| Capítulo 22.2 |

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ISABELA
BRADENTON

...*...

— Alissa, para onde diabos você tá me levando ? – exijo saber, pela milésima vez desde que ela vendou meus olhos e passou a me guiar para sei lá onde. Mas, assim como todas as outras vezes que perguntei, tudo o que ela faz é me empurrar para a frente, em um claro incentivo para que eu continue caminhando e cale a boca.

Resmungo alguns palavrões, impaciente com todo esse mistério, e dou alguns passos hesitantes. Eu amo minha amiga, mas não confio muito nela quando se trata de surpresas. O motivo ? A última vez que confiei, ela e Jimmy me prenderam em uma casa abandonada que nossos pais sempre pediam para manter distância. O resultado foi um pulso torcido, ocasionado pelos socos que distribui na porta que os dois endiabrados estavam segurando. Eu até poderia dizer que isso só aconteceu porque eram crianças desmiolada, mas não, os dois idiotas já tinham consciência que não era uma boa ideia, só não deixaram isso os impedir.

Ok, talvez eu tenha merecido. Digamos que Isa criança/pré-adolescente não era uma das pessoas mais quietas, pelo contrário, tinha uma mente maquiavélica e muito fértil quando o assunto era travessuras. Então, só talvez eu tenha merecido essa e todas as outras surpresinhas que os dois preparavam para mim. Como as minhocas que colocaram em meus tênis.

— já chegamos ? – pergunto, quando saímos do que suponho ser um elevador. Alissa, mais uma vez, não responde.

Choramingo e jogo a cabeça para trás, dramaticamente. Eu só queria ir para casa e comer todo o meu estoque de chocolate, mas agora vou ter que lidar com uma suposta surpresa. Não é como se eu não gostasse disso, pelo contrário, eu amo. No entanto, não lembro de nenhum motivo para ser surpreendida, o que só aumenta minha desconfiança pelo que me aguarda. Talvez seja meu aniversário e eu tenha esquecido ? Não, minha mãe nem preparou o café do aniversariante. Ela sempre faz isso.

— Nárnia, lá vou eu. – ironizo, impaciente com a demora para chegarmos sei lá onde. Tá, nem faz dois minutos que estamos caminhando, mas já quero me sentar.

Alissa me acerta com um pescotapa quando faço menção de protestar mais uma vez. Coço o lugar onde ela bateu e resmungo.

— só mais dois segundos, Isa. – retruca. Assim que minha amiga se cala, o som de uma porta sendo fechada chega até meus ouvidos. Não consigo identificar com precisão de onde o barulho veio, mas, se fosse chutar, diria que foi logo atrás de mim. – pronto!

— aleluia! Espero que tenha chegado em Nárnia justo no ano que o rei Pedro estava governando. – murmuro. Um riso familiar preenche o lugar, mas logo some ao som da repreensão de Alissa, que está atrás de mim. – Mike, seu traíra.

— eu vou cortar sua língua fora. – minha amiga resmunga, desamarrando o tecido que está cobrindo meus olhos. Ela ainda o segura em frente ao meu rosto quando diz: – preparada para mandar toda essa chatice embora ? – fala, dando espaço para uma animação quase que incontrolável, sendo refletida até mesmo em sua voz.

Uma luz vermelha acende imediatamente em minha cabeça, em um sinal de alerta mediante suas palavras.

— Alissa! Se você tirar essa venda e tiver vários gogoboys, juro que mato você. – digo, genuinamente receosa. Quando se trata da minha amiga, não duvido de nada.

— bom saber que você assimila o desestresse a vários gogoboys. – alfineta, me fazendo abrir a boca para protestar sua insinuação, mas não consigo conter a risada que escapa por minha garganta. – viram só ? Ela só tem uma cara de anjo, não se enganem. – diz, me fazendo franzir o cenho.

𝑁𝐴 𝑆𝑂𝑀𝐵𝑅𝐴 𝐷𝐸 𝑈𝑀𝐴 𝐸𝑆𝑇𝑅𝐸𝐿𝐴Onde histórias criam vida. Descubra agora