Nós dois - Renato Garcia ( parte dois de "tudo acontece por um motivo" )

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- Nicolas para de chutar bola dentro de casa, você vai quebrar alguma coisa e eu vou ficar brava com você! - Repreendo o Nicolas pela quarta vez.

Parece que ele e o Theo acordaram inspirados hoje e estão me atentando desde quando acordaram. Já derramaram suco na cozinha toda, teve parede rabiscada com giz de cera, chiclete no cabelo. A pouca paz que tive foi quando ele foi para a escola, mas mesmo assim o Theo continuou ligado no 220.

- mamãe, eu sou criança. Eu tenho que bincar pa ficar feliz tá bom? - fala todo sério me olhando.

Meu deus do céu, esse menino tá terrível!. Prendo o riso pela cara que ele faz e o Theo já fica em pé no sofá vendo oque o Nicolas fazia.

- É?. Então vai brincar de outra coisa antes que eu confisque a bola e aí sim que você vai ficar sem brincar com ela alguns dias.

- Maju, ele tá muito esperto, meu Deus. Imagina se o Pedro nasce assim? - Larissa que estava aqui em casa fala.

- vai que é de família. Tá ansiosa para ver o rostinho dele? Afinal, já tá com quarenta semanas né?

- sim, a obstetra disse que a qualquer hora ele vem. Tô com medo do parto.

- eu tive por cesária e pelo normal e te falo que o normal é mil vezes melhor. Dói pra cassete, mas a recuperação é mil vezes melhor. - mostro a minha marca da cesária que estava bem pequena.

- a médica disse que ele está encaixado e perfeito para vir no normal. Em falar nisso, como foi amamentar pela primeira vez? Doeu?

- olha, o Nicolas tinha a pega horrível, pegava o bico do meu peito e doía horrores, já o Theo não. Faz o possível pra ele não colocar só o bico do seu peito na boca, porque se colocar, você vai sofrer. - olho para o Theo que estava deitado no meu colo assistindo Pocoyo.

- ô Malia Júlia, pega meu robô pra mim? - Nicolas volta na sala me pedindo pelo robô que o Renan deu ele e até coloca a mão na cintura.

- pra você é mamãe. E eu não sei aonde está seu robô, senta aqui para assistir Pocoyo também vem. - o chamo para sentar do meu lado.

- não quero. Eu quero meu papai. - fala já cruzando os braços ficando emburrado.

- ele está trabalhando. O que tá acontecendo com você hoje hem? Tá com formiguinha no bumbum? - faço cócegas nele o fazendo rir.

- não mamãe, para. - afasta minhas mãos ainda rindo e corre de volta para o quarto de brinquedos deles.

- deixa eu ir lá pegar esse robô, ou ele vai derrubar aquele quarto todo. Espera aí rapidinho. - levanto com o Theo e o deixo no sofá.

Vou no quarto de brinquedos vendo o Nicolas se pendurando na mesa.

- Nicolas, desce daí menino. - o pego no colo deixando ele no chão.

Abro os armários e vejo o robô na parte de cima, me fazendo ter que pegar um banquinho para alcançar e aí entrego pra ele que senta todo feliz no tapete.

- Maju? Aí meu Deus corre aqui amiga. - ouço a voz da Larissa meio embargada me fazendo correr até a sala vendo ela com o Theo no colo e um monte de líquido no chão.

- foi sua bolsa? - pego o Theo que nem tava entendendo nada.

- eu acho que sim. Amiga, é hoje?

- é hoje amiga. Deixa eu ligar para o Gui. Eu te levo para a maternidade, mas antes, com calma vem tomar um banho, eu te empresto um dos vestidos que usei nas minhas gestações. - seguro sua mão visivelmente trêmula e falo para o Theo ir para o quarto de brinquedos e ele vai sem reclamar.