capítulo treze.

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Meus pais já haviam chegado, e, consequentemente, Helena tinha ido embora

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Meus pais já haviam chegado, e, consequentemente, Helena tinha ido embora.

Nós tínhamos acabado de jantar, e eu confesso que estava com uma baita saudade da comida da minha mãe, aliás, comida de mãe é outro nível, né?

— Filha, o que você acha da gente assistir um filme? — minha mãe pergunta, empolgada, assim que termina de tirar a mesa do jantar. — Isso se o seu pai não começar a roncar na metade.

— Verdade mãe, depois ele fica reclamando que não 'tá entendendo nada. — entro nas provocações.

— Que humilhação é essa, vocês duas? — ele diz, cruzando os braços. — Não vou dormir. — vai em direção a cozinha.

— Bem que o senhor podia pedir um Ifood ‘pra a gente, né, pai? — pergunto em um tom alto, já que ele estava em outro cômodo e minha mãe concorda, se jogando no sofá. Apenas pego meu celular e abro o aplicativo do Ifood. — Eu 'tava vendo que tem uma pizzaria muito boa aqui na região. — rolo pela imensidade de pizzarias que haviam disponíveis no Ifood.

— Vocês acabaram de comer, meu Deus. — aparece na sala e eu me sento do lado da minha mãe, fazendo cara feia assim como ela, de fato, as mulheres que mandavam aqui. — E como que eu fico? Sou o único menino daqui e dizem que não se contraria mulher. — dá um gole em seu copo de água que ele havia acabado de pegar na cozinha.

— Daqui uns dias isso passa, tua filha vai trazer algum namoradinho. — ele se engasga com água e minha mãe gargalha. — Heitor, pelo amor de Deus! — continua rindo. 

— Mãe, desse jeito você vai matar o ‘veio. — apelido que eu e minha mãe chamávamos ele pra que ele se irritasse. De acordo com ele, ele estava na flor da idade. — Eu sou encalhada. — jogo meu celular pro lado e agarro a almofada, enquanto meu pai se senta do meu lado com uma cara feia, tentando segurar o riso.

— Encalhada, sei bem! — minha mãe diz, me batendo com a almofada e rindo. — Até que o Thur seria um bom genro, você não acha, Heitor? — coro e meu pai ergue as sobrancelhas.

— Acho. — ele diz e eu arregalo os olhos, tenho que me certificar de que não estava sonhando. — Mas se ele machucar ela, a gente vai ter um problema. — rio. 

— Ele não tem cara de quem faria isso, né, filha? — diz e os dois me encaram. Ele não tinha mesmo. — Já que você concorda, podíamos chamar ele da próxima vez que nos reunimos assim. — meu pai arregala os olhos, negando com a cabeça.

— Perai, né, Cecília. — ele diz, indignado ironicamente. Meus pais agiam como criança, literalmente. — Já ‘tá abusando da minha boa vontade. — cruza os braços.

— Ah, filha, mas você podia chamar, né? — minha mãe pergunta e eu coro. — Não precisa ficar com vergonha, bobinha! — aperta minhas bochechas e meu pai faz cosquinhas em mim.

— Deus me livre, imagina a vergonha que vocês fariam eu passar. — digo e eles cruzam os braços, erguendo as sobrancelhas. — E o filme? — tento mudar de assunto, pegando o controle que estava na mesinha em frente ao sofá.

— Fiquei chateada com o que a senhorita disse. — minha mãe diz, pegando o controle da minha mão. — Agora eu que escolho! — abre a Netflix.

— Aqueles seus documentários chatos não, pelo amor de Deus. — meu pai diz. Minha mãe sempre foi viciada em documentários, principalmente sobre doenças ou tudo que envolvesse medicina e ciências. — Coloca algum filme de ação, terror. 

— Assim eu não durmo de noite! — diz e eu rio. Conhecendo minha mãe como eu conheço, ela realmente não dormiria achando que de noite alguma alma vai me levar pra um mundo distante.

— É bom que..

— A menina ‘tá na sala, Heitor. — repreende meu pai, dando um tapa em seu braço e eu gargalho.

— E ela sabe do que eu 'tô falando? — pergunta, cruzando os braços e minha mãe faz cara de tédio pra ele.

— Tu que paga a escola e ainda quer que ela não estude ciências. — dá de ombros e eu rio.

— Não, mas eu não 'tava falando disso não, você que é poluída demais.

— Cala a boca, Heitor. — estala a língua.— ‘Vamo assistir esse aqui, oh. — aponta pra a tv, dando play em um de seus filmes clichês, seus preferidos depois de uma lista imensa de documentários.

Ficamos ouvindo meu pai reclamar sobre o filme e minha mãe mandar ele ir se foder por um bom tempo, depois permanecemos em silêncio, prestando atenção no filme, ou melhor, eu e minha mãe, porque meu pai continuava vidrado no celular, resolvendo os problemas da empresa, como sempre.

Eu não estranhei, porque ultimamente era assim, ou ele dormia, ou ele tava vidrado em qualquer coisa que não fosse a televisão.

— Heitor, se você não largar isso daí agora, eu juro que taco você e esse ‘troço pela janela! — minha mãe bufa. 

— Mas a Bruna ‘tá com problema ‘pra..

— O que a gente combinou antes de vir ‘pra cá? — interrompe meu pai. O que eles combinaram antes de vir pra cá?

— Mulher braba essa que eu arrumei, viu? — estende as mãos em rendimento. — Já guardei, amor. — põe o celular no bolso.

— Casou comigo porque quis, agora aguente. — diz e eu rio.

— Tua mãe é bravinha demais, né, Ana? — pergunta e eu assinto.

— Eu? — diz e arqueia as sobrancelhas. — Cala a boca os dois também, que agora o mocinho vai ir encontrar ela. — aponta pra a tv.

— Vocês são as mulheres da minha vida, sabiam? — meu pai diz, depois de um tempo em silêncio, abraçando nós duas. — Eu amo vocês.

— Também amo você, pai. — digo, com um sorriso no rosto e me aconchegando em seu abraço. 

— Amo vocês. — minha mãe diz, apertando mais o abraço. — Aí meu Deus, a menina vai morrer. — se solta do abraço, vidrada no filme e eu e meu pai rimos.

— Sempre é assim, mãe. — digo e ela pede silêncio, pra poder prestar atenção no filme.

— Aí meu Deus, era melhor ter ido de ônibus. — ela diz, preocupada. Minha mãe praticamente entrava na história, enquanto meu pai vivia chamando ela de louca por isso. — O menino também não sabe dirigir direito, parece até teu pai! — dá uma cotovelada nele, que estende as mãos em rendimento.

— Vocês tiraram o dia 'pra humilhar o homem da vida de vocês? — assentimos. — Não gostei. — faz biquinho, agarrando uma almofada e se virando pro lado contrário do nosso.

Eu tava com saudade disso. 

Mina do condomínio | Loud Thurzin. Onde histórias criam vida. Descubra agora