jogou com o melhor que tinha e ainda perdeu 'pra mim, lembra daquel..

— Lembro. — me interrompe e eu rio. — Eu deixei, eu deixei.

— Cadê a mamãe essas horas 'pra reclamar que a gente 'tá jogando e ela quer assistir novela? — digo e ele ri fraco.

— Foi fazer compras no shopping. — ele diz, vidrado na tela da televisão, escolhendo seu time. — E nem levou a gente.

— Pai, da última vez que eu e você fomos no shopping com ela, a gente quase foi expulso. — digo e ele ergue as sobrancelhas.

— E eu ia saber que não podia sentar naquela cadeira? — cruza os braços.

— A mamãe te chamou de analfabeto porque tinha um plaquinha avisando que não podia, lembra? — ele assente, rindo.

— Mas também não foi nada demais, foi sem querer, não tinha por quê eles quererem me expulsar. — cruza os braços. — Eu só não aguentava segurar mais aquele monte de sacola sua e da sua mãe.

— Pai, você quebrou a cadeira. — digo e ele faz biquinho. — Ela deve ter raiva até hoje por isso.

— Rancorosa do jeito que ela é, parece você. — diz e eu gargalho.

— Agora vamos falar sobre mim? — cruzo os braços.

— 'Pra mim você 'tá é me enrolando, escolhe logo esse teu time! — dá um tapa fraco em meu braço e eu reviro os olhos, rindo.

Jogamos por umas duas horas, acabou que eu ganhei a aposta. Eu com certeza fiquei me gabando, considerando que a cada gol, ele dizia que tava deixando, porque eu precisava muito de um tênis novo e ele era um pai exemplar e responsável.

Cada momento com ele era único, principalmente não sabendo quando isso se repetiria novamente.

Era bom ter a companhia do meu pai.

Mina do condomínio | Loud Thurzin. Onde histórias criam vida. Descubra agora