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Maju p.o.v

Acordo assustada ouvindo um barulho alto e um choro mais alto ainda, do Nicolas!

Levanto correndo e saio correndo do quarto descendo pra sala vendo ele no colo da Clara enquanto ela tentava o acalmar.

- o que aconteceu Clara? - pego o Nicolas que já se encolhe no meu colo e me abraça apertado.

- dona Maju, eu só fui trocar a fralda do Theo e quando cheguei ele estava em cima da mesa, se assustou quando o pedi pra descer e acabou caindo. - fala rápido e visivelmente com medo e preocupada.

- filho, olha pra mamãe. - chamo ele o fazendo me olhar.

O rostinho dele estava todo vermelho por causa do choro e tinha um galo na testa dele do lado esquerdo.

- vai passar amor. Você sabe que não pode subir nos móveis, por que subiu Nicolas? - sento no sofá o sentando na minha perna enquanto a Clara pegava uma bolsa de gelo e eu já coloco em cima para desinchar o galo.

- oi mamãe. - Theo fala vindo até mim e aí noto que ele estava no canto da sala brincando enquanto tudo acontecia.

- oi amorzinho, saudades bebê. - beijo ele o fazendo sorrir tímido e me mostrar o brinquedo dele. - que lindo!

- mamãe, tá dodoi. - Nicolas fala chamando a minha atenção todo manhoso e eu volto a colocar o gelo na testa dele o fazendo chorar.

- Clara, eles já comeram? - a olho.

- ia agora dar frutas e iogurte pra eles, posso? - assinto e ela chama o Theo que vai todo animado.

Fico mais alguns minutos cuidando do Nicolas que estava fazendo um drama que eu sabia de quem ele tinha puxado. Deixo um beijo na testa dele e vou com ele pra cozinha e o deixo na cadeira ao lado do Theo e pego o lanche dele que já estava separado e dou pra ele comer enquanto eu tomava uma xícara de capuccino enquanto olhava algumas coisas no meu telefone.

- mamãe, cadê papai? - Nicolas me pergunta enquanto pega o iogurte pra tomar.

- tá trabalhando filho, depois ele vem pra casa. - sorrio fraco o olhando e ele assente voltando a comer quietinho.

Sorrio para o Theo que me olhava concentrado e ele para pra sorrir pra mim, fazendo meu coração até acelerar de tanto que amo esse menino.

Depois de um tempo dispensei a Clara e eu mesma dei banho nos meninos e preparei as mamadeiras pra colocar eles pra dormirem.

Vejo cada um na própria caminha e eu deito com o Nicolas na dele, já que é grande. Coloco doutora brinquedos pra eles e diminuo a luz do quarto enquanto eles tomam a mamadeira assistindo o desenho.

Depois de mais ou menos uma hora vejo o Theo até babando na cama dele, todo torto e o cobertor dele enrolado na perna.

Levanto e o ajeito na cama fazendo ele resmungar algumas coisas ainda dormindo, pego a mamadeira vazia e deixo a naninha dele com ele, vou até o Nicolas e cubro ele direitinho vendo o galo dele ainda um pouco inchado, mas nada muito grave.

Depois de outro banho estava na sala com as luzes de casa apagadas assistindo 365 DNI na Netflix depois das meninas me indicarem.

Um pouco mais da metade do filme ouço o portão abrindo, oque me faz respirar fundo e me encolher no sofá me cobrindo mais com a coberta.

Ouço a fechadura da porta abrir e logo um suspiro alto e o perfume do Renato se faz presente enquanto ele deixa a chave no aparador ao lado da porta.

Ouço seus passos aproximarem e continuo quieta vendo o filme até notar que ele tava parado me olhando por cima do sofá.

- achei que tava dormindo aí. - nego sem tirar os olhos da televisão.

- eu demiti a Isabel, ela foi embora hoje mesmo e você tinha razão. Me perdoa? - fala vindo pra perto de mim e se agacha na minha frente me olhando.

- amanhã é outro dia Renato, vamos dormir ok? - falo o olhando brevemente e logo desvio o olhar o escutando bufar nervoso e passar a mão no cabelo.

- oque eu preciso fazer pra você me perdoar vida? Já fiz oque pediu, quer que eu me ajoelhe? Eu ajoelho, mas por favor não fica assim comigo, eu não tive culpa.

- eu não quero mais nada além de prestar atenção no filme agora. Se puder me deixar prestar atenção, ficarei grata. - falo e me sinto mal por ser grossa com ele, e ele tentando se redimir. Meu coração dói por ter falado assim, e dói mais ainda ver seus olhos marejados.

- Tá certo. Vou subir pra dormir. - assinto e o vejo subir devagar e logo some no corredor do quarto, até diria "nosso quarto" mas não me sinto bem nele mais. Talvez eu precise mudar isso, é algo que me incomoda e me deixa angustiada.

Acaba que eu sequer consegui prestar atenção no resto do filme e deixo por isso e vou para o quarto que eu estou dormindo. Não tranco a porta caso os meninos precisem de mim e acabo pegando no sono novamente depois de chorar um pouco, até mesmo de saudades do abraço. O meu abraço preferido no mundo que está no final do corredor, mas que meu orgulho não me permite ir até ele.

[•••]

- mamãe, por que você e o papai não dá beijinho? - Nicolas pergunta enquanto me vê trabalhar no meu escritório.

Já tinha passado uma semana da briga e eu e o Renato temos nos evitado dentro de casa e fazemos o possível para comparecer com os meninos, mas eles começaram a notar a falta de afeto entre eu e o pai deles.

- porque a mamãe tá muito ocupada pra dar beijinho no seu papai. - o olho por cima dos meus óculos.

- mas o papai disse que você tá brava com ele. - fala enquanto se balança na cadeira giratória.

- isso não é assunto pra criança. Você já fez seu dever de casa Nicolas? - mudo de assunto e ele assente.

- tia Clara me ajudou e a professora disse que eu sou muito esperto e que tô de parabéns mamãe, até ganhei uma estrelinha dourada.

- foi é? Que bom filho e oque aprendeu de novo na aula? - me encosto na cadeira, abaixando a tela do meu notebook.

- na aula de inglês eu aprendi o verbo to be, que é he, she, It e na aula de matemática eu aprendi a fazer oito mais oito, e eu acertei só eu e o Lukas que acertamos mamãe.

- parabéns filho, que orgulho de você! Meu menino inteligente. - dou a volta o pegando no colo e dando um cheiro nos seus cabelos recém lavados.

- Obrigado mamãe. Mamãe, você pode desculpar o papai? - para me olhando me fazendo suspirar pensando nisso.

- filho, isso não é assunto pra você, já disse! - o sento novamente na cadeira e volto pra minha.

- mas é que mamãe, eu vi o papai chorando escondido e o papai é muito forte. Mas eu ouvi o papai falando com o tio Thi que você é a força dele. Por isso você precisa dar beijinho nele, pra ele ficar forte de novo.

- filho, a mãe vai te explicar uma coisa simples. O homem quando chora, é normal mas as pessoas bobas falam que é feio homem chorar, não é feio não. Chorar não significa que está fraco, significa que ele é um homem muito evoluído para se permitir sentir tudo intensamente, prender o que você pensa e o que você sente pode te deixar muito mal e aí tem que tomar remédio no médico. Então filho, quando quiser chorar, pode chorar não significa que você não é homem. Por aí sim que você vai ser mais homem ainda tá bom? - falo com ele tentando simplificar e tirar um estereótipo que falaram com ele. Meu filho não vai ser daqueles machões que julgam outro homem por chorar, nem nada disso. Ao contrário disso não seria meu filho.

- tá bom mamãe. Então o papai é mais forte ainda depois de chorar? - assinto um pouco reticente.

- quase isso filho. - levanto a tela do computador voltando a prestar atenção no meu trabalho.

Nós dois - Renato Garcia ( parte dois de "tudo acontece por um motivo" )Onde histórias criam vida. Descubra agora