No meu celular havia um áudio de Alice, onde minha cabeça praticamente estava me obrigando a ouvir, por mais que eu soubesse que fosse sobre hoje mais cedo.
— 'Tá tudo bem? — Arthur pergunta, enquanto caminhávamos pelo condomínio, em direção a minha casa.
— Sim. — respondo e ele dá de ombros, ainda me olhando.
Reproduzo o áudio, onde ela perguntava o que eu e Arthur estávamos fazendo mais cedo. Apenas visualizo e não digito nada, eu precisava focar em fazer o mapa mental e não teria tempo pra discutir com Alice.
— Essa professora de Biologia é o demônio, meu Deus. — digo e ele ri, concordando.
— 'Cê não viu nada ainda. — diz, como sempre, me motivando cada vez mais.
E aqui estávamos eu e Arthur, em frente a minha casa. Eu nunca torci tanto pra que meus pais não estivessem em casa, principalmente meu pai.
No entanto, apenas abro a porta com a senha, já que a fechadura era digital.
— Helena? — pergunto, assim que entro na casa juntamente a Arthur. — Helena. — falo um pouco mais alto.
— Helena é a mulher que trabalha aqui? — pergunta e eu assinto. — Será que ela saiu? — ele pergunta, fechando a porta.
— Pai? — digo assim que vejo meu pai vindo do corredor, com uma cara de sono e coçando os olhos. — Meu Deus, o que o senhor 'tá fazendo aqui? — abraço ele.
—A Helena teve que socorrer o Lucas, aí eu e sua mãe resolvemos passar o dia aqui. — se solta do abraço e dá um sorriso, que logo é desfeito, assim que ele percebe a presença de Arthur na sala. — Quem é esse? — arqueia as sobrancelhas e eu rio.
— Esse aqui é o Arthur, um amigo meu lá da sala. — coloco a mão em seu braço, rodeando seus ombros. — E Thur, esse aqui é o meu pai, o Heitor.
— Opa. — diz e faz um "toca aqui" com meu pai.
— Cadê a mamãe? — pergunto, apontando pra ele, enquanto ele permanece com o olhar vidrado em Arthur, olhando ele dos pés a cabeça.
— Cecília, vem cá! — grita e minha mãe em seguida aparece, vindo do corredor. — Assim, não tem como separar um pouquinho? Tipo só um pouquinho. — aponta pra o meu braço e eu gargalho, tirando meu braço dali. Ele sempre teve esse jeito ciumento, ciúme de pai.
— Deixa a menina, Heitor! — minha mãe dá um tapa no braço dele. — Aí, meu Deus, não me diga que esse é o menino misterioso? — põe a mão na boca, surpresa.
— Menino misterioso? — meu pai e Arthur perguntam em uníssono e eu e minha mãe rimos.
— Invenção da Laís e da minha mãe, Thur. — digo e Arthur abre a boca, como se estivesse entendendo.
— Filha, até que esse daí é melhor do que o..
— Mãe! — repreendo ela, enquanto ela apenas ri.
— 'Tá, mas o que esse menino veio fazer aqui? — meu pai cruza os braços.
— Te ensinar a ter educação! — minha mãe responde ele e nós rimos.
— Ô, pai, dá um tempo. — digo e ele me fuzila com o olhar. — Trabalho.
— Desculpa por isso, Thur. — minha mãe diz, envergonhada. — Isso tudo é medo de fazerem com a filha dele a mesma coisa que ele fez com a filha dos outros. — meu pai estende as mãos em rendimento e nós gargalhamos.
— Mas não com catorze anos. — ele justifica e eu e Thur nos encaramos.
— Porque com catorze anos tu fazia pior! — minha mãe diz meu pai faz biquinho. Minha avó sempre contava as histórias da adolescência do meu pai pra a minha mãe, o que resultava em ela sempre zoar ele por coisas que ele já fez. — 'Vamo embora, vai, deixa eles fazerem o trabalho em paz. - rimos e meu pai aponta dois dedos pra os seus olhos e dois dedos pra o Thur, indicando que ele estava "de olho".
— Que vergonha. — digo, rindo.
— Que isso, cara, teus pais são 'mó gente boa. — ele diz e eu rio. — Oh, 'tá vendo, já até conheci teus pais. — mexe em seu cabelo.
— Arthur! — ele ri.
— Agora só falta tu conhecer os meus. — estende as mãos em rendimento.
— É bem raro ter momentos assim com eles. — murmuro, depois de um tempo calada, colocando minha bolsa no sofá. — Eles vivem de trabalho. — me sento no sofá.
— Você sente falta, né? — ele se senta do meu lado. — Eu me sinto assim também, ás vezes eu acho que meu trabalho me distancia da minha família, se eu não me organizar. — abaixa a cabeça, soltando um suspiro.
— Tudo parece diferente, eu sei como é. — digo, me aproximando dele e ele olha pra mim. — Talvez você só precise pôr as coisas em ordem. — abraço ele, escondendo meu rosto em seu pescoço, o que fez com que eu sentisse o cheiro de seu perfume, eu me senti segura. Nos separamos assim que escutamos alguém coçar a garganta.
— Pai, pelo amor! — digo, assim que vejo ele na nossa frente, com as mãos na cintura. Arthur apenas gargalha.
— E o trabalho? — o mais velho pergunta e eu ponho a mão na testa.
— A-a gente vai começar agora. — Arthur diz e eu concordo com a cabeça abrindo a bolsa. — 'Cê prefere fazer o de fotossíntese ou o de quimiossíntese?
— Prefiro fazer sobre Fotossíntese, estudei isso a vida inteira, parece que nunca acaba, meu Deus. — digo e ele ri. — Já pode ir viu, pai? — ele nega coma cabeça, cruzando os braços e saindo. Como diz minha mãe, ele que é a criança dessa casa.
— É melhor levar isso daqui 'pra a mesa. — digo, pegando meu estojo e ele assente, indo em direção a mesa com sua mochila. — Vou pegar umas folhas A4 no escritório do meu pai, pera aí. — faço o que eu havia dito.
— Como eu vou fazer um mapa mental sobre um assunto que eu nem lembro de ter dado na vida? — Arthur questiona, passando a mão pelo rosto.
-— Se vire. — digo e ele me encara, o que faz com que eu ria e negue com a cabeça, começando a desenhar uma folha no meu papel, já que eu falaria sobre Fotossíntese.
— Vai ficar muito lindo isso aí, viu? — ele diz e eu semicerro os olhos, fingindo estar brava.
— Desculpa aí, então, Van gogh da geração Z. — ele ri. — Se quiser desenhar 'pra mim. — estendo as mãos em rendimento.
Acabou que passamos umas duas horas só trabalhando nisso, ter ele comigo foi incrível, mas eu não poderia me apegar a aquilo, a Alice nunca me perdoaria.
Eu tinha em mente que caso Alice passasse a sentir algo por ele, eu iria me afastar, até porque ela me pediria isso, ou me ameaçaria, ela sempre foi do tipo possessiva.
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Mina do condomínio | Loud Thurzin.
Fiksi RemajaGraças a evolução da empresa de seus pais, Ana inicia uma vida nova, juntamente a sua melhor amiga, Alice. A vida dela, ou melhor, seus sentimentos, podem virar de cabeça pra baixo a partir de uma simples festa de "boas-vindas" para conhecer a galer...