| Capítulo 17 |

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ISABELA
BRADENTON

...*...

Mike estava certo quando disse que tinha grandes chances de Nicole ficar no meu pé. Não é como se ela estivesse me perseguindo ou algo do tipo. No entanto, a forma como me olhou, quando nos encontramos em um dos corredores, foi horripilante. Por um segundo imaginei que um buraco fosse surgir bem no meio da minha cara, só pela intensidade do seu olhar.

Acho que Trevor sugou toda a simpatia e educação durante a formação deles, porque apesar de não o conhecer muito bem, o pouco que vi foi o suficiente para mostrar que a diferença entre ele e Nicole é gritante. Sem contar, que Mike e Alissa nunca o descreveram como uma "flor regada e criada pelo próprio satanás", igual fizeram com sua gêmea.

Arrumo a mochila em meus ombros e entro na sala de química, empurrada pela força do ódio. Sinceramente, acho que essa matéria foi criada por uma força inimiga que estava determinada a sugar toda a sanidade mental dos estudantes. Nem sei porque diabos ela está na minha grade curricular. Devo ter fumado algum baseado quando a escolhi no lugar de biologia. Na verdade, minha vontade era de não escolher nem uma e nem outra, mas o diretor disse que eram as únicas opções que eu tinha, caso não quisesse Física.

Percebo quando alguns pares de olhos se voltam para mim e uma líder de torcida sussurra algo no ouvido da amiga.

Ótimo, agora todas elas vão sussurrar diante da minha presença? Porque já deve ser a terceira, só hoje. Acho que não pode ser coincidência que isso só começou depois do meu pequeno incidente com a abelha rainha delas. Inferno.

Caminho por entre as bancadas, em direção a minha no canto direito da sala e quase não consigo conter um suspiro de alívio ao notar que Kaden já está ocupando o lugar ao lado do meu. Nem quero imaginar o quão torturante seria ter que lidar sozinha com esses olhares que ainda queimam minha pele a cada passo. Não é como se ele fosse fazer algo para mudar isso, mas o simples fato de ter alguém sentado ao meu lado já é o suficiente.

Os cabelos de Kaden estão úmidos, me fazendo acreditar que saiu do banho e veio direto para a escola. Alguns fios rebeldes caem sobre sua testa, a medida que tenta pegar algo no bolso da calça. Os movimentos, por mais que sejam despretensiosos, o deixam de alguma forma atraente. Na verdade, acho que ainda não teve nada que assisti Kaden fazer que o deixasse menos... bem, menos Kaden. O cara é bonito até coberto de graxa.

— anticoncepcional? – indago, quando estou perto o bastante para que me escute. A pergunta descontraída foi a primeira coisa que pensei para mascarar a pontada de preocupação que me atingiu quando Kaden tomou um analgésico e depois devolveu um recipiente, recheado desse medicamento, para o bolso da calça.

Ele bufa uma risada e me lança uma olhadela, tirando os cabelos que insistem em cobrir seus lindos olhos.

— um de nós dois tinha que se proteger depois de ontem. – alfineta, sua voz rouca e profunda carregada de sarcasmos. Rolo os olhos e acerto um soco em seu abdômen rígido quando ele se põe de pé para que eu possa passar para meu lugar. Não é muito forte, apenas o suficiente para um gemido sair estrangulado em meio a sua risada.

— cuidado com esses sonhos eróticos. – alerto, tendo que pender levemente a cabeça para trás para conseguir enxergar seus olhos, já que ele está perto demais, destacando a grande diferença de altura entre nós dois. Kaden abre um sorrisinho descarado e da de ombros, seus olhos ainda fixos nos meus. – não fale. – interrompo, quando ele faz menção de revidar meu comentário com outro malicioso.

𝑁𝐴 𝑆𝑂𝑀𝐵𝑅𝐴 𝐷𝐸 𝑈𝑀𝐴 𝐸𝑆𝑇𝑅𝐸𝐿𝐴Onde histórias criam vida. Descubra agora