| Capitulo 10 |

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K A D E N
PRATT

...*...

Odeio bagunça, mas é exatamente assim que meu apartamento está, uma zona. Eu poderia dizer que são apenas consequências dos últimos dias, que foram estressantes e mais agitados do que o normal. Não consegui nem mesmo ir para a escola, quem dirá arrumar a casa. No entanto, esse não é o real motivo pela qual minhas roupas estão espalhas pela sala ou das latinhas de cerveja estarem em cima dos móveis. Isso foi apenas resultado das últimas quatro horas.

Recolho as peças de roupa e as arremesso no cesto, junto com todas as outras que preciso levar para lavar.

— Kai, são duas horas da manhã. Preciso mesmo ir ? – a voz aguda da loira corta o silêncio da sala. Coloco o cesto de roupa suja encima do balcão, mais tarde cuido disso.

— Já falei para não me chamar assim. – murmuro pela milésima vez desde que ela chegou. Apelidos são íntimos demais e geralmente acompanhados de sentimentos. Então, tento evitar, porque essa é a última coisa que preciso no momento, mais alguém para me preocupar. – e sim, você precisa ir. Foi o combinado.

— Sexo e depois ir embora. Sei do combinado, só não achei que você fosse levar ele tão a sério. – resmunga, recolhendo sua bolsa de cima do sofá.

— isso já não é problema meu, Lisa. Você concordou não só uma, mas duas vezes com isso. – digo, mais ríspido do que deveria. Sempre pergunto duas vezes, para garantir que elas estão confortáveis com meus termos, e nunca parece ser o suficiente, porque sempre tem aquelas que ficam chateadas.

A garota de fios loiros para a caminho da porta e se vira ao me ouvir, fúria brilhando em seus olhos.

— Lisa ? – rosna, entredentes. – meu nome é Vanessa.

Franzo o cenho. Como não é Lisa? Eu estava tão convicto dessa vez. Faço menção de pedir desculpas, mas já é tarde demais, Li... Vanessa já está batendo a porta da frente.

Aí está o motivo por eu nunca repetir o sexo com ninguém além de Mônica, minha vizinha. Diferente das outras, ela não cria expectativas e nem me cobra por coisas bestas. Somos apenas duas pessoas desestressando, sem qualquer cobrança.

Passo a mão entre os cabelos úmidos, encarando os móveis que ainda estão fora de ordem e todas as latinhas de cerveja que os enfeitam. É, por mais que essa bagunça esteja me dando nos nervos, acho que vai ter que ficar para amanhã. Ou melhor, mais tarde. Pego o celular, que estava encima do balcão, e as chaves.

Do lado de fora, sou recebido por uma rajada de vento fria familiar, que envolve todo o meu corpo. As madrugadas de Winterford costumam ser frias e solitárias, com exceção dos universitários que encontro em uma rua ou outra, mas sempre estão embriagados demais para notar qualquer pessoa. Ou seja, no fim das contas, as ruas estão sempre vazias e em silêncio. Combinação perfeita para alguém como eu, que precisa manter o corpo em forma e mandar embora a tensão que nem mesmo o sexo é capaz de eliminar.

Antes os treinos com o time eram suficientes para aliviar qualquer estresse, mas isso acabou. Então, tive de encontrar outra forma. Sei que correr pela madrugada não é a melhor opção, mas desde que as insônias passaram a ser frequentes, decidi torná-las úteis. Agora faz parte da minha rotina correr cerca de três quilômetros e meio, até a casa da minha mãe, todas as madrugadas. Me mantenho em forma, alívio o resto da tensão do meu corpo e ainda verifico se ela está bem. Na verdade, eu não diria bem, mas que ainda está viva e não asfixiada com o próprio vômito.

𝑁𝐴 𝑆𝑂𝑀𝐵𝑅𝐴 𝐷𝐸 𝑈𝑀𝐴 𝐸𝑆𝑇𝑅𝐸𝐿𝐴Onde histórias criam vida. Descubra agora