Escola, campeonatos, gravações, lives, 4x4 apostado. Minha mente se resumia nisso nas últimas semanas, e eu não tinha tempo pra nada, nem ao menos pra conversar com meus amigos ou até mesmo sair.
Então hoje eu tinha resolvido que tiraria umas horinhas do meu precioso tempo, pra esquecer a vida de Loud Thurzin e focar na de Arthur Fernandes.
Marquei de pôr as fofocas em dia, com Laís e Guilherme, meus dois amigos mais próximos desde que me mudei de escola e casa. E aqui estávamos.
— Thur, 'cê ficou sabendo que vai ter uma festa? — Guilherme pergunta e eu desvio meu olhar que estava no celular, pra ele.
— Festa de quem? — arqueio as sobrancelhas, olhando pra Laís, que com certeza saberia do que tratava, porém ela permaneceu calada, vidrada em algo que via em seu celular.
— Ana e Alice, se eu não me engano. — Guilherme diz, dando um gole em sua lata de refrigerante.
— Quem são elas, dog? — pergunto, me esticando no banco.
— Novas moradoras aqui do condomínio, fi. — Laís diz, sem tirar seus olhos do celular e umidecendo os lábios.
— 'Tá desatualizado, viu? — completa sua fala e desvia sua atenção pra mim.
— Parece que é uma festa de boas-vindas, 'pra conhecer o povo, sei lá. — Guilherme diz.
— Que louco. — digo e eles riem.
— Também achei, mas 'cê sabe que o pai não perde uma festa. — Guilherme diz, batendo em seu peito e eu nego com a cabeça, soltando uma risada nasal. — Você vai, né? — pergunta e Laís aponta o dedo pra ele, confirmando com a cabeça, como se tivesse a mesma dúvida. Apenas mordo meu lábio inferior e olho pro chão.
— Deixa 'pra lá, Gui, 'cê sabe que como sempre, não vai dar. — a menina murmura e solta um suspiro. De fato, estava praticamente impossível me manter próximo deles, e na maioria das vezes que eles me chamavam pra algo eu recusava, porque meus horários nunca batiam.
— Quando é isso? — digo, colocando o celular no bolso e intercalando os olhares entre eles dois, que estavam na sentados na grama, olhando pra mim. — Tenho que ver se não tenho nada marcado, né.
— Amanhã de noite. — Laís diz e eu pego meu celular novamente, abrindo o WhatsApp nos grupos da Loud e procurando qualquer compromisso que eu teria, seja gravação, treino ou campeonato. — 'Cê sabe que se não puder ir, a gente entende. — ri fraco. Eu havia achado um campeonato, mas logo cogito a ideia de pedir pra que alguém me substituisse.
— Eu vou. — digo e eles arregalam os olhos, se encarando.
— S-sério, Thur? — Laís se levanta, com um sorriso no rosto, sentando do meu lado e eu assinto. — Acho que essas meninas já podem se sentir importantes, você não vai em festa de ninguém! — rio.
— 'Cês sabem quantos anos elas têm? — pergunto, por curiosidade e Guilherme dá um sorriso malicioso.
— 'Tá interessado, irmão? — diz e eu cruzo os braços.
— Sei lá, vai que elas são tudo de maior. - estendo as mãos em rendimento. — Vai ser 'chatão.
— Guilherme, pelo amor de Deus. — dá uma cotovelada na barriga do menino, que apenas acaricia o local, rindo. — Parece que elas têm nossa idade.
— Ah. — murmuro.
— Então te espero lá amanhã, 'pra ver qual das duas tu vai pegar. — Guilherme diz, se levantando e em seguida fazendo um "toca aqui" comigo, apenas nego com a cabeça com um sorriso sem mostrar os dentes.
— É mais fácil eu ver qual das duas tu vai pegar, fi. — dou ênfase no momento de me referir a ele, que apenas pisca de lado.
— Vocês dois são dois idiotas, credo. — Laís diz e revira os olhos.
— É do lado da casa da Laís, quero só ver se tu vai mesmo. — dá um tapa na minha nuca e sai.
— Eu vou indo, 'tá? Preciso treinar e abrir live depois. — falo, abraçando Laís e deixando um beijo em sua bochecha. — Até amanhã de noite. — rio fraco, me levantando.
— Thur. — ela diz, fazendo eu voltar minha atenção pra ela. — Você não acha que 'tá se sobrecarregando demais não?
— Como assim? — pergunto, me sentando no banco e olhando em seu olhos, esperando alguma resposta.
— Tipo, você não tem tempo nem 'pra si mesmo, tua rotina 'tá muito pesada, é impossível ter saúde mental assim. — ela diz e eu abaixo a cabeça, ultimamente eu realmente não tinha. — Eu só tenho medo que você acabe se perdendo, porque tudo que as pessoas depositam em você, você se cobra em dobro, e eu sei disso.
— Laís, eu..
— É por você, Thur. — me interrompe e eu engulo seco. — Pela sua saúde mental, vê tudo isso direitinho, se organiza.
— 'Serião, obrigado por se preocupar, mas eu 'tô bem, eu acho. — falo e ela suspira. — É sério.
— Eu sei que você é foda demais e consegue lidar com tudo, mas no fim você não tem tempo 'pra mais nada.
— Vai dar tudo certo, relaxa, é só época de camp.
— Tudo bem. — ela diz, abrindo seus braços pra um abraço, que logo é correspondido. — Se cuida, 'tá? — me deito em seu ombro e ela beija meus cabelos.
— Eu vou me cuidar, relaxa. — acaricio suas mãos. Essas conversas com ela vinham se tornando frequentes, e isso me preocupava.
— Até parece, Arthur. — dá um tapa fraco na minha nuca. Bipolar. — Vou conversar com a tia Valéria, viu?
— Ixi, que isso? — digo, tirando minha cabeça de seu ombro e olhando pra ela, que apenas ri. — Vocês duas quando se juntam, Deus me livre.
— 'Pra ver se tu acorda 'pra vida, idiota.
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Mina do condomínio | Loud Thurzin.
Fiksi RemajaGraças a evolução da empresa de seus pais, Ana inicia uma vida nova, juntamente a sua melhor amiga, Alice. A vida dela, ou melhor, seus sentimentos, podem virar de cabeça pra baixo a partir de uma simples festa de "boas-vindas" para conhecer a galer...