| Capítulo 20 |

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Eu estive tão acostumado a ganhar
Foi difícil para mim perder
{...}
Eu não preciso de uma mãozinha, preciso de algumas sugestões

SELF - KHALID

K A D E NPRATT

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K A D E N
PRATT

....*...

— porque não deita comigo ? – sua voz embriagada entrecorta o quarto silencioso, me obrigando a respirar fundo e não perder o resto da paciência que me sobrou depois de uma grande luta para fazê-la banhar.

— é quase seis da manhã e eu preciso voltar para casa, tenho escola daqui uma hora. – murmuro, certificando de que ela não vai tropeçar em nenhum móvel em seu trajeto até a cama.

— então eu vou com você. – diz, determinada. No entanto, quando para bruscamente sobre os pés, a ação parece ser rápida demais para o seu corpo embriagado responder com destreza, a fazendo cambalear. Me apresso em passar o braço por sua cintura e segura-la, impedindo que ganhe mais um hematoma.

— você não vai para lugar algum. – afasto as cobertas e tento deita-lá na cama, mas minha mãe não parece muito disposta a colaborar, se esforçando para fugir dos meus braços. – você precisa dormir. – me arrependo imediatamente do que digo, pois as palavras parecem funcionar como um gatilho para seus gritos, me obrigando a respirar fundo. — mãe!! – chamo, em uma tentativa de fazê-la parar de se debater em meus braços. – mãe! – chamo mais uma vez, tentando me lembrar, a cada reluta dela, que preciso ter paciência.

Me larga, eu não quero deitar na merda dessa cama – vocifera. Inspiro e a seguro com mais firmeza, tentando lembrar, a cada unha cravada em minha pele, de que não posso perder o controle.

...Você é como seu pai, um cretino desalmado...

Tento lembrar, a cada grito que reverbera pelo o quarto, de que é o álcool falando.

...Eu sei que você também quer ir embora. Então vai de uma vez...

Tento lembrar, a cada soco que distribui em meu peito, de que essa não é a minha mãe.

...Eu sei que você vai...

Tento lembrar, a cada palavra angustiada que vocifera, que isso vai passar. Tento lembrar... eu preciso lembrar que é passageiro. Preciso lembrar que isso é apenas consequência do luto e logo logo ela vai entender que precisa lutar contra o vício. Por Ryle. Por Hillary. Por si mesma... ou até mesmo por mim.

Eu não posso perder o controle. Sussurro uma vez, duas, quatro, sete... sussurro a cada movimento brusco de seu corpo. Sussurro a cada vez que ela tenta me afastar. Sussurro a cada lágrima que escorre por seu rosto. Sussurro a cada grito angustiado. Sussurro quando seus socos começam a perder a força. Sussurro quando suas unhas já não rasgam mais minha pele. Sussurro quando o silêncio volta a preencher, pouco a pouco, o quarto. Sussurro quando sua cabeça repousa em meu peito e seus soluços fazem algo dentro de mim quebrar um pouco mais.

𝑁𝐴 𝑆𝑂𝑀𝐵𝑅𝐴 𝐷𝐸 𝑈𝑀𝐴 𝐸𝑆𝑇𝑅𝐸𝐿𝐴Onde histórias criam vida. Descubra agora