| Capítulo 12 |

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K A D E N
PRATT

...*...

CINCO MESES ATRÁS

— padrinhos de casamento. – Ryle murmura pela oitava vez desde que sentou na espreguiçadeira ao lado da minha. Ele dá um gole na cerveja e olha para nada em específico, pensativo.

— ainda não acredito que ela vai casar. – digo, bebendo um pouco da minha cerveja.

Hillary fez um jantar, esse fim de semana, para anunciar seu noivado e nos convidar para estar ao seu lado no altar. Isso já faz dois dias e a minha ficha ainda não caiu. Saber que a garotinha da casa vai casar é algo surreal e assustador. David é um cara legal, mas... é difícil acreditar que alguém seja bom o suficiente para minha irmã. Ryle não está muito diferente. Fica nítido na sua cara o quanto está preocupado, mesmo depois de dizer para David que não aceitava devolução.

— eu não tenho um minuto de paz, graças a vocês, duas pestes que Deus enviou para tirar meu sossego. – a voz irritadiça da minha mãe ressoa pela casa junto com o som da porta da frente sendo fechada com brutalidade. Ryle e eu nos entreolhamos. – eu sabia que não deveria ter feito xixi na bebida daquele cara quando tinha quinze anos, agora Deus está me punindo da forma mais vergonhosa possível.

— o que você fez dessa vez ? – sussurro, ouvindo os passos de mamãe se aproximarem. Merda. Ela está muito brava. Reconheço pela intensidade das suas passadas, porque ela diz que sempre imagina nosso pescoço debaixo da sola do seu salto. Sei que isso a faz parecer uma grande desgraçada, mas talvez - só talvez- tenha bons motivos para imaginar tais atrocidades. Digamos que eu e Ryle não sejamos muito comportados.

Meu irmão me olha com incredulidade diante da acusação.

— porque você acha que fiz algo ?

— porque dessa vez não foi eu. – rebato. Não que eu lembre.

Mon dieu! eu só queria chegar aos sessenta anos sem ter um infarto, mas parece que essas pestes querem me ver a sete palmos debaixo da terra. – dramática. Ela sempre faz esse discurso sobre sermos os motivos de todos os seus cabelos brancos e bla bla bla. Já falei que é um charme. – Um parece uma chaminé de tanto que fuma, os pulmões já não devem servir nem como comida para crocodilo. Sem contar que vive fazendo merda por qualquer rabo de saia. O outro parece um tapete estampado de tanta tatuagem que tem e também não passa de um pervertido safado. Mon dieu! – droga, o francês é seu nível máximo de irritação. – eu sabia que deveria os ter levado para a igreja quando eram crianças, mas agora é tarde. São dois depravados sem vergonha que fariam o padre chorar diante das confissões.

— o que você fez, caralho ? – retruco, já sentindo o peso daquela sua bolsa desgraçada. Mamãe nunca foi de bater nos filhos, mas isso não inclui nos acertar com seja lá o que ela tiver na mão. Na maioria das vezes é uma bolsa que, por sinal, odeio do fundo da minha alma. Aqueles ferrinhos machucam. Sem contar que as punições que sua mente maquiavélica sugerem, são as piores possíveis.

Ou talvez nem tanto.

Ano passado Ryle saiu para abastecer o carro e apareceu dois dias depois a quase oitenta quilômetros daqui, em um hospital. Um cara quebrou seu nariz depois que chegou de viagem e o encontrou corrompendo sua linda filha no sofá da sala. Nem preciso dizer o quanto isso deixou nossa mãe furiosa, principalmente depois de quase o declarar desaparecido. A velha ameaçou furar todas as suas camisinhas, para que ele tivesse um filho igual a ele e fosse a beira de um surto igual ela, e por fim o puniu com o que Ryle denominou como visita ao inferno. Dois meses com Hillary e nosso pai. Digamos que o velho goste de manter os filhos em rédeas curtas, o que para Ryle é a mesma coisa que a cruz para o diabo.

𝑁𝐴 𝑆𝑂𝑀𝐵𝑅𝐴 𝐷𝐸 𝑈𝑀𝐴 𝐸𝑆𝑇𝑅𝐸𝐿𝐴Onde histórias criam vida. Descubra agora